"Nem Tubaína, nem cloroquina; é distanciamento social." A sentença foi proferida pelo chefe de operações da Finland University na América Latina, Jarkko Wickström, durante o painel de abertura do segundo dia do Encontro Online da Bett Educar.
Ao lado da subdiretora-geral do ministério da Educação de Portugal, Maria João Horta, Wickström resumiu na frase a experiência local do setor educacional na pandemia. Enquanto Finlândia é referência, há anos, para a Educação, Portugal tornou-se referência no combate à pandemia do novo coronavírus.
A Finlândia figura entre os 15 países mais bem avaliados no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) desde quando foi inaugurado, em 2000. Já Portugal tem um presidente que é professor, de origem. Marcelo Rebelo de Sousa viralizou pelo menos duas vezes durante a pandemia -- de máscara, na fila de um mercado, e nesta semana, em uma vídeo-aula para alunos do ensino fundamental sobre cidadania.
Para se ter ideia do abismo que separa a realidade desses países da realidade do Brasil, até esta terça, 24 de junho, havia 40.104 casos confirmados e 1.543 óbitos por Covid-19 em Portugal. Na Finlândia, pouco mais de 7 mil casos confirmados e 327 mortes desde Em ambos, o retorno presencial às aulas aconteceu em maio, poucos antes do encerramento do ano letivo europeu.
A Educação teve lugar de destaque no plano de desconfinamento nos dois países. Distanciamento social, higiene e muita logística foram as principais medidas na retomada das atividades escolares presenciais. O retorno gradual aconteceu apenas quando os números de contágio se mostraram controlados, tanto no caso de Portugal quanto da Finlândia.
Maria João Horta disse que a reabertura em Portugal iniciou pelos mais velhos, do ensino secundário, faixa de 15 a 18 anos, e o pré-escolar, com crianças de 3 a 6 anos, logo após a Páscoa. "Todas as medidas de segurança foram tomadas, desde estratégia de entrada nas escolas, ocupação de salas por grupos pequenos, em rodízio, e muita preocupação com higiene, especialmente com os menores, do Jardim de Infância, que retornaram para permitir aos pais voltarem ao trabalho."
Jarkko Wickström, COO da Universidade da FinlândiaNa Finlândia, a Educação Infantil permaneceu funcionando mesmo durante o lockdown. Apenas o segundo ciclo entrou em homeschooling, e o ensino superior teve necessidade de se adaptar ao EAD (educação a distância). De acordo com Jarkko Wickström, esse foi o único desafio para os professores no país, já que a metodologia não é usada no ensino superior.
"Mesmo assim, a adaptação foi rápida e fácil pela familiarização com tecnologia tanto de professores quanto de alunos. O próximo ano letivo terá início no fim de agosto, com retorno normal às escolas, respeitando as regras de segurança já estabelecidas. As universidades vão decidir, ainda, o que fazer. Parece que aqui a pandemia já foi", disse o COO.
Portugal destaca o grande investimento que está sendo feito em transição digital. "A aquisição de equipamentos de computadores e tablets, principalmente para as famílias mais carentes permitirá uma eventual tutoria para alunos com dificuldades decorrentes desse período de afastamento", explicou Maria João.
Os dois representantes frisaram a importância da capacitação dos professores para continuarem a usar as plataformas, mesmo com as escolas reabertas. E também o trabalho de cooperação de professores, apoiados mais no processo de aprendizagem e não tanto em ferramentas tecnológicas, que foram usadas apenas como meio de acesso.
"Ninguém gostou desse afastamento. Os alunos sentiram falta de contato com os colegas, os pais não gostaram do papel de fazer turno duplo. O Brasil tem uma genética de otimismo; aqui, queremos que passe rápido para poder fazer o que sabemos fazer normalmente", comparou Jarkko Wickström.
O evento, realizado na tarde do dia 24 de junho, também contou com a participação do especialista em Psicologia da Educação, Leo Fraiman. O palestrante e criador da Metodologia OPEE, que falou sobre dicas práticas de acolhimento na volta às aulas. Fraiman, inclusive, compartilhou uma cartilha para ajudar os educadores, disponível para download.
O encerramento trouxe orientações para gestores, com o painel "BNDES e a educação: linhas de crédito para instituições de ensino". Conrado Leiras Matos, chefe do Departamento de Educação e Investimentos Sociais do BNDES, e Marcus Vinícius Macedo Alves, gerente no Departamento de Clientes e Relacionamento Institucional da instituição, explicaram como ter acesso às linhas de crédito e instrumentos financeiros diferenciados. Os produtos variam de acordo com o perfil da instituição de ensino, e podem ser solicitados inclusive para capital de giro.
"As linhas de crédito do BNDES foram reforçadas para oferecer auxílio aos empresários nessa crise sanitária, e estão abertas também a instiuções privadas de ensino", disse Conrado Matos, frisando que em muitos casos a análise para aprovação do crédito pode ser aprovada em questão de segundos.
Quem perdeu as apresentações dos dois dias do Novo Encontro Online da Bett Educar poderá assistir tudo, a partir desta sexta, dia 26 de junho, no canal do YouTube da Bett Educar.
Para mais informações sobre educação, continue ligado em nosso Blog!
Créditos: https://www.educador21.com.br/post/empatia-e-seguranca-sao-prioridades-na-volta-as-aulas