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10 maneiras de incluir sem diminuir a potência de ensino

Doug Alvoroçado
10 maneiras de incluir sem diminuir a potência de ensino
Uma inclusão de fato dribla o “apenas cuidar”, deve acontecer sem sacrificar a qualidade e aproveitando a heterogeneidade da sala

Eu não sou muito a favor de listas. Algumas delas se anunciam como receitas de bolo que tem a pretensão de oferecer um antídoto que “sempre vai dar certo”. Isso não é real, na minha opinião. Mas nesse caso vou ter que me render a uma dessas. Pois o objetivo aqui não é trazer soluções enlatadas, mas iniciar conversas e apontar caminhos que podem resultar em uma experiência didática eficiente em seus processos.

O desafio de incluir já é mais que conhecido por todos. E quando usamos o termo “inclusão”, estamos falando de todos e todas. E para todos e todas. Pessoas público-alvo da educação especial, pessoas com síndromes e transtornos diversos, pessoas com dificuldades de aprendizagem, pessoas com lacunas em sua aprendizagem, pessoas atípicas, com diversidade de comunicação, refugiados e outros com questões de idioma, uma diversidade de características e condições. 

Incluir de fato é um desafio diário e conjunto, que começa em políticas públicas e reverbera nas ações da gestão, na sala de aula, nas famílias e nos demais espaços. A linha tênue entre incluir e apenas “receber e cuidar” também é algo que me surpreende em casa visita. Muitos têm a ideia de que garantir acesso, cuidado e permanência é incluir. Não! Inclusão se faz com práticas que agregam a todos e todas, colocando os discentes em seus percursos de aprendizagem. Ritmos diferentes, conteúdos adequados, práticas adaptadas… mas um só caminho.

Dando um exemplo ilustrativo imagine um caminho entre Rio de Janeiro e São Paulo. Alguns vão optar pela ponte aérea. Outros vão optar por uma confortável viagem em um ônibus leito a noite. Há quem escolha uma viagem de cadeira executiva mesmo. Outros vão preferir ir de trem até um certo lugar e continuar sua jornada com outros meios de transporte. Uns vão direto de carro. Outros, mesmo de carro, vão parando em pontos estratégicos para descansar, ou visitar lugares. Outros vão fazer uma peregrinação a pé. Mas todos poderão sair da cidade maravilhosa e ir dar uma volta no Ibirapuera, se essa for a vontade. O que não pode acontecer é que enquanto uns estão no caminho, outros não estão. O caminho (a educação, o ensino) é plural e pra todos e todas.

Mesmo assim vemos que quando pensamos em acessibilidade no currículo muitos pensam em “diminuir o currículo”, ou facilitar as atividades e práticas, restringindo tudo a desenho e brincadeira. Essa é mais uma prática que pode confundir os educadores. Adaptações e adequações são necessárias e bem-vindas. Mas não necessariamente isso se resume a “facilitar”. Alguns conteúdos devem e podem ser essencializados, mas o objetivo nunca é diminuir, mas complementar e suplementar com estratégias e recursos para atingir as habilidades necessárias para o aluno. Esse é o objetivo.

Alguns estão num ritmo acelerado, outros buscando seus sucessos, outros lutando para apreender… esse é um ritmo de sala de aula. Mas como o professor pode equilibrar essa sala de aula tão heterogênea? Aqui vai a lista que pode esclarecer essa questão.

1. Desperte Interesses

Esse é o passo primeiro. Importantíssimo. Mary Helen Bower nos ensinou que “a emoção é a cola da memória”. Quando os alunos estão interagindo com áreas de interesse, é mais provável que tenham sucesso e aprendam. Ofereça projetos que se aproximem de suas paixões.

2. O poder do grupo

Pequenos grupos enfatizam a aprendizagem colaborativa e a aprendizagem por pares. Ao cercá-los com outros alunos com ideias semelhantes, eles podem trocar ideias e motivar uns aos outros. Este espaço seguro desenvolverá ainda mais suas habilidades de cooperação, comunicação e escuta.

3. Conheça as áreas que seus alunos são fortes

É importante conhecer os pontos fortes de seus alunos. O que eles já conhecem e já sabem fazer é o ponto de origem para alcançar os objetivos planejados. Desafia essas habilidades, explore-as com novas funções. Isso fará com que eles não tenham medo de tentar.

4. Conecte-se ao mundo real

A escola não pode se desconectar da sociedade, então faça-os pensar em como podem aplicar seus conhecimentos ao mundo real. Tudo que aprendemos na escola tem conexão com a vida cotidiana e vamos usar. Ensine a escrever dando uma funcionalidade, como anotar um recado ou escrever um Twitter. Use a notícia do dia para falar de ciências e matemática. É importante manter seus alunos interessados no mundo exterior.

5. Estabeleça metas

Só metas estabelecidas podem ser atingidas. Crie metas alcançáveis, mensuráveis, relevantes e temporais. Não planeje metas de final de ano. O ideal é planejar a cada 2 semanas ou um mês. Uma meta não pode ser inalcançável.

6. Desafie os alunos

Não tem graça não ser desafiado. Todo mundo gosta de vencer. Mas embora desafiar os alunos seja muito importante, você não quer desencorajá-los. Eles não devem ser confrontados com tarefas que parecem impossíveis ou muito fora de alcance. Crie desafios alcançáveis e depois vá dificultando aos poucos, como um bom jogo.

7. A tecnologia é sua aliada

Especialmente no mundo moderno de hoje, a tecnologia é um catalisador para a aprendizagem na sala de aula. Com ela podemos ampliar o espectro de aprendizagem e fazer coisas que não seria possível fazer sem ela. Os professores podem usar programas como YouTube e outros apps e recursos para trazer mais engajamento e melhorias na aprendizagem.

8. Planeje a criatividade e a criação

Um bom planejamento sempre ajudou muito. Até quando ele não dá certo. Dentro de seus planos de aula, ofereça espaços que exijam que eles criem coisas, pode ser uma tinta com uma cor diferente, ou um novo tipo de lixeira. Peça para que transformem camisas antigas em bolsas ou façam lembrancinhas de sucata. Incentive-os a criar.

9. Avaliações diferentes

Avalie de maneira diversa. Não foque só em testes e provas. Avalie-os com portfólios, relatórios, vídeos. Use os resultados para constatar o crescimento e/ou replanejar o caminho.

10. Currículo essencializado

As salas de aula mais eficazes começam com o currículo certo. Priorize no currículo o que é importante agora para os alunos. Dê atenção aos objetivos mais imediatos. Não tem problema se o aluno ainda não conseguiu aprender as conjugações verbais em idioma estrangeiro se ele está indo bem no nosso idioma. Não tem problema se ele ainda não decorou as datas da aula de história. Se ele for um bom leitor e conseguir interpretar, isso vem com o tempo. Algumas habilidades precisam ser priorizadas.

Essas abordagens importantes não são benéficas apenas para alunos Incluídos. Esses dez métodos podem ser aplicados em qualquer sala de aula. Todos os alunos podem se inspirar nos planos de aula, trabalhar em pequenos grupos e usar a tecnologia nas tarefas diárias. Todo tipo de aluno ganha com os desafios em sala de aula.

A inclusão de alunos em sala de aula é importante porque é a lei, é o certo a fazer, é benéfico para todos os alunos e é o melhor para a sociedade. Personalizar o ensino, fornecer apoio adicional, criar um ambiente inclusivo e celebrar a diversidade são algumas estratégias. Seguindo assim consegue-se incluir alunos em sala de aula sem sacrificar a qualidade da experiência da aprendizagem.

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*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

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  • Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I)
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