No Brasil temos uma tradição de ensino de línguas pautada em modelos que remetem à metade do século XX, por bases teóricas como a de Skinner (1953), que colocam o aluno num papel passivo diante do processo de aprendizado e focam muito na repetição e memorização como determinantes do sucesso nesse processo.

Mesmo as metodologias mais modernas que tratam a língua adicional como “estrangeira” vêem a língua como objeto de estudo em si. Ou seja, o objetivo é dominar o conhecimento sobre a língua, e não necessariamente saber usá-la. Isso gerou no Brasil gerações que saíram da escola talvez sabendo alguma estrutura gramatical mas raramente capazes de efetivamente falarem uma língua adicional como o inglês.

Stephen Krashen, que em 1982 lançou seu livro sobre a aquisição de uma segunda língua, apresenta a dicotomia entre a “aquisição” - processo subconsciente, mais natural, que ocorre com a exposição do aprendiz à lingua - e “aprendizado” - a estruturação da língua em si, quando o aprendiz organizará e aperfeiçoará sua aquisição através de um conhecimento mais linguístico em si. Importante: para Krashen, a aquisição é fundamental para que possa ocorrer o desenvolvimento linguístico.

Seu estudo se tornou a base para as abordagens de educação bilíngue existentes até hoje. A educação bilíngue visa criar nos alunos competência linguística - a habilidade de efetivamente utilizar a língua para o que ela se propõe a ser: um meio de comunicação. Além disso, traz elementos emocionais, culturais e sociais extremamente relevantes e desprezados no ensino mais tradicional de “línguas estrangeiras”. A língua, na educação bilíngue, é veículo, é meio de comunicação, e não um fim em si. É aprendida num processo semelhante ao dos bebês ao aprenderem a primeira língua, como comenta a pesquisadora americana Elaine Gallagher neste artigo (https://blog.realvi.com/learning-english-be-a-baby-or-at-least-learn-like-one/?source=bett_blog).

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