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02 mai 2025

Fórum de Gestores debate saúde mental, hiperconectividade, gestão financeira e liderança na 30ª edição da Bett Brasil

Redação Bett Blog
Fórum de Gestores debate saúde mental, hiperconectividade, gestão financeira e liderança na 30ª edição da Bett Brasil
Reflexões sobre os desafios da gestão educacional marcaram o Fórum de Gestores. Foto: Bett Brasil.
Durante quatro dias, especialistas discutiram temas atuais e relevantes para gestores da educação básica das redes pública e privada

O Fórum de Gestores da 30ª edição da Bett Brasil reuniu especialistas de diversas áreas para discutir os principais desafios da gestão educacional na atualidade. O encontro direcionado para líderes e gestores de instituições públicas e privadas da educação básica contou com a presença de mais de 30 palestrantes nos quatro dias de evento.

A programação foi marcada por reflexões sobre o impacto do uso de celulares nas escolas, saúde mental de professores, sustentabilidade financeira das instituições e os caminhos da liderança em tempos de crise. O Fórum de Gestores contou com apoio da EAI Educa e isaac.

O impacto dos celulares e a era da hiperconectividade

No painel sobre o uso de celulares nas escolas, o jornalista e educador Alexandre Sayad e a juíza Vanessa Cavalieri discutiram os efeitos da hiperconectividade na vida escolar de crianças e adolescentes.

Para Sayad, é urgente estabelecer uma governança digital nas instituições de ensino, que envolva políticas claras e colaboração entre escolas, famílias e poder público. “Vivemos um mundo hiperconectado e rápido demais em informações, é preciso regulação, educação midiática e educação parental para circular com segurança nesse universo”, afirmou.

Ele defendeu que o celular pode ser uma ferramenta de aprendizagem, desde que existam regras claras e mediação pedagógica. “Temos estudos que mostram que o celular salvou a aprendizagem de muitos alunos em um país desigual como o nosso. É preciso pensar em uma rede multidimensional que integre currículos escolares, digitais e da cidade”, completou.

Sessão trouxe reflexões sobre os impactos e possibilidades do uso de dispositivos eletrônicos nas escolas. Foto: Bett Brasil.

Sessão trouxe reflexões sobre os impactos e possibilidades do uso de dispositivos eletrônicos nas escolas. Foto: Bett Brasil.

Já Vanessa Cavalieri alertou para os efeitos nocivos do uso excessivo de redes sociais, observando o aumento de casos de violência entre jovens e o agravamento da sensação de isolamento. “Há um crescente aumento da violência entre crianças e jovens, além das tensões e conflitos no ambiente escolar, e isso tem relação direta com o uso de celulares na escola. Estudos mostram que crianças têm sensação de solidão no ambiente escolar, não convivem umas com as outras, ficam sozinhas no intervalo olhando para uma tela”, disse.

A juíza fez um paralelo com a popularização do cigarro no passado, afirmando que os riscos da tecnologia só agora estão sendo compreendidos. “Quando os smartphones foram lançados, não vimos perigo. Hoje, sabemos que não temos controle algum sobre o que os jovens acessam na internet”. Cavalieri mencionou um dado alarmante: o índice de suicídio entre meninas de 12 a 14 anos aumentou 200% na última década, com forte associação às pressões impostas pelas redes sociais.

Ela defendeu que as escolas se tornem ambientes mais acolhedores e menos punitivos, fortalecendo os vínculos humanos. Também destacou a importância de legislações como o PL 4474/2024, em tramitação na Câmara dos Deputados, que propõe responsabilizar as plataformas digitais pelo conteúdo direcionado a crianças e adolescentes.

Liderança educacional em tempos de crise

Os desafios da gestão educacional diante de um cenário de mudanças aceleradas foram debatidos pelo presidente do Instituto Alfa e Beto, Mario Ghio, e a CEO do Grupo SEB, Thamila Zaher. O painel abordou a necessidade de inovação e união entre as instituições diante do que Ghio classificou como um processo de “vilanização” das escolas.

Segundo ele, há uma crescente judicialização das relações entre escolas e famílias, onde os pais recorrem à Justiça para impor decisões pedagógicas. “As escolas precisam se unir, mesmo sendo concorrentes. Temos que agir coletivamente para enfrentar ameaças como projetos de lei que querem transferir aos pais a definição da metodologia pedagógica”, alertou, citando como exemplo um debate de projeto de lei em Belo Horizonte sobre a proposta.

Fortalecer o vínculo entre família e escola foi o foco do debate entre especialistas. Foto: Bett Brasil.

Fortalecer o vínculo entre família e escola foi o foco do debate entre especialistas. Foto: Bett Brasil.

Thamila reforçou a importância de estabelecer contratos transparentes e canais de diálogo direto com as famílias. “É preciso esclarecer os termos desde o início e manter conversas individuais para evitar que pequenos desentendimentos ganhem proporções maiores nas redes sociais ou no Procon”, destacou. Ela também defendeu o fortalecimento do vínculo entre escola e comunidade, com acolhimento e diálogo, sem abrir mão dos princípios pedagógicos.

Matrículas, dados e gestão financeira estratégica

A sustentabilidade financeira das escolas, especialmente durante o período de matrículas, foi tema do painel com o sócio da Corus Consultores, Fernando Barão, e a diretora-geral do isaac, Paula Jorge. Os especialistas mostraram como uma gestão baseada em dados pode transformar esse momento crítico em oportunidade de crescimento.

Barão destacou a importância de reunir dados confiáveis e acessíveis para orientar as decisões. Entre os principais indicadores, apontou: ponto de equilíbrio por turma, ociosidade das salas, volume de visitas e conversão em matrículas, percentual de descontos e controle de rematrículas. “Essas informações permitem identificar gargalos e agir com precisão”, afirmou.

Especialistas debateram a sustentabilidade financeira das escolas. Foto: Bett Brasil.

Especialistas debateram a sustentabilidade financeira das escolas. Foto: Bett Brasil.

Paula complementou que a visibilidade diária desses dados é essencial para decisões estratégicas. “A taxa de matrícula, por exemplo, é uma fonte relevante de receita. Saber qual o melhor momento para iniciar o processo de matrículas pode impactar diretamente os resultados. A tecnologia é uma aliada importante para organizar e interpretar essas informações”, disse.

Saúde mental e clima escolar: um desafio coletivo

No painel “Cuidando de quem cuida: saúde mental e clima escolar”, a diretora pedagógica do Sistema Objetivo/UNIP, Marcia Carvalhinha, e a diretora pedagógica do EAI Educa, Vivian Dias, chamaram atenção para os altos índices de adoecimento emocional entre os profissionais da educação e defenderam que as instituições precisam assumir a responsabilidade de cuidar de quem está à frente das salas de aula.

Vivian afirmou que é necessário recuperar a compreensão do que é saúde mental e torná-la parte do cotidiano pedagógico. “Quando estamos emocionalmente bem, temos mais disposição para ensinar e aprender. A escuta ativa aos professores é um caminho essencial para isso”, explicou.

Saúde mental e bem-estar dos educadores foi um dos temas de destaque do Fórum de Gestores. Foto: Bett Brasil.

Saúde mental e bem-estar dos educadores foi um dos temas de destaque do Fórum de Gestores. Foto: Bett Brasil.

Dados recentes reforçam a urgência do tema: segundo pesquisa da Unifesp, um terço dos professores sofre de burnout. Outra pesquisa da Nova Escola mostrou que 72% deles relatam problemas de saúde mental no pós-pandemia. Além disso, 61,3% têm distúrbios do sono, segundo dados do Governo Federal.

Marcia destacou que os gestores precisam validar o sofrimento emocional dos educadores e oferecer espaços de escuta e acolhimento. “Se os professores estiverem adoecidos, isso impacta os alunos e toda a gestão. A sala de aula é um espaço privilegiado para percebermos sinais de fragilidade emocional — e precisamos também escutar as famílias para que todo o ecossistema escolar seja fortalecido”, afirmou.

Ela reforçou que é preciso aceitar a existência desta situação nas salas de aulas, nas famílias, com os professores e gestores, para que os profissionais possam receber apoio e desenvolver seus papéis da melhor forma possível.

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