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11 mar 2020

Pais sábios, filhos nobres: inspirações para uma educação transformadora

Leo Fraiman
Pais sábios, filhos nobres: inspirações para uma educação transformadora


 

Na Bett Educar 2020, iremos compartilhar reflexões e inspirações, bem como caminhos práticos para auxiliar as famílias na delicada missão de educar as crianças e os adolescentes para um novo tempo, vencendo a síndrome do imperador, a baixa autoestima e tantos desafios delicados, tais como depressão, ansiedade, suicídio, automutilação e muitas outras questões que acometem e afligem não só crianças como adolescentes, adoecendo também, por vezes, o ambiente escolar e, muitas vezes, a própria família.

Nossa sociedade vem abraçando cada vez mais uma cultura de violência. Basta um olhar atento e perceberemos que os estádios viraram arena, que os filmes mais assistidos retratam violência, e, se nos distrairmos, estamos torcendo para o bandido, imersos a tiros, assassinatos, chantagens e tantas outras programações, com a guarda baixa, nos deixando com a sensação de que vivemos todos em uma delegacia de polícia.

Parece exagero? Talvez, nem tanto. Observe também os games que são mais consumidos, as programações de cinema, e ficará fácil perceber como a violência, e mesmo as drogas, nas suas mais diferentes versões, estão tão presentes em nosso dia a dia. Diante disso, não é incomum observar pais e mães que, na melhor intenção possível, acabam confundindo o prazer e a felicidade dentro de sua casa.

Afinal de contas, qual a diferença entre prazer e felicidade? É preciso sensibilizar os pais de que o prazer, apesar de ser fisiologicamente agradável, acaba gerando uma dependência, pois ele passa rápido e traz justamente a necessidade de algo externo a nós, ao passo que a felicidade é uma construção do indivíduo, em certo ponto independente do contexto social ou mesmo histórico, haja vista as pesquisas que indicam que o que define a felicidade de uma pessoa é justamente sua atitude diante de si mesma, da vida, do futuro e dos outros.

Se é verdade que temos hoje muitas incertezas, um mundo complexo, competitivo e muitas vezes irritadiço diante de tanta conectividade e velocidade, precisamos lembrar, tanto pais, mães e nós mesmos, como educadores, que temos hoje também muitas boas notícias no ar. Nunca se viveu tantos anos, a mortalidade infantil nunca foi tão baixa, nunca houve tanto acesso a alimentação, ao conhecimento, índice pequeno de guerras, nunca tivemos tantas liberdades, informação e oportunidades.

Então, é preciso ter um olhar mais macro para sair da angústia e partir para aquilo que realmente nos traz a superação deste estado tão delicado da alma. Vencemos a angústia por meio do ato e da palavra, ou seja, conversando conosco mesmos, trocando ideias entre adultos e inspirando caminhos práticos para que esta grande angústia que se tornou a vida nas grandes cidades e em muitas localidades mundiais possa ser vencida por meio de projetos de vida nobres que culminem em cidadãos sábios.

Com a chegada da inteligência artificial e as mudanças intensas do mercado de trabalho, hoje percebemos facilmente que, tanto na sala de aula como na sala de casa, são necessárias experiências que promovam o desenvolvimento de novas competências.

Falamos, aqui, da habilidade de relações humanas, da leitura de cenários complexos, o equilíbrio emocional, a força de vontade e a capacidade de tomar decisões. É cada vez mais clara a necessidade de aprendermos a lidar e a viver com a diversidade, a responsabilidade global e o compartilhamento de soluções, o trabalho em equipe, os cuidados com a saúde, com a reputação, o desenvolvimento da atitude empreendedora e, essencialmente, o aflorar da sabedoria.

O que é, então, uma vida sábia? Como ajudar um filho a se tornar sábio? Vamos definir a inteligência como a habilidade de resolver problemas. É uma definição simples, porém, diante de um mundo que requer tantas competências como as já citadas, é preciso temperar a Inteligência com a civilidade e a ética. Isso significa uma grande decisão de colocar o humano como aquilo que há de mais relevante em nós. É humano aquele que escolhe, é humano aquele que escolhe o bem, é humano aquele que escolhe o bem comum. É sábia a pessoa que decide o que é bom para si e também para o outro, para o meio ambiente, que toma decisões no presente sem descartar o futuro. Sabedoria é a prima-irmã da sustentabilidade, a parceira ideal do humanismo, uma escolha que precisa ser trabalhada dentro de casa e também na escola.

Um caminho é ajudar os pais a perceberem que educar, então, não é alimentar culpas, querer agradar sempre, a qualquer preço ou a toda hora, ou fazer pelos filhos. Não são raros os familiares, hoje, que confundem uma postura participativa por fazer pelos filhos. Na medida em que a superproteção e o mimo acabam se instalando, cria-se a síndrome do imperador, uma postura disfuncional, tanto das crianças como dos pais, que culmina em imaturidade, intolerância, irritabilidade, insegurança, instabilidade, insatisfação, ingratidão, inadequação, incapacidade e instabilidade, além, claro, da imperatividade de desejos e necessidades. O perigo disso ocorrer é tornar-se uma pessoa dispensável. Afinal, quem irá querer conviver ou trabalhar ao lado de uma pessoa que tem essas posturas diante da vida?

Podemos perceber que a felicidade, na verdade, está do lado oposto ao prazer. Tem a ver com um conjunto de valores, virtudes, com a contribuição que trazemos ao mundo e, em especial, com a qualidade dos vínculos que temos. Professores das mais diversas matérias podem contribuir ao abrir um espaço para o debate sobre a gratidão ao promover uma dinâmica de grupo sobre a convivencialidade, ao proporcionar um concurso de redação que fale sobre o espírito de equipe, ao passar um filme e, em seguida, promover uma reflexão, ou mesmo uma instalação artística sobre o valor da equidade e do respeito; ao trazer pais e mães que venham compartilhar suas experiências profissionais, mostrando estratégias criativas de superação; ao relatar ou pedir que os alunos pesquisem empresas que abraçaram causas e fizeram a diferença em suas comunidades.

Existem muitas maneiras de inspirar a comunidade escolar. As matérias escolares, os itinerários formativos hoje precisam ir para além da inteligência e buscar a sabedoria. E na Bett Educar 2020 serão apresentados caminhos práticos para que a escola se transforme não num lugar, num destino final, mas sim numa ponte para a construção de um mundo melhor para todos.

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