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28 abr 2025

Primeiro dia da Bett Brasil destaca inovações educacionais e debates sobre os futuros da educação

Redação Bett Blog
Primeiro dia da Bett Brasil destaca inovações educacionais e debates sobre os futuros da educação
Evento segue até quinta-feira (1/05), no Expo Center Norte. Foto: Bett Brasil
Com intensa visitação, principal encontro do ecossistema educacional da América Latina traz a inovação e a tecnologia para o ambiente escolar

A Bett Brasil, maior evento de Inovação e Tecnologia para a Educação da América Latina, começou nesta segunda-feira (28/4) com uma programação intensa e voltada para a construção de futuros regenerativos na educação, reunindo especialistas e lideranças em diferentes arenas temáticas.

Um dos destaques do dia foi o painel dedicado ao universo das edtechs. Vitor Harano, head de research da Distrito, apresentou um panorama do setor com base em dados do relatório da Atlantico, focando especialmente no mercado latino-americano de startups de educação.

Segundo Harano, a América Latina representa um terreno fértil para a atuação de startups. "A Latam é a terceira maior economia global, e o Brasil é responsável por uma parte significativa desse cenário. Empresas que nascem na região já saem com um diferencial competitivo de médio a longo prazo", afirmou.

O executivo também destacou que as desigualdades políticas, econômicas e sociais presentes nos países latino-americanos podem se transformar em excelentes oportunidades de negócios. “Dependendo do foco e da perspectiva, essas discrepâncias abrem diferentes possibilidades, inclusive para as edtechs. Se forem criadas com um olhar atento e cuidadoso sobre seu papel no ecossistema, essas empresas podem se inserir em mercados de alto valor agregado”, ressaltou.

Harano apontou ainda o tamanho e a força do mercado sul-americano para sustentar o crescimento de Scale-Ups. De acordo com ele, os retornos dos fundos de venture capital na América Latina estão entre os melhores do mundo. “Hoje, temos 22 mil startups ativas na região. É comum vermos edtechs que crescem e se consolidam em seus países de origem, expandem para mercados vizinhos e, posteriormente, chegam ao Brasil para avançar ainda mais”, observou.

Outro ponto enfatizado foi o uso intensivo da inteligência artificial no setor de educação. “As edtechs formam o quinto maior segmento dentro do ecossistema de inovação da América Latina. Naturalmente, são também as que mais apostam e integram a IA em seus negócios”, afirmou Harano. Ele acrescentou que, até 2025, o setor deverá retomar os níveis de faturamento pré-pandemia, alcançando cerca de US$ 3 bilhões.

Educação Superior e Profissional 

No Fórum Ahead by Bett, especialistas debateram como a Inteligência Artificial (IA) pode ser uma aliada estratégica na transformação da educação superior. O painel "Reinventando a Educação Superior: Estratégias de IA para Transformar Instituições" reuniu lideranças do setor educacional para discutir caminhos possíveis para a inovação no ensino.

O moderador do painel, Pedro Henrique, mestre em comunicação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), trouxe dados que mostram como a tecnologia já está inserida no cotidiano acadêmico: "Uma pesquisa recente revela que sete em cada dez estudantes de graduação utilizam Inteligência Artificial como ferramenta de apoio aos estudos", comentou. O uso inclui desde a automatização de resumos e pesquisas até o desenvolvimento de projetos em diversas áreas.

Bruno Rocha, Head of Digital Technology da YDUQS, abriu a discussão alertando para a necessidade do uso consciente das tecnologias emergentes. “Precisamos tomar cuidado para não aprofundar a superficialidade da pesquisa. O professor tem papel crucial ao instruir e estimular o pensamento crítico dos estudantes no uso dessas ferramentas", afirmou. Rocha destacou que, se bem utilizada, a IA pode apoiar a criação de experiências de aprendizagem mais personalizadas e promover a autonomia dos alunos, mas sempre com o cuidado de não substituir o processo reflexivo e criativo, essencial à formação acadêmica.

Para Fernando Cruz, diretor de vendas e líder de educação da Microsoft, a IA deve ser encarada como um potencializador das capacidades humanas e não como uma ameaça. Ele falou citou o Copilot, plataforma da Microsoft que utiliza IA para auxiliar em atividades acadêmicas e administrativas, como geração de relatórios, automação de tarefas repetitivas e análise de dados de aprendizagem. "Até 2027, centenas de empregos sofrerão transformações. Um estudo do Linkedin aponta que 83% das empresas esperam contratar profissionais com novas skills (habilidades)", disse.

Fernando defendeu que a IA pode ajudar todos os setores a resolver problemas complexos, do judiciário à medicina. “A massificação pode ajudar a andar a fila de processos que aguardam análise na justiça, a conclusão de laudos na medicina, e por aí vai”, destacou.

Microsoft Silvio Meira

Silvio Meira, cientista-chefe da TDS Company e referência em inovação tecnológica no Brasil, reforçou a importância de uma visão crítica sobre a adoção da IA. Ele propôs o conceito de "Inteligência Generalizada" para explicar o potencial expansivo da tecnologia. "Ainda estamos explorando as possibilidades práticas da IA. Para avançar, é necessário experimentar, testar e adaptar cenários reais", destacou.

Para Meira, o maior desafio é modernizar o sistema educacional, capacitando professores para atuarem nesse novo ambiente. "A educação precisa deixar de focar apenas na memorização de conteúdos e passar a cuidar do desenvolvimento da inteligência humana, estimulando o pensamento crítico e a capacidade de solucionar problemas", concluiu. O especialista compara a chegada da IA à criação da prensa de Gutemberg, afirmando que as ferramentas gerativas transformarão o futuro.

O debate reforçou que a incorporação da Inteligência Artificial na educação superior deve ser feita com estratégia e ética, priorizando o fortalecimento das competências humanas e a construção de novos modelos pedagógicos que preparem os estudantes para o futuro.

Contra a vilanização

No Fórum de Gestores, Mario Ghio, empresário e presidente do Instituto Alfa e Beto, e Thamila Zaher, CEO do Grupo SEB, discutiram os desafios da liderança educacional em cenários de crise e mudanças aceleradas.

O painel abordou estratégias práticas para garantir a sustentabilidade das instituições, promover a adaptação a novas realidades e fortalecer uma gestão inovadora em tempos de incerteza. Entre as principais preocupações dos especialistas, destacou-se o processo de "vilanização" das escolas, em que toda e qualquer culpa por problemas sociais ou educacionais acaba sendo atribuída às instituições de ensino.

Para Ghio, essa é uma questão que exige cooperação e união entre as escolas. “Geralmente, a escola está sempre errada em qualquer situação que contrarie o desejo do grupo de famílias. Cada vez mais, vemos os pais buscando refúgios judiciais para forçar a aceitação de suas vontades, algo que não conseguem obter apenas com argumentos. As escolas precisam se unir, mesmo quando atuam na mesma comunidade”, defendeu.

Fórum de Gestores

Ghio destacou ainda o trabalho coletivo que realiza junto a uma associação de sistemas de ensino concorrentes, citando como exemplo um debate previsto em Belo Horizonte, no dia 15, sobre um projeto de lei que propõe permitir que os pais definam a metodologia pedagógica das instituições. “Imagine o impacto se essa lei for aprovada?”, alertou.

Thamila Zaher concordou com Ghio e acrescentou duas orientações fundamentais para minimizar os prejuízos à imagem das escolas: “O primeiro ponto é o contrato, que precisa ser o mais claro possível, para que os pais compreendam todos os termos sem dificuldade. O segundo é estabelecer canais de comunicação eficazes para conversas individuais, onde seja possível esclarecer eventuais pontos sensíveis”, explicou.

Segundo ela, muitas vezes, os desentendimentos surgem em grupos de WhatsApp ou em outras redes informais, e é preciso tratar dessas questões antes que elas se agravem e cheguem a instâncias como o Procon.

A CEO do Grupo SEB reforçou ainda que é essencial aproximar a comunidade escolar, promovendo diálogo transparente e acolhendo as famílias, sempre com firmeza e sem abrir mão dos princípios pedagógicos da instituição.

Ansiedade nas escolas

Outro tema debatido durante o primeiro dia do evento foi Escola Ansiosa: celulares, saúde mental, adolescência e aprendizagem na era digital, com a moderação de Beatriz Araujo, jornalista e repórter do Estadão; e bate-papo com Leticia Lyle, pedagoga e mestre em Currículo e Educação Inclusiva pelo Teachers College da Columbia University; e Dra. Maria Carolina Pinheiro, médica psiquiatra, psicoterapeuta e professora universitária, que trataram sobre uma a geração ansiosa, mais do que um rótulo simplista, é um reflexo dos desafios sociais, econômicos e tecnológicos enfrentados pelos jovens na era digital.

Segundo a Dra. Maria Carolina, o primeiro passo para os educadores é saber se situar sobre o que é saúde mental. “Escutamos sobre o TDHA, TEA, depressão, ansiedade, mas, afinal de contas, o que é saúde mental? Vocês já se perguntaram? Muitas pessoas colocam a doença na intensidade de sentimentos e sensações, mas não é, afinal, se não pudermos viver uma vida apaixonadamente, talvez, sim, adoeçamos”, diz.

Painel na Bett 2025

Ela afirma que é essencial entender que a escola tem um papel fundamental, como um ambiente saudável, potencializador do desenvolvimento e não como culpada pelos transtornos. “Vocês precisam perceber que saúde mental é liberdade existencial e vocês, educadores, estão diretamente ligados à saúde mental porque vocês estão construindo crianças”, ressalta a Dra. Maria Carolina.

Leticia trouxe para a conversa o dia a dia do educador no quesito saúde mental dos adolescentes, conectando o assunto com a chegada da pandemia e o aumento do uso de celulares no dia a dia e nas salas de aula. “Estamos vendo nossos adolescentes adoecidos, desengajados. Essa é uma palavra muito forte quando se imagina que esse engajamento é a conexão deles, não só com os estudos, não só com a escola, mas com os colegas deles mesmos e das famílias”.

Segundo dia

A Bett Brasil apresenta uma programação robusta que inclui mais de 450 palestrantes nacionais e internacionais, distribuídos em 12 auditórios simultâneos. As atividades contemplam congressos, fóruns e arenas temáticas, com formatos inovadores de interação, como Aquário, Roda de Conversa e Sala de Aula Invertida. Entre os destaques, estão temas como crise climática, inteligência artificial, saúde mental, equidade na educação e desenvolvimento humano.

Outra atração do segundo dia da Bett Brasil será o lançamento oficial da 3ª edição do Prêmio Educador Transformador, uma iniciativa do evento, em co-realização com o Sebrae e o Instituto Significare. Aberto e gratuito, o prêmio reconhece educadores que fazem a diferença e impulsionam transformações reais na educação. O lançamento contará com uma fala especial de Silvio Meira, que trará reflexões sobre o papel da inteligência artificial no processo do prêmio e seu poder de fortalecer soluções educacionais inovadoras.

O evento segue até quinta-feira (1º/05) no Expo Center Norte, em São Paulo, e conta com mais de 330 marcas expositoras, trazendo soluções de ponta para educação básica, superior e profissional. A visitação é gratuita. 

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