Gestão educacional durante e após a pandemia
Um estudo realizado pelo Instituto Unibanco sobre os impactos econômicos da pandemia do novo coronavírus no setor educacional brasileiro revelou que o conjunto das redes estaduais de ensino deve sofrer perdas entre R$ 9 e R$ 28 bilhões em 2020, dependendo do cenário da arrecadação de tributos vinculados à manutenção e desenvolvimento da Educação nos próximos meses.
Além dessa previsão, o documento frisa que as despesas educacionais continuam crescendo, em virtude dos novos investimentos para dar continuidade às atividades pedagógicas -- com aquisição de ferramentas para o ensino remoto e a formação de professores, por exemplo. O levantamento apontou que foram utilizados quase R$ 2 bilhões em gastos adicionais para as adaptações necessárias à oferta das variadas soluções de educação a distância no período.
Outro aspecto ressaltado pelo estudo é que a folha de pagamento com colaboradores ativos nos estados é de pelo menos 60% do total das despesas correntes, podendo chegar a mais de 80% em alguns casos, segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). São gastos fixos que terão de ser mantidos, pois são obrigatórios e/ou de difícil remanejamento.
O cenário não é diferente quando se trata da iniciativa privada. “Estamos vivendo uma crise sem precedentes. Pelo menos 20% das escolas que ministram apenas o ensino infantil, a maioria com menos de 500 alunos,podem fechar. Algumas já não retornarão na reabertura", disse o presidente do Sieeesp (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo), Benjamin Ribeiro da Silva. Dados recentes do sindicato revelam que o índice médio de inadimplência saltou de 6,37%em janeiro para 21,34% em maio. A maior média registrada no Estado de São Paulo, em 2019, foi de 8,41%.
O Sindicato das Entidades Mantenedoras de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp) que lançou, no início de julho, suas "Diretrizes para a retomada das atividades do Ensino Superior), também divulgou dados sobre inadimplência e evasão em sua 3ª Pesquisa Cenário Econômico das Instituições de Ensino Superior Privadas. Nos meses de abril e maio, 265 mil estudantes trancaram a matrícula ou abandonaram o curso superior em instituições particulares. Pelo levantamento, em maio, a taxa de evasão foide 14,3% principalmente nos cursos presenciais. Se comparada com mesmo mês do ano passado, houve um aumento de 32%.
Com relação à inadimplência, a mesma pesquisa indicou que em maio, a taxa de inadimplência no Ensino Superior privado em todo o país ficou em 23,9%, percentual 51,7% maior que o registrado no mesmo período de 2019. As mensalidades em atraso referentes aos cursos presenciais tiveram aumento ainda maior no período (55,1%), e as de cursos de ensino a distância (EAD) subiram 8,6%. Já uma pesquisa da Associação Brasileira de Mantenedores do Ensino Superior (ABMES) mostrou que houve um aumento de 75% na inadimplência entre abril e maio.
Legados da pandemia na Educação
Quando de uma hora para a outra as instituições de ensino,os professores e as famílias se viram obrigadas a responder com o máximo de agilidade à nova realidade que se impunha, as primeiras dificuldades enfrentadas foram de infraestrutura. Logo em seguida, vieram os desafios pedagógicos e os administrativo-financeiros – sendo que estes últimos ainda perdurarão no pós-pandemia -, com todos os ajustes que serão necessários para o retorno das atividades presenciais.
A Pearson do Brasil, que atende a 1.200 escolas de educação básica com soluções de tecnologia, até o fim de junho já tinha apoiado um total de 3 mil aulas assíncronas, sem qualquer custo adicional. Na opinião do VP de Produtos Educacionais para a América Latina da empresa, Juliano Costa, a aula online deu certo; a escola online, não. "O Brasil conseguiu fazer uma migração impressionante e, embora ainda seja um processo que está se ajustando e operando dentro do minimamente aceitável, é impossível não afirmar que, ao chegar a 1 milhão de aulas online produzidas, não tenha dado certo."
Costa também acredita que um dos maiores legados da pandemia na educação possa ser a possibilidade de treinamento e capacitação a distância para professores e gestores, que o distanciamento digital acabou expandindo. "Só na Pearson, fomos capazes de realizar mais de 230 webinares e atendimentos específicos de suporte pedagógicos escolares, e outra centena de capacitação para o ferramental necessário para manter a educação acontecendo. Mas a escola, com a sua função formativa, de sociabilidade, de ludicidade, essa não conseguiu ser traduzida para o meio online", ressaltou o executivo.
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