Diversidade Linguística no Brasil
O Brasil possui uma vasta diversidade linguística, no entanto, as variações do idioma formal, mesmo enriquecendo nossa língua, são alvo de preconceitos.
Esta diversidade condiz com a nossa pluralidade cultural, que se traduz na riqueza de costumes, tradições, crenças e diversos outros aspectos. A língua se constrói e se transforma com o passar do tempo. No Brasil, por exemplo, cada estado possui elementos culturais próprios e isso se reflete também na diversidade linguística.
As linguistas Mussalin e Bentes defendem que vários fatores são responsáveis pelas variantes linguísticas, como a idade do falante ou o ambiente que o falante costuma frequentar e passar mais tempo.
O professor e estudioso Marcos Bagno afirma que a língua se constitui como uma entidade social e que, justamente por ser social, é constantemente modificada.
Nordestinos, sulistas, nortistas, pessoas pertencentes a todas as regiões.... além do sotaque que também as caracteriza, utilizam palavras que fazem parte do seu dia a dia e constroem o seu ‘’modo de falar’’.
De acordo com Bagno, rejeitar e julgar o modo de falar de outra pessoa é um erro, pois isso significa rejeitá-la e também a toda a comunidade da qual ela faz parte.
Ao achar que uma variante linguística é melhor que outra, estamos segregando grupos culturais apenas por não dominarem um modo específico de se comunicar por meio da língua.
A escola, espaço de aprendizagem e conhecimento, deve estar atenta a todas estas questões, principalmente porque abriga diversas realidades culturais, sociais, econômicas. Banalizar o preconceito linguístico é contribuir para que a educação se deteriore. Achar graça de comentários perversos, menosprezar determinado modo de falar é extremamente prejudicial à educação. É imprescindível tornar a reflexão sobre a língua uma prática diária. Assim, podemos aprender uns com os outros, partindo do entendimento que para conhecer e valorizar a norma culta não é necessário, e tampouco permitido, hierarquizar a importância de determinadas culturas. Você já deve ter pensado sobre a norma culta. Mas já refletiu sobre ‘’ a norma oculta da língua’’? Já pensou sobre como a norma culta está diretamente ligada ao poder social que o indivíduo tem na sociedade na qual está inserido? Este é um tema sério e urgente para pensarmos uma educação baseada na equidade.
*Janine Rodrigues é educadora, escritora, fundadora da Piraporiando e uma das principais referências em educação para a diversidade no Brasil.
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