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05 mai 2020

O que esperar do futuro da gestão educacional para o pós-pandemia

Redação Bett - Texto veículado na revista Sieeesp
O que esperar do futuro da gestão educacional para o pós-pandemia


 

Crises, por piores que sejam, acabam mostrando um lado positivo ao estimularem a adoção de novas abordagens para a resolução de problemas. No caso da educação, o isolamento social que deixou as instituições de ensino em todo o mundo sem aulas presenciais como prevenção à disseminação do novo coronavírus, a aprendizagem mediada por tecnologia e as soluções de ensino remoto foram possibilidades que se mostraram assertivas para enfrentar as demandas emergenciais.

"Vamos aproveitar para aprendermos como a tecnologia pode aproximar, desenvolver habilidades do século XXI e potencializar novas aprendizagens de crianças e jovens. Neste momento, habilidades como empatia, solidariedade, cooperação estão na pauta. Por que não aproveitarmos para desenvolvê-las e construirmos relações mais saudáveis e humanitárias?", sugere Maria Alice Carraturi, diretora de conteúdo da Bett Educar.

"O ensino remoto foi a solução que apresentou aspectos metodológicos que puderam ser incorporados pelas instituições tradicionalmente presenciais e, assim, viabilizar a continuidade das atividades acadêmicas", reconheceu Rogério Teixeira, diretor do Grupo de Estudo de Educação a Distância do Centro Paula Souza (GEEaD/Cetec). Para isso acontecer, no entanto, foi necessário adotar uma atitude empreendedora por parte da gestão educacional. O que possibilitou a muitas instituições considerar a situação presente e projetar cenários sobre os benefícios e perdas dessa tomada de decisão.

"Na Escola Concept, a equipe em que vínhamos constantemente investindo foi a que, em 48 horas, deu vida à escola virtual, com 100% da comunidade escolar conectada, de forma efetiva, à nossa plataforma de aprendizado online. Essa mesma equipe estava disponível aos pais e estudantes durante horas intermináveis do dia e da noite, apoiando a transição do físico para o virtual, respondendo a perguntas, ouvindo preocupações, ensinando as famílias sobre as ferramentas e obtendo feedback para a próxima fase de implementação", disse Priscila Torres, diretora-geral da Escola Concept.

Saiba o que sete grandes gestores brasileiros pensam sobre o futuro da educação

Alguns países como a Áustria e Dinamarca já estão reabrindo escolas. A França, enquanto era fechada esta edição, já começava a se preparar para retomar as atividades escolares presenciais progressivamente. Mas a perspectiva de escolas reabrirem suas portas tão cedo está diminuindo em muitos outros tantos países. Ouvimos especialistas do setor educacional brasileiro sobre o maior aprendizado nesta experiência de gestão de crise. Saiba o que os gestores apontam como maior aprendizado, e o que vislumbram para o futuro da educação no pós-pandemia.

"Nesse período de pandemia, ficou evidente a importância da socialização e como a escola tem um papel muito importante para proporcionar essa oportunidade aos estudantes. Nossas pesquisas de feedback apontam essa observação com muita clareza tanto da parte dos pais quanto dos educadores. Vários dos nossos alunos pedem aos pais para ao menos passarem em frente à escola de carro ou a pé para que possam ver o espaço físico e se sentirem ainda pertencentes ao nosso campus físico. Para o futuro, entendemos que a 'Digital Fluency', que sempre foi presente para a Escola Concept, chegou para ficar e que os estudantes terão de aprender o que a OCDE define como competências transformadoras, necessárias para navegar o presente e obter sucesso em suas futuras carreiras. Também prevemos que o modelo híbrido de educação, com momentos de aprendizado online e presencial, se tornará parte de nossas realidades à medida que necessidades surgirem devido a novas pandemias ou devido à otimização de tempo, espaço e por outros motivos."

Priscila Torres, diretora-geral da Escola Concept

"Nossa equipe valorizou demais o fato de estarem preparados tecnologicamente para enfrentar este momento inesperado. Houve, inclusive, um relato de uma professora, agradecendo o incentivo da instituição por ter ido à Bett Educar no ano passado e ter visitado a sala do futuro montada no estande da Microsoft, na feira. Também vital, durante a pandemia, é a constante colaboração e coesão de toda a equipe, que se preparou para essa transformação necessária em questão de dias. O maior desafio, num futuro bem próximo, na retomada das atividades presenciais, será o de conciliar e equilibrar o ensino-aprendizagem de parte da turma cujos pais já estejam seguros de enviar os filhos para a escola e a parte cujos pais que preferem manter o afastamento num primeiro momento. Nossa missão será encontrar o ponto de equilíbrio para fazer a educação acontecer nesse cenário."

Silvia Scuracchio, diretora pedagógica na Escola Bosque

"Fala-se muito sobre a educação 4.0, mas pratica-se pouco a educação 4.0! Não será este atual uso intensivo de TICsnas aulas remotas que proporcionará sua disseminação, mas o legado desta mudança da abordagem de ensino hoje praticada. O professor, necessariamente -- e digo isso amparado em minha experiência de mais de uma década em EAD --, terá de ser um mediador de aprendizagem que estimule a construção de um ambiente integrado e colaborativo por pessoas que se encontram distantes fisicamente. Esse perfil, nem sempre bem praticado no nosso 'consolidado' meio educacional, aliado a uma boa reflexão sobre o que de fato se obteve como resultado de aprendizagem no período, nos colocará mais próximos de um adequado modelo para nossas necessidades atuais e futuras."

Rogério Teixeira, diretor do Grupo de Estudo de Educação a Distância (GEEaD/ Cetec)

"Vale a pena destacar a importância da comunicação entre professores, coordenadores e direção da escola, e desses grupos com alunos e familiares nesse período de pandemia. Acredito que todos os aprendizados tecnológicos e estratégicos serão aproveitados quando voltarmos ao presencial. De uma certa forma, esse isolamento acelerou mudanças que já estavam sendo implantadas pelas escolas, não só de tecnologia, mas também de tornar o aluno cada vez mais o protagonista do seu próprio aprendizado. Os momentos presenciais na escola serão muito mais valorizados, e avançaremos mais rapidamente para transformar esses momentos em situações verdadeiramente de aprendizagem, com o professor sendo muito mais um orientador, e os alunos muito mais envolvidos e ativos no processo. Ficará cada vez mais claro o que é essencial para ser discutido presencialmente e o que pode ser estudado individualmente, usando todos os recursos possíveis, com destaque para os tecnológicos."

Mayra Ivanoff Lora, diretora pedagógica do Colégio Bandeirantes

"A gestão ficou ainda capilarizada, muitas mudanças em tão pouco tempo requisitaram muito diálogo e respostas rápidas e assertivas em relação a cenários de incertezas. Quase um paradoxo! Há um legado importante para a escola, em especial alunos e professores, que é o uso da tecnologia com intencionalidade, solucionado problemas a serviço de um processo pedagógico que busca qualidade e, sobretudo, aproximar os sujeitos da educação: professores e alunos. Há outros ganhos também em relação a refletir de maneira coletiva sobre práticas e processos."

Valdenice Minatel Melo de Cerqueira, diretora-geral Educacional do Colégio Dante Alighieri

"Considerando que com a evolução da pandemia as secretarias e escolas tiveram um tempo muito curto para rever suas estratégias, foi possível aprender que é possível fazer grandes mudanças em espaços relativamente curtos de tempo. Imediatamente após a pandemia, certamente haverá mudanças significativas na educação, tanto na organização das escolas quanto no trabalho pedagógico das escolas. Para evitar o agravamento das desigualdades educacionais, será essencial que seja oferecido um apoio intensivo de reforço e recuperação, para favorecer a aprendizagem de todos, assim como para evitar um aumento ainda maior da retenção ou do abandono escolar. Já um efeito de longo prazo que pode ser esperado é a intensificação no uso de recursos digitais para a aprendizagem, seja durante as aulas regulares, ou de forma complementar às aulas presenciais para promover a recuperação e o aprofundamento das aprendizagens."

Caetano Pansani Siqueira, coordenador da Coordenadoria Pedagógica da Secretaria de Estado de Educação de São Paulo (SEE-SP)

"Como gestora, um dos mais importantes aprendizados nesse momento é a ideia de que temos de ser rápidos e agir a partir de análises fidedignas com as realidades possíveis, com base em dados científicos comprovados ou intuídos. Antecipar determinações oficiais com assertividade -- antecipação e extensão de isolamento social, por exemplo -- de maneira que sua comunidade de famílias, docentes e colaboradores possam confiar em sua liderança. Nesta crise, que tem se revelado mais do que uma crise sanitária, mas também uma crise social, econômica e simbólica, o gestor deve agir como uma liderança de maneira que suas decisões sejam entendidas como as melhores para as crianças, seus familiares, seus funcionários. Construir um simulacro da escola de maneira que todos possam ser apaziguados de que a crise vai passar, que ela é provisória e que tudo que se está fazendo é uma maneira de manter viva a escola sem criar estresses desnecessários em todos os sentidos: educativos, escolares e financeiros. Por outro lado, deixar transparecer que acredita que perder um pouco na crise permitirá ganhar na continuidade institucional e comunitária no futuro."

Gisela Wajskop, idealizadora e diretora da Escola do Bairro

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