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Ensino Superior: educação a distância e o acesso de jovens às universidades

Redação Bett Blog
Ensino Superior: educação a distância e o acesso de jovens às universidades
Acesso de jovens brasileiros às IES públicas e privadas dependem de mais políticas públicas e expansão do EAD traz reflexões sobre a efetividade da modalidade para cursos de licenciatura

A modalidade de ensino a distância (EaD) no Ensino Superior está longe de ser uma novidade. Porém, nos últimos anos, com a evolução da tecnologia e os impactos da pandemia de COVID-19, esse modelo de ensino ganhou muitos adeptos que ainda resistiam em iniciar os estudos em cursos de graduação no formato online.

A expansão do EAD foi refletida nos dados do Censo da Educação Superior 2021, divulgado no ano passado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Entre 2011 e 2021, o número de ingressantes em cursos superiores de graduação, na modalidade de educação a distância, aumentou 474%. No recorte de matrículas para cursos de licenciatura, das 1.648.328 matrículas desse tipo em 2021, 35,6% foram registradas em instituições públicas e 64,4%, em privadas. Sendo as matrículas em licenciaturas presenciais 39%, enquanto a modalidade a distância concentrava 61% do total. 

A direção atual da educação superior brasileira evidenciada por esses números do Censo demanda reflexões e a busca pelo aperfeiçoamento do modelo de ensino a distância. Nos cursos de licenciatura, a reputação deste EaD é alvo de algumas ressalvas, no que diz respeito à eficiência na formação inicial de docentes.

Para Romero Tori, professor associado da Escola Politécnica da USP, a qualidade da aprendizagem não está vinculada à mídia empregada, mas à metodologia e qualificação do corpo docente.

“É possível haver muita efetividade e qualidade em uma sala de aula convencional quanto em cursos ministrados no formato online, assim como podemos ter baixa qualidade nos dois contextos. Portanto, é possível formar plenamente professores em EaD, sem deixar nada a desejar em relação a cursos limitados ao espaço físico. Se houver necessidade de prática em espaços físicos – para a formação de professores para a educação infantil, por exemplo – essa será suprida por estágios, os quais, aliás, seriam igualmente necessários se a formação fosse em salas de aula convencionais, uma vez que esse tipo de prática não se aprende em sala de aula”, diz Tori.    

Celso Niskier, diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), destaca que o setor privado de ensino superior é responsável pela formação de mais de 70% dos novos professores brasileiros. “As instituições privadas de ensino superior têm investido intensamente em metodologias de aprendizagem e ensino para que todos os alunos – inclusive aqueles dos cursos de licenciatura – possam se graduar com alta qualidade de formação, independente da modalidade de ensino que escolhem cursar, seja presencial, seja a distância”.

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Neste sentido de investimento em tecnologias em geral para melhorar a experiência de alunos, João Mattar, professor do Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e diretor de Relações Internacionais na Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), salientou que as discussões sobre a efetividade de cursos a distância não são um produto da pandemia de COVID-19, que apenas provocou mais ainda esse debate. 

“Diversos estudos mostram que a aprendizagem com EaD não é pior e pode ser até melhor do que o presencial. Mas quando combinado com o blended learning (aprendizagem híbrida), os resultados são ainda melhores. O mesmo se pode dizer para a formação de novos professores”, diz Mattar, que ainda complementa: “O EaD pode contribuir para a formação de professores, assim como as formações presenciais e híbridas. Mas quando elas não utilizam tecnologias, essas formações estão prejudicadas, porque do professor serão exigidas competências digitais, assim como dos seus alunos, que também as cobrarão dos docentes”.

Em contraponto, George Stein, diretor fundador da Geostein Engenharia de Aprendizagem, opina que potencial perda de qualidade da modalidade EaD na formação de docentes é na homologia de processo. Ele explica que o modelo 100% EaD deixa de proporcionar para o futuro professor a experiência da sala de aula para que ele esteja na prática na posição de aprendiz, onde pode observar, sob uma ótica diferente, o exemplo de uma sala de aula que teve quando era criança. 

“A modalidade de EaD, que pode ser efetiva na formação de professores, é o formato híbrido, com um polo presencial. Assim, é possível realizar atividades prioritariamente focadas em práticas de sala de aula para que o novo professor possa ver e experimentar a dinâmica do ambiente físico”, ressalta Stein. 

Acesso ao ensino superior ainda é um desafio 

No Brasil, 35,9% da população de jovens brasileiros na faixa etária entre 18 e 24 anos não estão matriculados em instituições de ensino e não desempenham nenhuma atividade profissional. A chamada geração nem-nem do nosso país fica atrás apenas da África do Sul, onde 46,2% dos jovens estão na mesma situação. Os dados são do estudo Education at a Glance 2022, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A oportunidade de acesso e a manutenção dos jovens ao ensino superior, na rede pública e particular, são desafios que precisam ser enfrentados com mais políticas públicas e novas diretrizes para as instituições de ensino superior. 

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No ensino público, as políticas públicas, como o Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) e o ProUni são fundamentais para que os jovens possam ingressar em cursos de graduação superior. Romero Tori avalia que são essenciais o fortalecimento de programas de bolsas, crédito estudantil, auxílios de moradia, transporte e alimentação, além das políticas de inclusão e quotas, entre outras que evitem evasão e mantenham os estudantes nas universidades durante a formação. 

“O ideal é que todo aluno interessado, motivado e assíduo tenha condições de seguir seus estudos sem interrupções ou interferências causadas por questões socioeconômicas”, diz o professor. Ele também aponta que o EaD e o ensino híbrido são formatos que podem contribuir para ampliar o acesso à educação a todo e qualquer cidadão. 

Neste tópico dos programas governamentais, Celso Niskier ressalta que um dos pontos defendidos pelo setor privado de ensino superior é que o FIES seja reestruturado para que o pagamento do financiamento ocorra de maneira proporcional ao rendimento que o estudante obtiver após a graduação. 

“Outros aspectos também precisam ser revistos, como a reavaliação da lista de exigências aos interessados. O Prouni também precisa ser repensado, atendendo tanto às instituições de ensino superior quanto aos alunos com bolsas integrais em cursos que costumam não ser contemplados, como o de medicina. Além disso, é preciso que exista apoio aos estudantes para que se mantenham em sala de aula”, avalia Niskier. 

Ele também comenta sobre a reinvenção do ensino superior para atender os anseios dos estudantes e do mercado de trabalho. “As instituições de ensino superior privado têm adotado novas propostas de ensino/aprendizagem visando essa transformação. Tanto os professores precisam se reinventar quanto as práticas pedagógicas. Por outro lado, é necessário que existam novas diretrizes curriculares e uma nova regulamentação para que as IES tenham liberdade para criar e recriar esse novo modelo de Ensino Superior”, finaliza Niskier. 

 

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