Burnout entre professores: resiliência é a palavra-chave para driblar obstáculo
Imagine uma lâmpada, cuja função é incandescer luz em um cômodo, queimada e sem cumprir sua principal função. Assim é um professor sem vigor para compartilhar conhecimento ou potencializar talentos na sala de aula. Assunto tão caro atualmente, a síndrome de Burnout refere-se à exaustão emocional e física e à exposição prolongada a uma situação de estresse excessivo, normalmente relacionada ao trabalho e às condições profissionais desgastantes.
Diferente do estresse em si – outra mazela com urgência de debate –, o Burnout acontece quando nos sentimos desconectados, nos vemos sem sentido em relação ao que estamos fazendo e não temos uma recompensa clara do nosso trabalho. Há uma sensação de abandono, uma perda notável de motivação, ideais e esperança. Os danos emocionais são em larga escala. Precisamos ter em conta que as instabilidades e as incertezas durante a pandemia, ainda longe do fim no horizonte de 2021, favoreceram o surgimento desse quadro, e os professores foram alguns dos profissionais mais afetados.
As causas são as mais diversas. No trabalho, a sensação de ter pouco ou nenhum controle sobre as atividades executadas, a falta de reconhecimento ou valorização, expectativas não-claras, desempenhar algo que não nos motiva ou um ambiente de alta pressão podem ser componentes nocivos. Na vida pessoal, algumas causas, como cargas excessivas de atribuições sem equilíbrio com lazer, distanciamento das relações de suporte e apoio, sono com baixa qualidade ou perfeccionismo em demasia, são apontadas como relacionadas a esse quadro.
Em geral, sempre comento que existem quatro caminhos positivos para evitar ou driblar esse obstáculo: pedir ajuda, afinal ninguém consegue ser forte o tempo todo; ressignificar como enxergamos nosso trabalho, por mais difícil que isso possa parecer; reavaliar prioridades, um exercício imprescindível de escolha; e por fim, cuidar de si, buscando sempre a paz de espírito.
A melhor maneira de evitar situações dessa natureza é dando a devida atenção à nossa saúde mental e construir o que chamamos de "resiliência emocional". Sempre que passamos por momentos de disrupção - seja uma pandemia global ou tragédias pessoais -, nosso bem-estar emocional é afetado. A atual crise sanitária global trouxe os dois fatores juntos ao mesmo tempo - isso pode nos deixar nos sentindo ansiosos e sem apoio. Podemos estar sofrendo com conflitos que nunca tivemos que enfrentar, com uma dose desproporcional de medo, nos deparando com falta de poder e controle.
A resiliência pode ser buscada por meio de algumas atividades cotidianas: praticar a aceitação pode ser um primeiro passo para lidar com quadros indesejados; buscar apoio dos outros também sempre funciona, por mais que o orgulho às vezes fale mais alto; investir em autocuidado é outro mecanismo de defesa e proteção com alta eficácia; e a busca por significado e propósito ainda podem te levar a um destino bem gratificante.
Enquanto não temos como evitar dor, adversidade ou eventos como a pandemia do novo coronavírus, há maneiras de passar por essas turbulências com mais tranquilidade. Resiliência é a habilidade de lidar com perdas, mudanças ou trauma, e cultivar essa habilidade emocional nos deixa preparado para enfrentar tristeza, stress e ansiedade que vem desses momentos difíceis. A recuperação pode ocorrer com mais naturalidade.
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