A educação sempre esteve associada à formação de indivíduos, mas, para além dos estudantes, as escolas também precisam cuidar de quem faz o processo acontecer: seus colaboradores. A gestão humanizada é um modelo que coloca pessoas no centro das estratégias

O diretor do Colégio Elite Setúbal, em Recife, Amaro França, e a gerente de Inovação da Universidade de Pernambuco, Patrycia Alves, defendem que fortalecer o sentimento de pertencimento, dar clareza de propósitos e equilibrar o bem-estar das equipes com a sustentabilidade financeira das escolas são os pilares de uma gestão mais humana e eficaz.

O sentimento de pertencimento não se constrói apenas com discursos, mas com práticas cotidianas que demonstram atenção e cuidado. Para França, conhecer as pessoas em sua individualidade já é um passo essencial.

“Saber quem é a pessoa, o nome, um pouco do seu contexto familiar vai criando identidade e pertencimento. Além disso, é fundamental cuidar dos espaços da escola, como a sala dos professores ou o ambiente de refeição. Também é preciso valorizar as conquistas, dar mérito e reconhecimento. Essas práticas humanizam, não têm custo propriamente, mas geram comprometimento e resultados em todos os sentidos”, afirma.

Amaro França durante sua palestra na Jornada Bett Nordeste. Foto: Bett Brasil

Para Patrycia o pertencimento está diretamente ligado ao engajamento. “Sentir que sou ouvida, enxergada pelas lideranças faz toda a diferença. Quando a escola me solicita soluções e de fato aplica minhas ideias, ou quando minha fala é levada em consideração, surge a conexão. E não se pode falar de pertencimento sem falar de clareza: a escola precisa deixar claro qual é a sua missão, sua razão de existir. É nessa conexão de valores que nascem fidelidade e engajamento genuínos”, reforça.

Cuidado com pessoas e impacto nos resultados

Um dos principais desafios das escolas é equilibrar a busca por resultados com o bem-estar de suas equipes. Amaro é enfático ao afirmar que esses dois aspectos não se opõem, mas se reforçam mutuamente.

“Tenho muita clareza de que a pessoa é o valor maior da instituição. Quando cuido de pessoas, também estou cuidando dos resultados. Quem é bem cuidado gera bons resultados. O absenteísmo cai, o comprometimento cresce. Cada dólar investido em gestão humanizada traz cinco de retorno. Não é custo, é investimento com impacto acadêmico e financeiro direto”, explica.

Patrycia traz outro ponto: a importância da profissionalização e da clareza de processos. Para ela, escolas precisam ser tratadas como empresas sustentáveis, com processos que funcionem independente de quem ocupa o cargo.

Patrycia Alves foi uma das palestrantes da Jornada Bett Nordeste. Foto: Bett Brasil.

“Buscar apoio profissional, entender posicionamento e público-alvo é fundamental. Uma escola nível A, por exemplo, terá mensalidades proporcionais ao valor que entrega, e isso deve estar alinhado ao time. Mas, no aspecto pessoal, tudo precisa fazer sentido para a equipe. Quando há clareza de propósito, regras de convívio e ambientes de escuta e colaboração, os profissionais permanecem engajados”, analisa.

O conteúdo desta matéria tem como base a participação do diretor do Colégio Elite Setúbal, em Recife, Amaro França, e da gerente de Inovação da Universidade de Pernambuco, Patrycia Alves, na Jornada Bett Nordeste 2025.

Compartilhe nas redes sociais: