Muita saúde para a Educação brasileira
A educação básica brasileira vive eternamente em busca de soluções simples para o complexo problema que a envolve. O resultado é historicamente abaixo das expectativas frente ao investimento e à necessidade de educar uma nação com duzentos e três milhões de habitantes (IBGE/2022) distribuída em oito milhões de quilômetros quadrados.
Fazer educação de qualidade para poucos é um tema pacificado há muito tempo. A fórmula é conhecida: bons professores, turmas pequenas, infraestrutura escolar, alimentação, estímulos diversos dentro de um ambiente social organizado e seguro. Funciona muito bem para a parcela de estudantes que têm uma família que pode pagar por isso. A criança se desenvolverá com todas as ferramentas e recursos para ser o que sonhou quando terminar o ensino básico. E, assim, o Brasil continuará sendo uma nação extremamente desigual, onde os 1% mais ricos concentram 49,6% de toda riqueza do país (Global Wealth Report, 2021).
Neste cenário, o desafio fundamental que se impõe ao nosso país é como fazer educação de qualidade para muitos. Até agora falhamos como sociedade nesse aspecto.
Tal desafio tem que ser a grande agenda dos agentes de educação pública e privada. Não vemos caminhos se não trouxermos cada vez mais as startups de educação para o setor público. Elas têm a força empreendedora, da inovação, da pedagogia associada à tecnologia e a leveza que facilitarão a transformação evolutiva de um setor complexo como o da educação.
O setor público, que hoje é responsável por mais de 80% do alunado (Censo Escolar 2023) da educação básica brasileira tem que perder o medo e criar formas simplificadas de contratar startups. E startups têm que entender que só gerarão impacto social significativo se ajudarem a educação pública através de suas soluções, sempre a serviço dos professores que estão na sala de aula. Esse movimento de parceria começou a ganhar relevância durante a pandemia de COVID-19, mas precisa avançar como um projeto de Estado e não de governo.
Há três anos criamos a SQUARE, um ecossistema de investimentos em startups de educação, com duas premissas: a aprendizagem baseada em evidências e a interoperabilidade de uso e pedagógica. Com isso, soluções distintas chegam profundamente integradas na ponta.
Temos conseguido resultados relevantes com o que chamamos de “grupo de golfinhos”. Ou seja, em vez de a escola ou de a Secretaria de Educação ter poucas soluções monolíticas, elas escolhem, para problemas específicos, soluções de múltiplas startups que funcionam de forma integrada ao projeto pedagógico e de gestão escolar. Vale lembrar que os custos de inovação, pesquisa e desenvolvimento são mais altos e menos eficientes quando estão concentrados apenas em grandes agentes.
A medicina tratou esse problema “fatiando o boi” e criando, nos últimos cem anos, um ecossistema global (público e privado) de instrumentalização do médico composto por milhões de laboratórios que fazem exames simples ou complexos, novas drogas para antigas doenças, terapias de suporte, aparelhos de monitoramento que hoje estão nos pulsos das pessoas – e que até mostram as horas! Tudo isso resultou numa medicina na qual o médico tem acesso a poder “saber” mais do que “achar” sobre um paciente, permitindo agir de forma preventiva e conduzir o tratamento baseado em evidências.
Em contrapartida, os nossos professores ainda estão relegados a “achar” mais do que “saber” sobre os seus alunos, assim como as Secretarias de Educação sobre suas unidades escolares. Nossa educação tem poucos instrumentos de apoio se comparados aos da medicina.
Fazer com que a educação seja baseada em evidências, a partir de um forte diálogo com as startups de educação, é pré-requisito para garantir que o sonho de toda brasileirinha e de todo brasileirinho não morra, durante a caminhada de 12 anos da educação básica, por falta de soluções eficientes e integradas de aprendizagem e gestão.
Saúde, Brasil!
*Alex Pinheiro é empreendedor e cofundador do Ecossistema SQUARE.
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