Inclusão nas escolas: especialistas apontam desafios e caminhos para garantir a participação plena dos alunos
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Garantir que todos os estudantes não apenas ingressem na escola, mas também participem de forma plena e tenham suas potencialidades valorizadas, continua sendo um dos maiores desafios da educação brasileira. A superação desses obstáculos exige políticas públicas consistentes, investimento em formação docente e a construção de um olhar voltado para os direitos humanos dentro da sala de aula.
Para a especialista em Educação e Direitos Humanos, Josevanda Franco, o ponto de partida da inclusão deve ser a formação do professor. “O maior de todos os desafios é a formação. Hoje, as redes municipais acabam assumindo a obrigação de oferecer a formação inicial, que deveria ser responsabilidade da academia. Os currículos das universidades, especialmente nas licenciaturas e pedagogia, não estão adequados à realidade da escola”, observa.
Segundo ela, esse déficit faz com que a formação continuada, essencial para o desenvolvimento do professor, não cumpra seu papel integral, já que falta uma base inicial sólida.
Além da formação, Josevanda aponta que a ausência de materiais pedagógicos adaptados limita a prática da inclusão. “Infelizmente, já temos mais de dois milhões de crianças com demandas educacionais diferenciadas e sem o material adequado. Para o professor, é uma responsabilidade gigantesca adaptar conteúdos para diferentes alunos, muitas vezes sem nunca ter sido formado para isso”, analisa.
Josevanda Franco destaca a importância da formação do professor no processo de inclusão em sala de aula. Foto: Bett Brasil.
A especialista reforça que nenhum educador pode colocar em prática estratégias que não conhece. “Responder à questão de como fazer inclusão passa necessariamente pela formação. Esse tem sido um entrave gigantesco”.
Já a professora e chefe do Serviço de Projetos Escolares para os Direitos Humanos da Secretaria de Estado da Educação (SEED) de Sergipe, Adriane Damascena, destaca que a inclusão precisa ser compreendida como um reflexo da diversidade social. “Ela implica reconhecer que o público escolar é diverso. É preciso desenvolver políticas públicas que atendam a diferentes particularidades e valorizem a potencialidade dos estudantes que estão sendo incluídos”, defende.
Para Adriane, a convivência entre alunos com e sem deficiência representa uma das maiores riquezas do processo. “É um aprendizado mútuo, uma oportunidade extraordinária de aprender com o diferente. Essa troca beneficia tanto os estudantes da inclusão quanto os demais, além de fortalecer a rede como um todo.”
Adriane Damascena defendeu integrar a educação em direitos humanos para inclusão. Foto: Bett Brasil.
Questionada sobre como preparar professores para esse desafio, a gestora reforça que a formação docente não pode se restringir ao conteúdo normativo das disciplinas.
“Muitos professores pensam: ‘eu me formei em geografia, em física, mas o que sei sobre esse estudante que é tão diferente?’. É preciso construir uma formação baseada em habilidades e competências, que adote um currículo inclusivo e voltado para a diversidade”, explica Adriane.
Ela enfatiza a importância de integrar a educação em direitos humanos nesse processo. “O professor precisa compreender que valores são fundamentais. O respeito ao outro e a valorização da diferença são centrais para a educação inclusiva e impactam diretamente nos resultados que tanto buscamos, inclusive nos indicadores educacionais”, afirma.
As duas especialistas convergem ao apontar que a inclusão só se tornará realidade quando o sistema educacional assumir que diversidade não é exceção, mas regra.
O conteúdo desta matéria tem como base a participação da especialista em Educação e Direitos Humanos, Josevanda Franco, e da professora e chefe do Serviço de Projetos Escolares para os Direitos Humanos da Secretaria de Estado da Educação (SEED) de Sergipe, Adriane Damascena, na Jornada Bett Nordeste 2025.
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- Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I)