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Para além do rótulo: a qualidade educacional das escolas bilíngues

Conteúdo patrocinado: Cultura Inglesa
Para além do rótulo: a qualidade educacional das escolas bilíngues
O rótulo "bilíngue" não oferece às escolas um indicador infalível de excelência educacional. Então, como avaliar a qualidade dessas instituições?

Enfrentamos, na atualidade, um novo discurso que nos leva a crer que a escola bilíngue oferece as oportunidades necessárias para formar alunos competentes e hábeis para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo. Com isso, vivenciamos a abertura de muitas escolas bilíngues brasileiras e a implementação dos denominados programas bilíngues em escolas já em funcionamento. Muitos pais e educadores acreditam que o simples fato de uma instituição ser classificada como "bilíngue" garante automaticamente uma educação de qualidade. No entanto, é fundamental compreender que o rótulo de "bilíngue" por si só não é um indicador infalível da excelência educacional.

Embora estejam alocadas sob a égide do termo bilíngue, essas escolas diferem muito entre si em relação à proposta pedagógica, modelo de educação bilíngue e qualificação dos professores, por exemplo. Assim como qualquer outra modalidade de ensino, as escolas bilíngues são diversas e possuem suas particularidades. Desse modo, é fundamental que não cometamos o equívoco de uma associação direta ao relacionarmos, sem uma investigação criteriosa, a denominação bilíngue a uma educação necessariamente de qualidade. Cada escola bilíngue é um mosaico único, com suas próprias fortalezas e desafios.

Desvendar esse mosaico é essencial para uma compreensão mais ampla da qualidade educacional das escolas bilíngues. É necessário ir além do rótulo e mergulhar na realidade de cada instituição. Isso implica em avaliar criteriosamente fatores como a existência de um currículo integrado, o apoio ao desenvolvimento bilíngue dos estudantes, a possibilidade de uma formação multicultural, as oportunidades de prática e uso efetivo das línguas, bem como a formação contínua dos professores. A qualidade da educação oferecida nas escolas bilíngues vai além da mera oferta de aulas em duas línguas: envolve a promoção de um ambiente diverso, inclusivo e estimulante, que nutre o desenvolvimento acadêmico, cognitivo, socioemocional e cultural dos estudantes.

Ao desenredar o mosaico da qualidade educacional das escolas bilíngues, é possível reconhecer que nem todas as instituições são iguais. Algumas se destacam por suas práticas inovadoras, pelo compromisso com a formação dos estudantes como cidadãos globais e pela valorização das línguas e culturas envolvidas. Por outro lado, outras podem carecer de recursos, metodologias adequadas, educadores com formação apropriada ou apoio necessário para oferecer uma educação bilíngue de excelência.

Nesse sentido, é essencial que pais, educadores e comunidades estejam engajados em pesquisar e avaliar cuidadosamente as escolas bilíngues antes de fazerem suas escolhas. A seguir, discorro sobre quatro aspectos relevantes para observação nessas escolas: o discurso sobre bilinguismo, a estruturação do currículo, a concepção de cultura empregada e a formação dos professores.

Qual é o discurso sobre bilinguismo que circula na escola?

É importante identificarmos como a escola compreende a promoção do bilinguismo em sua instituição e, consequentemente, como coloca em prática essa concepção. Nessa linha, precisamos desvendar se a escola ainda opera a partir de óticas monolíngues ou se desafia essas ideologias e as práticas compartimentalizadas e artificiais que dela derivam.

Muitas escolas compreendem o ensino bilíngue como um duplo ensino monolíngue e, dessa forma, sustentam práticas fragmentadas e que, em alguns casos, apresentam concepções contraditórias e conflitantes para o que é apresentado ao estudante em português e para o que é trabalhado por meio da língua adicional.

De outra feita, há escolas que, por meio de suas práticas, desafiam a ideologia monolíngue. Isso envolve uma série de ações e atitudes que valorizam a diversidade linguística e promovem o multilinguismo, como por exemplo: a existência de uma currículo integrado a partir do qual os estudantes são convidados a utilizar todo seu repertório linguístico para a construção de conhecimentos, a celebração da diversidade linguística e cultural com vistas ao estabelecimento de diálogos interculturais e o desafio aos estereótipos e preconceitos linguísticos e culturais.

Quais os aspectos que definem e sustentam o currículo dessa escola?

Um currículo bem estruturado não deve focar apenas no desenvolvimento linguístico do estudante, mas também e principalmente em seu crescimento acadêmico geral por meio dos componentes curriculares que devem ser ministrados nas duas línguas de instrução. Além disso, é importante observar se a escola possui um currículo integrado e não dois currículos paralelos para o que é ministrado em língua adicional e para o que ocorre em português, por exemplo.

Um currículo integrado na educação bilíngue é aquele que une os conteúdos e objetivos de aprendizagem das duas línguas envolvidas de maneira complementar. Ao invés de tratar as línguas separadamente, o currículo busca promover a interação e interconexão entre as línguas. Essa interconexão pode ocorrer, por exemplo, por meio de projetos interdisciplinares, nos quais os alunos exploram temas ou problemas de forma abrangente, utilizando as duas línguas como ferramentas de pesquisa, comunicação e expressão. Isso permite que eles vejam as línguas em ação de maneira autêntica, ampliando suas habilidades para interagir com o mundo e sua compreensão intercultural.

Ademais, o currículo integrado na educação bilíngue também busca abordar o desenvolvimento de habilidades transversais, como o pensamento crítico, colaboração, criatividade e autonomia. Essas habilidades devem ser trabalhadas de forma integrada às atividades de aprendizagem, proporcionando aos estudantes uma base sólida não apenas nas línguas, mas também em competências essenciais para o seu desenvolvimento pessoal e acadêmico.


Qual a concepção de cultura que circula na escola?

Muitas vezes, erroneamente, assumimos que uma escola bilíngue promove um trabalho consistente com cultura de forma automática apenas porque há duas línguas de instrução. Um primeiro problema que se coloca com esse trabalho nessas instituições é o próprio conceito de cultura. É muito reducionista, em pleno século 21, o entendimento de cultura como espaços estáveis e imutáveis que são, na maioria das vezes, analisados por meio da comparação de características culturais e atributos que variam de nação para nação. Hoje em dia, a noção de cultura está relacionada a ideologias, atitudes e crenças que são manipuladas por meio dos discursos da mídia, da internet e da indústria de marketing.

Nessa linha, é importante compreender também qual o tipo de multiculturalismo promovido pela escola. É apenas um trabalho que se resume ao conhecimento de festividades e hábitos de outros povos que habitam diferentes países? Ou estamos falando de um trabalho que possibilita ao estudante ser confrontado com visões e perspectivas de mundo distintas que possibilitam a ele a ampliação de seu repertório e, desse modo, o estudante pode se tornar capaz de agir mais assertivamente em sua comunidade?

A escola bilíngue deve ter por propósito geral a formação de um cidadão capaz de atuar em cenários superdiversos como o que nos deparamos na atualidade. Isso ocorre quando o educando se torna cada vez mais capaz de avaliar seu lugar no mundo social e compreender como as diferenças foram produzidas ao ter a possibilidade de acessar uma multiplicidade de discursos que circulam em nossa sociedade e ampliar seu repertório e sua visão de mundo. Para tanto é preciso observar se a escola:

  • Lança mão de discursos contra-hegemônicos ou se filia apenas aos discursos produzidos por grupos dominantes;
  • Inclui conteúdos curriculares que abordam diferentes culturas, suas tradições, costumes, histórias e contribuições epistemológicas e culturais para a sociedade;
  • Incorpora programas ou iniciativas que promovam a educação intercultural, abordando questões de preconceito, estereótipos e discriminação, promovendo, assim, a apreciação pela diferença e diversidade;
  • Estabelece parcerias com organizações locais ou com grupos comunitários para promover a construção de conhecimento a partir da interação com outros grupos.

Por fim, é importante enfatizar que a proposta de educação multicultural deve fazer parte do currículo e não depender de ações individuais para sua promoção.

Como a escola se ocupa da formação em serviço de seu corpo docente?

Como se trata de um fenômeno relativamente recente no Brasil, a contratação de educadores se tornou uma problemática difícil de ser solucionada. Desse modo, é necessário o investimento em formação continuada e em serviço dos docentes dessas escolas para que possam, assim, oportunizar aos estudantes formação consistente e, de fato, adequada às demandas da sociedade contemporânea.

É importante, portanto, observar se a escola oferece momentos de formação, assessoria e cursos para os educadores. Outro ponto importante é verificar a existência de reuniões pedagógicas que possibilitem que o corpo docente compartilhe saberes e construa uma visão comum do processo educativo vigente na instituição.

Em suma, podemos afirmar que embora a Educação Bilíngue tenha o potencial de proporcionar uma experiência educacional de qualidade, sua eficácia depende de múltiplos fatores. O enfrentamento de ideologias monolíngues, um currículo bem projetado e integrado, a promoção de uma educação multicultural e professores qualificados, são componentes cruciais. É importante averiguarmos para além do rótulo de bilíngue e estudarmos cuidadosa e criteriosamente a proposta educacional de cada escola.

 

*Conteúdo sob responsabilidade exclusiva do anunciante.
**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

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