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08 jul 2021

Aulas síncronas online nem sempre são a melhor opção

Autor convidado: Luciano Sathler
Aulas síncronas online nem sempre são a melhor opção


 

Em 2020, 99,3% das escolas brasileiras suspenderam suas atividades presenciais, numa média de 279 dias com as portas fechadas durante o ano letivo. *

Forçosamente, as reações à emergência sanitária popularizaram práticas e discussões presentes há décadas na comunidade científica da Educação a Distância (EAD). A escuta seletiva de alguns educadores e gestores, que antes recusavam-se a discutir temas relacionados à EAD, precisou ampliar seu alcance para tentar dar conta do imprevisto.

O ensino remoto tornou-se um eufemismo para EAD praticada sem planejamento, com pouca ou nenhuma capacitação prévia, falta de equipamentos, softwares, ambientes virtuais de aprendizagem e acesso precário à internet. Os improvisos heroicos dos que tentaram fazer frente ao distanciamento social tornaram-se uma faca de dois gumes. Por um lado, disseminou-se a convicção de que as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) devem ser incorporadas nas práticas didático-pedagógicas. Porém, os resultados díspares alcançados demonstraram que a capacidade de resposta variou muito entre o setor público e privado, bem como de um local para outro.

À medida que a sociedade percebe a necessidade urgente de retorno da atividades presenciais nas escolas há preocupação com a recuperação de aprendizagens que não foram desenvolvidas como era de se esperar numa situação de normalidade.

“A esperança é contar com a educação remota como um aliado de apoio às estratégias de ensino na alternativa híbrida, de ensino presencial combinado com ensino não presencial, preferencialmente mediado por tecnologia, que pode viabilizar a ampliação do tempo de estudo das crianças e jovens e a recuperação das aprendizagens. Há uma geração em risco de ter comprometido o seu desenvolvimento cognitivo e sócio emocional, mas este desafio precisa ser enfrentado e é possível superá-lo.” **

Nas escolas que optaram por manter a coincidência de aulas online síncronas com a mesma carga horária que praticam no presencial foi possível perceber reações como elevação do stress e pouca efetividade.  A manifestação silenciosa e indignada por parte dos estudantes se materializou com a crise da câmera fechada. Foi comum ouvir a reclamação: o que já era chato ficou pior.

Lembrei-me de um artigo*** bastante esclarecedor, ainda que introdutório, que trata das diferentes possibilidades das atividades síncronas e assíncronas, do qual extraio as informações que seguem.

As atividades assíncronas apoiam relações de ensino e aprendizagem mesmo quando os participantes não podem estar online ao mesmo tempo. São, portanto, componentes fundamentais para trabalhar a flexibilidade e a personalização na EAD.

Encontros síncronos mediados pelas TDIC têm o potencial de fortalecer o desenvolvimento de comunidades de aprendizagem. Uma experiência mais social, que permite a interação em tempo real e colabora para reduzir a sensação de isolamento.

É preciso entender quando, por que e como usar os diferentes tipos de componentes da EAD, especialmente as atividades síncronas e assíncronas. Mesmo nas escolas que escolheram e conseguiram igualar a carga horária em aulas síncronas por videoconferência é possível perceber perdas nas aprendizagens esperadas.  

Há três tipos de comunicação que são importantes para construir e sustentar comunidades de online aprendizagem – ver tabela 1.

Em primeiro lugar, a comunicação relacionada ao conteúdo do curso é essencial para o aprendizado. Os estudantes precisam ser capazes de fazer perguntas, compartilhar informações e ideias. Em segundo lugar, o suporte para o planejamento de tarefas é essencial, especialmente quando os alunos produzem algum tipo de produto, como uma tarefa, em colaboração com os colegas. Finalmente, as relações de apoio social são desejáveis ​​para a criação de uma atmosfera que promova a aprendizagem colaborativa.

 

Tabela 1. Três tipos de comunicação em comunidades online de aprendizagem

Tabela 1

 

A comunicação síncrona permite monitorar a reação do receptor a uma mensagem, fazendo com que o participante se sinta mais comprometido e motivado para lê-la. Ao se comunicar de forma assíncrona, porém, o estudante tem mais tempo para compreender a mensagem, pois o emissor não espera uma resposta imediata. Assim, as atividades síncronas aumentam a excitação e a motivação, enquanto o assíncrono potencializa a capacidade de processar informações.

Atividades síncronas levam a um tipo de participação mais estimulante, apropriada para trocas de informações menos complexas, incluindo o planejamento de tarefas e apoio social. O assíncrono deve focar em tarefas mais reflexivas, especialmente para discussões de questões complexas. 

A combinação de síncrono e assíncrono oferece várias maneiras de alunos e professores trocarem informações, colaborarem no trabalho e se conhecerem. A Tabela 2 resume quando, por que e como propor atividades assíncronas ou síncronas.

Tabela 2. Quando, por que e como usar atividades assíncronas ou síncronas

Tabela 3

 

Referências

* INEP. Resposta educacional à pandemia de Covid-19 no Brasil. Brasília, DF: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP, 2021.

** CNE. Diretrizes nacionais para o retorno às aulas presenciais e reorganização do calendário escolar: proposta de parecer e de projeto de resolução. Brasília, DF: Conselho Nacional de Educação – CNE, 2021.

*** HRASTINKI, Stefan. Asynchronous and synchronous e-learning. In Educause Quarterly, vol. 31, nº 4, Out. a Dez. 2008.

 

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