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09 jun 2025

A IA paga pode ser pior que a gratuita? Manual de sobrevivência para quando a IA alucina

por Francisco Tupy
A IA paga pode ser pior que a gratuita? Manual de sobrevivência para quando a IA alucina
Foto: Freepik
Entenda como a complexidade da IA paga pode comprometer seu uso educacional e como converter tal questão em possibilidade de aprendizado

A promessa de inovação pode esconder riscos invisíveis. Educar para a IA e com a IA, antes de tudo, é educar para solucionar e otimizar as possibilidades da interação com esta tecnologia. Entenda como a complexidade da IA paga pode comprometer seu uso educacional e como converter tal questão em possibilidade de aprendizado.

Antes de tudo, o que significa “alucinação” em uma IA?

No contexto de inteligências artificiais, "alucinação" é o termo usado quando o modelo de linguagem gera informações falsas, inventa dados ou apresenta respostas sem nenhuma base factual. Diferente de um simples erro de digitação ou cálculo, a alucinação se caracteriza por parecer convincente — mas estar errada. Isso é especialmente preocupante em ambientes educacionais, jurídicos ou médicos, onde a precisão da informação é essencial.

Usuários que assinam serviços pagos de IA têm enfrentado uma situação inesperada: a versão gratuita, teoricamente mais limitada, parece operar com mais estabilidade e qualidade.

Buscando respostas mais confiáveis, muitos usuários optam pela assinatura dos planos pagos. No entanto, a experiência prática tem revelado o contrário: respostas menos coesas, maior ocorrência de erros e instabilidade nos resultados. Curiosamente, os sistemas gratuitos continuam oferecendo interações mais eficazes.

Quando questionados sobre isso, os próprios sistemas explicam que a versão paga, ao oferecer mais funcionalidades e modelos experimentais, tende a apresentar mais falhas — o conhecido fenômeno da sobrecarga de escolhas. Em termos simples, mais opções nem sempre significam melhor desempenho.

Esse paradoxo revela algo fundamental: a IA generativa ainda opera de forma altamente estocástica, ou seja, baseada em processos probabilísticos que nem sempre convergem para a melhor solução (desta maneira cria-se um ciclo de tentativa e erro sem garantias).

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Saiba como evitar esse erro

Mesmo prometendo melhorias, muitas versões pagas ativam funcionalidades experimentais que comprometem a estabilidade. O excesso de recursos e ajustes contextuais aumenta a chance de alucinações, sem garantias reais de qualidade — e o tempo perdido com falhas dificilmente será compensado.

Além disso, é importante reconhecer que essas falhas fazem parte do processo evolutivo da tecnologia. O objetivo deste texto não é criticar a IA em si, mas oferecer orientações para que educadores saibam utilizá-la de forma mais eficiente, consciente e pedagógica.

Fatores de decisão antes de assinar uma IA:

  • Teste intensamente a versão gratuita. Verifique se ela já atende suas necessidades;
  • Compare com outras plataformas. Nem sempre a mais popular é a melhor para você;
  • Evite pagar por promessas vagas. Leia relatos e avaliações antes;
  • Desconfie do "mais potente". Em IA, menos pode ser mais;
  • Use como ferramenta, não como oráculo. Verifique sempre o resultado.

O que NÃO fazer em prompts com erro:

  • Não repetir pedidos sem reformulação;
  • Não usar comandos vagos como "melhore isso";
  • Não elogiar o que está errado;
  • Não apelar para emoção com a IA;
  • Não manter contextos quebrados;
  • Não insista em continuar em uma conversa que saiu do padrão é mais fácil criar uma nova conversa com os dados obtidos até aquele ponto.

Dicas de prompts para evitar alucinações:

  • Use comandos claros e estruturados;
  • Evite pedidos vagos como "melhore o texto";
  • Especifique o que não deve ser feito;
  • Quebre tarefas complexas em etapas;
  • Forneça referências fixas e não alteráveis;
  • Peça revisão técnica antes de gerar saída;
  • Defina padrões claros de resposta;
  • Inclua a regra "Se não tiver certeza, diga".

Usar uma IA em sala de aula vai muito além de pedir que os alunos obtenham respostas rápidas. Trata-se de abrir a "caixa de Pandora" da tecnologia por meio do pensamento computacional: observar o processo, repetir tentativas, identificar padrões e, sobretudo, instrumentalizar cada etapa de forma crítica e operacional.

Esse trabalho processual é o que garante que o ser humano permaneça no controle da tecnologia. Se esse processo não for compreendido e mantido com consciência, a IA pode inverter os papéis — usando o comportamento humano como combustível para reforçar seus próprios ciclos estocásticos de erro. Isso não apenas compromete a aprendizagem, mas também pode gerar alucinações no usuário (ironicamente falando), prejudicando a experiência de quem mais deveria controlar o sistema: o próprio usuário.

Sobre o autor:


*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

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