Gestão de instituições de ensino superior busca soluções tecnológicas para sanar desafios de evasão e seleção
Além da crise de aprendizagem como consequência da pandemia da Covid-19 em virtude do grande período de educação remota, as instituições de ensino também precisam lidar com outros "efeitos colaterais" desse período. No que compete à gestão no Ensino Superior, o desafio também é superar os problemas de evasão, seleção e renovação de matrículas.
E, igualmente nesses casos, o uso de ferramentas e soluções tecnológicas tem se apresentado como o melhor caminho para obter resultados rápidos e eficazes.
A Fael (Faculdade Educacional da Lapa), que conta com mais de 80 mil alunos matriculados em todo o país, conseguiu diminuir o tráfego de atendimento telefônico em 50% com o assistente virtual Conecta Fael. A solução de análise preditiva baseada nas tecnologias de inteligência artificial (IA) da Microsoft também possibilitou um aumento no volume de matrículas da instituição, apontada como uma das faculdades TOP 10 em EaD (Educação a Distância) no país.
O time interno da Fael se perguntava sobre como otimizar o atendimento. A instituição já possuía uma central por meio de um número 0800, mas acabou se tornando insustentável aumentá-la no mesmo ritmo em que o número de alunos evoluía. Assim, em conjunto com a AI Networks, uma empresa especialista em inteligência artificial e parceira da Microsoft, a faculdade optou pela implementação de um assistente virtual, com foco no relacionamento pré-venda.
"Houve uma imersão muito grande da equipe da AI Networks e do nosso time
de TI para entender e levantar todas as possíveis perguntas que os nossos alunos faziam.
Quando tomamos a decisão de buscar uma solução de atendimento, nós queríamos, de fato,
uma estrutura em inteligência artificial para que pudéssemos dar 100% das respostas
e trabalhar com conexões mais complexas", disse Jefferson Silva, diretor de Marketing da Fael.
Com mais de 2 mil perguntas pré-respondidas, o Conecta Fael foi baseado na programação neurolinguística da Bella, um framework desenvolvido pela AI Networks 100% estruturado em Microsoft Azure, também utilizando ferramentas como o Microsoft Bot Framework, o Q&A Maker e o Language Understanding (Luis). A Fael deu vida ao seu assistente virtual a partir de uma adaptação da Bella, seguindo a identidade e o design proposto para o Conecta Fael.
Dentre os diversos benefícios gerados pela utilização do Conecta Fael com as ferramentas Microsoft, o que mais se destacou foi o desafogamento de atendimentos telefônicos, que caíram cerca de 50%. Também houve uma assistência na geração de leads, aumentando o seu número total, a qualificação e a conversão final. A integração ágil e inteligente das plataformas também permitiu que o bot fosse atualizado com as últimas informações e/ou ofertas da faculdade, além de treinar o machine learning para identificar palavras irregulares no chat, como gírias e abreviações.
ALÉM DO CONTEUDISMO
A Facamp (Faculdade de Campinas), por sua vez, apostou em um novo e inovador método de processo seletivo, que valoriza as competências cada vez mais exigidas no currículo do Novo Ensino Médio e nos processos de ingresso no mercado de trabalho. De acordo com o professor Rodrigo Sabbatini, diretor acadêmico da instituição, a Facamp passou a conciliar as competências mencionadas nas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) de uma maneira mais lógica e adequada à realidade dos alunos, desde o seu processo seletivo.
"Pensando mais à frente, quem for recrutar um economista para um grande banco ou um analista para uma multinacional, normalmente, apresentará uma situação desafiadora e, em seguida, pedirá uma solução. Dessa forma, é preciso formar indivíduos com pensamento generalista, que tenham ainda competências como criatividade, espírito crítico e colaborativo, e, claro, que estejam preparados para vencer os desafios impostos por um mercado de trabalho extremamente exigente e competitivo. Daremos prioridade a quem estiver nesse perfil, a fim de desenvolvê-los para além de uma prova conteudista", ressaltou Sabbatini.
O diretor ainda revelou que essas mudanças no seu processo seletivo já vinham sendo ensaiadas há dois anos e, diante das limitações da pandemia, implementaram uma inovação final, substituindo a última fase – que até então consistia no envio de um vídeo motivacional, seguindo os mesmos moldes de grandes instituições norte-americanas e europeias, ou uma carta de intenção – por uma entrevista. "Apesar de vivermos hoje a geração celular, 9 entre 10 candidatos mandaram uma carta de intenções no lugar do vídeo, porque se sentiam constrangidos de fazer o vídeo – o que foi uma surpresa", revelou Sabbatini.
O vestibular da Facamp, agora, se divide em três etapas: primeiro, a realização de uma análise de trajetória escolar, mediante análise dos boletins do Ensino Médio dos alunos; segundo, uma prova individual, na qual o candidato será avaliado de acordo com seus conhecimentos lógicos e de atualidades; e, por fim, uma entrevista realizada com dois professores para uma avaliação das aspirações e motivações do vestibulando.
"Desde que adotamos esse novo processo seletivo,
temos encontrado estudantes mais comprometidos e interessados.
Temos um modelo de ensino que valoriza o espírito crítico e a formação
completa do estudante. Nosso novo vestibular facilita a seleção dos
estudantes que estarão mais aptos a se engajar nessa formação multidisciplinar.
Queremos alunos que pensam e querem aprender, não os que decoram fórmulas", explicou Rodrigo Sabbatini.
Gostou do conteúdo? Compartilhe em suas redes