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Aprendizagem da Inteligência Artificial sob a ótica de Jiddu Krishnamurti e a metodologia Inquiry-Based Learning (IBL)

por Francisco Tupy
Aprendizagem da Inteligência Artificial sob a ótica de Jiddu Krishnamurti e a metodologia Inquiry-Based Learning (IBL)
Foto: Freepik
Um caminho mediante a reflexão, a percepção e o diálogo para uma forma de ensinar o uso da Inteligência Artificial de forma efetiva e consciente

Ao explorarmos o ensino da Inteligência Artificial (IA) sob a perspectiva do pensador Jiddu Krishnamurti, através da metodologia Inquiry-Based Learning (IBL), podemos promover uma abordagem profunda e reflexiva ao conhecimento. Krishnamurti destacava o valor do autoconhecimento por meio do diálogo aberto e questionador, estimulando a percepção crítica e independente diante dos fenômenos cotidianos e tecnológicos.

Inquiry-Based Learning e o questionamento crítico

A metodologia IBL, fundamentada no questionamento ativo e na busca autônoma por respostas, encontra ressonância direta com os ensinamentos de Krishnamurti. Aplicada à IA, essa abordagem incentiva estudantes e professores a explorarem questões essenciais como: qual o papel da consciência humana em comparação à inteligência artificial? Como podemos garantir um uso ético e consciente das tecnologias emergentes?

O Inquiry-Based Learning, nesse sentido, aproxima-se também do pensamento computacional — ambos valorizam a formulação de perguntas, a decomposição de problemas complexos e a busca por soluções significativas. No entanto, ao ser guiado por uma perspectiva existencial e ética, como propõe Krishnamurti, o processo não se limita à lógica, mas se expande ao campo da percepção, da atenção e da presença.

Diálogos interativos e autopercepção

Essas temáticas, que despertam curiosidade científica, facilitam interações significativas entre alunos, educadores e especialistas da área. Ao promover diálogos baseados na investigação e autopercepção, a abordagem inspirada em Krishnamurti permite que as discussões sobre IA transcendam o mero aspecto técnico, chegando às questões éticas, sociais e existenciais que envolvem a tecnologia.

Colaboração e troca de conhecimentos

Inspiradas na abordagem de Krishnamurti, as práticas educativas que integram questionamento, escuta ativa e reflexão permitem ambientes colaborativos que transcendem o modelo tradicional. Ao invés de uma hierarquia de saberes, propõe-se a criação de redes horizontais de aprendizagem, onde professores, alunos, especialistas e tecnologias dialogam continuamente.

Nesse ecossistema, a Inteligência Artificial não substitui o humano, mas amplia as possibilidades de interação, análise e descoberta. Plataformas baseadas em IA podem ser usadas para mapear padrões de aprendizagem, personalizar trilhas investigativas e mediar conversas entre diferentes campos do saber. O essencial, porém, permanece: a troca que nasce do verdadeiro interesse em compreender e aprender junto.

O papel do professor e a autonomia do aluno

O professor, nesse processo, atua como um mediador do despertar da consciência crítica dos alunos, promovendo o desenvolvimento da autonomia intelectual e emocional. Mais do que ensinar respostas, ele cria condições para que cada estudante formule suas próprias perguntas e encontre seus próprios caminhos. Inspirado por Krishnamurti, o educador se torna um facilitador da liberdade de pensar, rompendo com modelos engessados e abrindo espaço para uma educação viva, experimental e transformadora.

Quem foi Jiddu Krishnamurti e seu impacto na educação e na tecnologia

Jiddu Krishnamurti (1895–1986) foi um filósofo, escritor e educador que dedicou sua vida à investigação da mente humana, da liberdade e da transformação interior. Ele rejeitou toda forma de autoridade espiritual ou ideológica, propondo que a verdade não pode ser seguida — ela deve ser descoberta por cada indivíduo, de forma livre, direta e sem intermediários.

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No campo da educação, Krishnamurti fundou escolas na Índia, Inglaterra e Estados Unidos com o propósito de cultivar a inteligência total do ser humano — emocional, racional e ética. Essas escolas enfatizam o silêncio interior, a observação sem julgamento e a investigação por meio do diálogo.

Sua influência alcançou pensadores e inovadores ao redor do mundo, dos quais podemos citar:

  • Steve Jobs, que reconhecia o valor do silêncio, da atenção plena e da intuição — princípios centrais nas escolas de Krishnamurti, que influenciaram seu pensamento sobre design e simplicidade.
     
  • José Pacheco, criador da Escola da Ponte, em Portugal, cuja proposta pedagógica centrada na autonomia do aluno, no diálogo e na quebra das estruturas escolares tradicionais está fortemente alinhada com a visão de Krishnamurti.
     
  • David Bohm, físico quântico que manteve diálogos profundos com Krishnamurti sobre a natureza do pensamento, da linguagem e da realidade.
     
  • Tristan Harris, ex-designer do Google e fundador do Center for Humane Technology, defensor da criação de tecnologias que respeitem a atenção humana e a saúde mental coletiva.

Em uma de suas últimas falas, Krishnamurti alertou:

“A tecnologia está avançando mais rapidamente do que a sabedoria humana. Estamos nos tornando mais eficientes, mas não mais sábios.”

Sua mensagem permanece atual: diante de uma era dominada pela inteligência artificial, algoritmos e dados, a única resposta verdadeiramente transformadora ainda é a consciência.

Nesse contexto, pensar a Inteligência Artificial perante o autoconhecimento é compreender que seu verdadeiro valor está em como a usamos para ampliar nossa percepção sobre nós mesmos e sobre o mundo. Afinal, como disse Krishnamurti, “a verdade é uma terra sem caminhos”.

Sobre o autor:


*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

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