Durante a 30ª edição da Bett Brasil, realizada de 28 de abril a 1º de maio, a Área de Educação Pública reuniu educadores, gestores, especialistas e representantes de diferentes esferas do poder público para discutir soluções concretas para os desafios enfrentados pela rede pública de ensino.

Com área de exposição e auditório exclusivo, o objetivo foi ampliar o debate sobre políticas educacionais, práticas inovadoras e caminhos para garantir equidade, qualidade e perspectivas reais de futuro para estudantes da escola pública.

Entre os destaques da programação, o painel “Como preparar os jovens da rede pública para os desafios e oportunidades do mercado de trabalho?” trouxe contribuições valiosas sobre a importância de políticas integradas, voltadas especialmente à juventude em situação de vulnerabilidade.

O secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Prefeitura de São Paulo, Armando Junior, chamou atenção para a urgência de escutar os jovens para construir programas que, de fato, dialoguem com seus interesses e realidades. Segundo ele, a capital paulista concentra cerca de 3 milhões de jovens entre 12 e 24 anos, muitos dos quais enfrentam dificuldades de acesso à qualificação e ao emprego formal.

Programas como Fundação Paulistana, Adesampa e CATe foram apresentados como iniciativas que unem formação e empregabilidade. Destaque também para o Bolsa Trabalho, que oferece auxílio financeiro para que os jovens possam se qualificar sem abrir mão dos estudos. Os cursos oferecidos vão de tecnologia a moda e marketing, disponíveis em formatos presencial e online.

Representando o governo estadual, o diretor pedagógico da Secretaria de Educação de São Paulo, Daniel Barros, evidenciou os avanços da educação técnica na rede estadual, impulsionados pela reforma do ensino médio. Atualmente, 142 mil estudantes estão matriculados nessa modalidade, que permite escolher entre nove itinerários formativos, incluindo cursos técnicos em parceria com instituições como Senai e Senac.

Barros destacou ainda que a prática pedagógica mais conectada ao mundo real tem contribuído para a melhora no desempenho nas disciplinas básicas, além de aumentar o índice de satisfação dos alunos, que subiu de 22% para 50%.

Já a secretária executiva pedagógica da cidade de São Paulo, Maria Sílvia Bacila, reforçou a importância de um currículo que dialogue com a vida dos estudantes. Segundo ela, práticas como letramento digital, cultura maker e projetos sustentáveis têm ganhado espaço na rede. Ela também ressaltou políticas afirmativas, como o currículo antirracista e os projetos voltados para jovens em situação de vulnerabilidade. Os CEUs e UniCEUs foram apontados como ferramentas essenciais de acesso à educação superior e à ampliação de horizontes para jovens das periferias.

Arena de Educação Pública trouxe discussões e reflexões sobre o ensino no país. Foto: Bett Brasil

O papel formativo do serviço público também foi abordado pela secretária municipal de Gestão, Marcela Arruda, que celebrou a ampliação do programa de estágios da Prefeitura de São Paulo — de 4 mil para 12 mil estagiários em apenas três anos. “É preciso confiar nos jovens e oferecer oportunidades para que eles experimentem e aprendam com a prática”, afirmou. Nessa mesma linha, o superintendente do CIEE, Rodrigo Dib, ressaltou que a cidade de São Paulo é hoje a maior ofertante de vagas de estágio no Brasil, e que essa conexão entre educação e trabalho é fundamental para promover autonomia e cidadania.

Outro tema de destaque na programação foi o Programa Parceiro da Escola, implementado no Paraná. O modelo, que busca aprimorar a gestão das escolas estaduais por meio de parcerias com a iniciativa privada, foi apresentado pelo diretor-geral da Secretaria de Educação do Paraná, João Luiz Giona Junior, pelo procurador do Estado Vinícius Klein e pelo diretor-geral da Tom Educação, César Cunha.

A proposta, já em funcionamento em 82 colégios de 34 municípios, transfere a gestão administrativa das unidades (como infraestrutura, limpeza e segurança) para empresas contratadas, liberando os gestores escolares para focar exclusivamente no pedagógico. Um levantamento do Instituto Paraná Pesquisas indica que a aprovação da iniciativa passa de 75% entre os pais e responsáveis — chegando a 92% em algumas escolas.

A Educação Parental também teve espaço de destaque na programação. A coordenadora da Comissão da Primeira Infância do STJ, Juliana Nogueira, e a médica pediatra Giulianna Felizola apresentaram o projeto “STJ nas Escolas: Círculo de Apoio à Educação”. A iniciativa tem como objetivo promover práticas respeitosas e não violentas de educação entre professores e famílias da rede pública.

Além do apoio a docentes, o projeto promove rodas de conversa com pais e responsáveis, incentivando um ambiente de escuta, empatia e respeito como base para o desenvolvimento saudável das crianças.

Com foco em soluções e trocas reais de experiência, a Área de Educação Pública reafirmou o compromisso da Bett Brasil com uma educação mais acessível, humana e conectada aos desafios do presente e às possibilidades do futuro.

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