Ensinar crianças e jovens a lidar com o dinheiro deixou de ser apenas um tema complementar e vem se consolidando como uma necessidade dentro das escolas brasileiras. Em um país onde grande parte da população adulta enfrenta dificuldades para manter as contas em dia, falar de finanças desde cedo significa oferecer às próximas gerações a chance de construir uma relação mais saudável com o dinheiro.

Um exemplo é o trabalho da amazonense Malu Lira, de apenas 15 anos, que já escreveu 20 livros sobre o tema e criou o Programa Malu na Escola, levando uma metodologia estruturada e adaptada à realidade dos estudantes da educação básica. A proposta une histórias, atividades criativas e feiras de empreendedorismo para despertar o interesse das crianças e adolescentes pelo assunto.

“A gente sempre fala que crianças e jovens são o futuro do Brasil. Mas, se quisermos um futuro mais próspero, é preciso prepará-los desde o presente. A escola é a nossa segunda casa, é lá que aprendemos coisas que levamos para a vida inteira. E a educação financeira precisa estar nessa base. Não importa se a família fala ou não sobre dinheiro em casa, todo mundo vai precisar lidar com ele. Por isso, a importância de aprender desde cedo dentro da escola”, afirma Malu Lira, educadora financeira e CEO do Grupo Malu Finanças.

Um dos desafios das escolas é tornar a educação financeira acessível, prática e atrativa para os alunos. Malu defende que o segredo está em unir ludicidade, histórias e protagonismo.

“Acredito principalmente na ludicidade, brincadeiras, desafios e a contação de histórias. Dessa forma, a criança se coloca no lugar dos personagens e aprende lições sobre dinheiro de um jeito natural. No meu programa, trabalhamos com os meus livros, com atividades artísticas e, principalmente, com o protagonismo dos estudantes ao longo de todo o processo”, explica.

Essas estratégias mostram que o aprendizado pode ir além da teoria. Ao se ver representado em situações do cotidiano, o estudante passa a relacionar os conceitos financeiros à sua própria realidade e, assim, consegue aplicar o que aprendeu de forma prática.

O papel da família e dos educadores

Mais do que uma disciplina isolada, a educação financeira depende do envolvimento de diferentes atores. Para Malu, pais e professores são fundamentais na construção dessa base.

“Os pais são a primeira escola e a escola é a nossa segunda casa. Crianças sempre seguem exemplos da família e também dos professores. Por isso, é tão importante levar esse tema também para os adultos, que muitas vezes não tiveram essa instrução quando jovens. Agora eles podem fazer diferente e ensinar práticas melhores para a nova juventude”, ressalta.

Educação financeira como transformação social

Neste sentido, de capacitar educadores e aproximar famílias, o Ministério da Educação (MEC) também tem investido na pauta. Recentemente o MEC publicou a portaria que institui o programa ‘Na Ponta do Lápis’, voltado à educação financeira no ensino básico em todo o país.

O programa, que é de adesão voluntária por parte dos estados e municípios, prevê à formação de professores, apoio técnico e financeiro às redes de ensino e integração dos temas ao currículo escolar, respeitando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A iniciativa visa ajudar os estudantes a desenvolverem habilidades para lidar com o dinheiro de forma consciente, entender impostos, planejar o futuro e tomar decisões responsáveis no dia a dia.

O conteúdo desta matéria tem como base a participação da educadora financeira e CEO do Grupo Malu Finanças, Malu Finanças, na Jornada Bett Nordeste 2025.

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