O Governo Federal anunciou a criação de duas novas universidades federais: a Universidade Federal Indígena (Unind) e a Universidade Federal do Esporte (UFEsporte). Os projetos de lei foram assinados pelo presidente e enviados ao Congresso Nacional, marcando um passo histórico na expansão da educação superior pública e gratuita no país.

Com as duas novas instituições, o Brasil passará a contar com 71 universidades federais — uma das maiores redes de ensino superior público do mundo. Grupos técnicos interministeriais trabalharão ao longo de 2026 no detalhamento dos projetos, cuja previsão de início das atividades é 2027.

A Unind nasce com o propósito de ampliar o acesso de estudantes indígenas ao ensino superior e fortalecer a produção de conhecimento baseado em seus saberes, línguas, tradições e territorialidades.

A proposta prevê oferta inicial de dez cursos e expansão para até 48 graduações, atendendo cerca de 2,8 mil estudantes nos primeiros quatro anos. Os cursos serão voltados a áreas estratégicas para a autonomia e o desenvolvimento dos territórios indígenas, como gestão ambiental e territorial, políticas públicas, sustentabilidade socioambiental, promoção das línguas indígenas, saúde, direito, agroecologia, engenharias, tecnologias e formação de professores.

Ao destacar o caráter histórico da iniciativa, a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, afirmou que o lançamento “é o resultado concreto dos esforços de professores e professoras indígenas, que há décadas batalham por uma educação pública que leve em conta os saberes ancestrais e não exclua, mas complemente os saberes produzidos pelos não indígenas”.

UFEsporte

A UFEsporte, articulada pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Ministério do Esporte, será dedicada à formação acadêmica, científica e tecnológica de profissionais do setor esportivo, em alinhamento à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e à Lei Geral do Esporte.

A instituição vai integrar ensino superior, qualificação profissional e desenvolvimento do esporte em nível de excelência, respondendo às demandas históricas do setor e às projeções de crescimento da área no país. O anúncio ocorre um dia após Lula sancionar a lei que torna a Lei de Incentivo ao Esporte uma política pública permanente.

A nova universidade também incorpora diretrizes de inclusão e direitos humanos, com foco na equidade de gênero, estimulando modalidades femininas e enfrentando a misoginia no esporte, a equidade étnico-racial, ampliando oportunidades para pessoas negras e indígenas e o combate ao racismo no esporte, com formação crítica e atuação profissional qualificada.

Dados recentes reforçam a urgência dessa pauta. Segundo o Levantamento sobre Diversidade no Futebol Brasileiro de 2023, 41% das pessoas negras e 31% das indígenas relatam ter sido vítimas de racismo no exercício de suas funções. Estudos da Universidade de São Paulo (USP) mostram que, embora 57% dos jogadores da elite do futebol sejam pretos ou pardos, apenas 12,5% dos treinadores das Séries A e B em 2024 eram profissionais negros, evidenciando barreiras persistentes em posições de liderança.

O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou que a previsão inicial é que as primeiras sedes das duas universidades sejam em Brasília e ressaltou que as propostas reforçam o compromisso do governo em ampliar o acesso, reduzir desigualdades e formar profissionais aptos a atuar em áreas estratégicas para o desenvolvimento nacional.

Fontes: G1 e MEC.

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