Novo Ensino Médio e Saeb são pautas na Bett Brasil
O secretário de Educação do Estado de São Paulo, Renato Feder, esteve nesta quarta-feira (24) na 29ª edição da Bett Brasil, maior evento de Inovação e Tecnologia para Educação na América Latina, para uma ampla agenda de reuniões com gestores municipais e a participação no Congresso de Educação Básica.
No painel “Como Inovar na Educação na era da Transformação?, além de Feder, participaram o fundador e presidente da Associação Parceiros da Educação e da Casa do Saber, Jair Ribeiro, e a fundadora e conselheira do Instituto Península Ana Maria Diniz. Os três painelistas concordaram que a tecnologia não é a principal ferramenta no processo de inovação nos ambientes escolares, sendo necessário, antes de mais nada, criar interatividade em sala de aula, potencializando a colaboratividade entre professores e alunos, que serão os protagonistas do processo ensino-aprendizagem.
“A grande inovação é a escola ser significativa para o aluno”, afirmou Ana Maria Diniz. Já o secretário de Educação ressaltou que uma escola mais atrativa auxilia no aumento do interesse dos alunos, reduzindo o alto número de faltas e abandonos escolares.
“A frequência é muito importante e ela só é possível com qualidade, por meio de uma aula bem-preparada, com um bom material didático, com uma boa formação de professores, entre outros. Desta forma, os alunos ficam mais interessados pelo ambiente escolar, o que aumenta a assiduidade”, reforçou Feder.
A Bett Brasil foi também o local escolhido pela Secretaria de Educação do Estado de São Paulo para a realização de um encontro entre Feder e os prefeitos e secretários municipais do Estado. Na pauta principal da reunião foi a divulgação das notas e metas do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo).
Fluência na leitura para crianças
O secretário de Educação de São Paulo aproveitou o evento para anunciar uma nova etapa do Alfabetiza Juntos SP, programa para a alfabetização de crianças dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Trata-se da ampliação do teste de fluência leitora para os 3º, 4º e 5º anos e a implantação de uma ferramenta que permitirá aos professores acesso simultâneo ao resultado e um mapa do desenvolvimento de cada aluno e de sua sala de aula.
O "Fluencímetro" é uma das atividades da Elefante Letrado, ferramenta de leitura, que é expositora da Bett Brasil. "Com essa ação, a Educação de São Paulo está expandindo o olhar para o processo de alfabetização em todo o primeiro ciclo do Ensino Fundamental, mais um passo do Alfabetiza Juntos SP. Nós temos uma meta de alfabetizar 90% dos estudantes do 2º ano até 2026. Na avaliação de fluência leitora já em curso, os resultados apontam que estamos no caminho certo e já temos 64% de leitores iniciantes e fluentes. É preciso garantir a equidade e esse patamar também para estudantes matriculados nas outras turmas dos anos iniciais", declarou o secretário da Educação, Renato Feder.
Protagonismo do aluno é o caminho do Novo Ensino Médio
O secretário de Educação do Estado do Mato Grosso do Sul, Hélio Daher, e o professor paraense, Rafael Herdy, participaram da Bett Brasil para falar sobre o Novo Ensino Médio, em um painel mediado pela jornalista Karla Dunder, editora-assistente do UOL.
Sobre como transformar a realidade do impacto causado por este modelo educacional, que divide opiniões, o professor Herdy foi enfático ao dizer que o sistema tem erros e acertos, mas que o novo momento e os aprendizados adquiridos trazem uma oportunidade de reconstrução da metodologia.
“A proposta do Novo Ensino Médio é muito interessante, com a possibilidade dos itinerários formativos, mas tivemos problemas na implantação no Brasil inteiro. Os Estados e os docentes tiveram muita dificuldade para se adaptar e entender o conceito. Entretanto, estamos em novo momento. Já testamos, verificamos os problemas e temos uma nova chance para transformar o futuro das nossas crianças e jovens, por meio da flexibilização do novo ensino médio”, ressaltou.
Daher comentou que o ensino médio brasileiro vem sendo reformado e ao longo do tempo, historicamente, vem sendo revisto em uma ação necessária, já que há muitos alunos que abandonam as escolas por conta do desinteresse.
“Hoje, a juventude quer um ensino médio que converse com o universo que ela vive, principalmente, pelo ponto de vista da rapidez, pela da necessidade e pela comunicatividade que o estudante. Se não fizermos isso, falharemos como gestão e veremos muitos jovens abandonando as escolas, porque muitos deles acreditam que a escola não faz sentido e largam os estudos. Enquanto tivermos o abandono educacional que o Brasil tem, o ensino médio precisa ser refletido e repensado”, salienta o secretário.
E, para ele, independente de questões políticas, o Novo Ensino Médio possui erros e acertos, e a flexibilidade é um caminho sem volta. “Precisamos validar o que deu certo e tirar aquilo que está dando errado. Por exemplo, a ampliação da carga horária da formação geral básica e a flexibilização são essenciais. Mas, por outro lado, o Enem ainda não conversa com esta proposta e isso causa insegurança nos jovens e na própria família sobre como será o futuro”, acredita o secretário.
Além disso, Daher mencionou que a formação de professores é um assunto muito pertinente nesta conta, já que os educadores precisam lecionar por meio do itinerário informativo, muitas vezes, sem a formação específica, gerando insegurança nele também.
Contudo, parte do problema para a resolução de uma melhora na adaptação do ensino médio passa, também, pela própria gestão, como folha de pagamento dos professores, alimentação dentro das escolas, transporte público, entre outros.
“Há uma estrutura, que ninguém observa, mas que sustenta esta oferta de manter os alunos nas escolas. E ela precisa ser repensada e financiada para entregarmos, de fato, um ensino médio que faça sentido para eles”.
Por fim, o professor Rafael enfatizou que o novo modelo é muito positivo, porém, com a inclusão da flexibilização e maneiras inovadoras de lecionar.
“Os itinerários formativos dão uma ótima oportunidade para que as escolas e os professores possam pensar em metodologias ativas, inovadoras e atrativas para os alunos, o que também é possível fazer dentro da formação geral básica. Desta forma, desenvolvemos um protagonismo maior para os alunos, que serão mais atraídos pelas escolas e vão querer fazer parte dos ambientes escolares”, finaliza Rafael.
Novo Saeb
Sobre o futuro do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), debateram o diretor de Avaliação da Educação Básica do INEP, Rubens Campos de Lacerda Júnior, o secretário municipal de Educação de Recife, Fred Amâncio, o secretário adjunto de Educação do Estado do Pará, Júlio Meireles, e a Titular da Cátedra Instituto Ayrton Senna-IEA/USP e membro do Conselho Científico da Abave, Maria Helena Guimarães Castro.
Na conversa, os painelistas comentaram sobre as transformações ocorridas no modelo do Saeb ao longo dos anos desde a criação em 1990 e reforçaram a sua importância para subsidiar políticas públicas e educacionais, e oferecer evidências sobre o processo e a evolução da aprendizagem no país. “Testemunhei a evolução das redes de ensino utilizando os resultados do Saeb com um olhar assertivo sob o processo de aprendizagem. E tive a oportunidade de conhecer sistemas de avaliação em larga escala de diferentes países e o Saeb é, sem dúvidas, um dos melhores do mundo”, afirmou o secretário municipal de Educação de Recife.
Em relação ao futuro do Saeb, Maria Helena, que foi presidente do INEP entre os anos de 1995 e 2002, pontuou a necessidade da atualização do sistema para além do modelo atual de avaliação cognitiva da aprendizagem só em língua portuguesa e matemática. Ela citou o aperfeiçoamento do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) como exemplo a ser seguido pelo Saeb. “O Pisa, por exemplo, incluiu no questionário a avaliação sobre competências socioemocionais, o que é muito válido no mundo atual. Temos o desafio de modernizar o Saeb, que é muito bom, mas precisa melhorar”, destacou.
Neste sentido, o diretor de Avaliação da Educação Básica do INEP, afirmou que entre as ações planejadas para a atualização do Saeb, estão novas matrizes de referência para ensino fundamental e médio e a reavaliação no desenvolvimento dos questionários contextuais.
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