Protagonismo jovem: o desafio de conectar as escolas e o mercado de trabalho
A transição da vida acadêmica para o mercado de trabalho ainda apresenta grandes desafios no Brasil, de acordo com o superintendente Institucional de Inovação do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), Rodrigo Dib. Para ele, a educação brasileira ainda não acompanhou as rápidas transformações exigidas pelo mundo profissional.
“O mercado de trabalho tem pedido protagonistas. As empresas definem metas e é preciso entregar resultados. Falamos muito sobre autonomia e autogestão, mas será que estamos preparando os jovens para isso?”, questionou ele durante a sua participação no 1º episódio do Conexão Bett em 2025.
O superintendente do CIEE destacou que o modelo educacional vigente prioriza métodos tradicionais, que muitas vezes deixam de lado habilidades comportamentais (as soft skills) essenciais para o mercado. “Culturalmente, o jovem é ensinado a responder a chamada no início da aula, estudar para testes e ser medido por provas. Depois de 16 ou 17 anos nesse modelo, espera-se que ele, de um dia para o outro, seja protagonista, bata metas e tenha iniciativa no trabalho”.
Dib apontou que competências técnicas podem ser substituídas por máquinas, mas habilidades humanas, como resiliência, criatividade e compromisso, continuam indispensáveis. “As profissões que existem hoje podem não existir daqui a 20 ou 30 anos. Por isso, o jovem precisa estar pronto para se adaptar, seja com inteligência artificial ou qualquer nova profissão que surgir”.
Assista ao episódio completo:
O papel do CIEE na inclusão do jovem no mercado de trabalho
Com um histórico significativo na inserção de jovens no mercado, o CIEE já apoiou a entrada de mais de 7 milhões de pessoas no mercado de trabalho. Atualmente, são mais de 300 mil jovens colocados em programas de estágio e aprendizagem.
“O programa Jovem Aprendiz, por exemplo, exige que o jovem continue na escola para permanecer empregado. Isso é muito positivo, pois combina estudo com qualificação profissional,” explicou Dib.
Apesar disso, o superintendente reconheceu que existe um “descasamento” entre o que as empresas buscam e a preparação dos jovens. “Esse descompasso tem sido um grande desafio para as empresas brasileiras. A produtividade do trabalhador brasileiro ainda é muito baixa em comparação a outros países. Isso precisa ser trabalhado”.
Educação e mercado de trabalho: uma relação urgente
O superintendente do CIEE também reforçou a necessidade de maior integração entre a educação e o mercado de trabalho. “Educação tem que respirar mercado de trabalho para que possamos formar jovens como seres humanos completos, mas também prontos para o ambiente profissional”.
Ele mencionou exemplos de outros países, como o Japão, que priorizam práticas “mão na massa” e filosofia de protagonismo desde cedo. Porém, ponderou sobre as diferenças culturais e socioeconômicas que tornam o cenário brasileiro único.
Para Dib, a união entre instituições de ensino, governo e empresas é essencial para melhorar a empregabilidade jovem. “Se estivermos juntos, desmistificando o processo, podemos construir alianças importantes. O jovem precisa das ‘vitaminas’ certas da escola para enfrentar um mundo cada vez mais competitivo e imprevisível”.
Apesar dos desafios, ele afirmou que o cenário está melhorando. “Só o fato de estarmos falando sobre isso já é um avanço. Acredito que o cenário de 2025 será melhor do que o de 2024, mas é preciso colocar o pé no acelerador para que nossos jovens estejam realmente prontos para o futuro”.
Além do Youtube, o Conexão Bett também está disponível nas principais plataformas de áudio, como Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts, entre outras e no portal do Educador21.
O programa de entrevistas é mais um espaço de diálogo da Bett Brasil com diversos especialistas, que trazem um ângulo diferente dos assuntos mais relevantes e atuais do setor educacional. Ative as notificações na sua plataforma favorita para ser avisado sempre que tiver novo episódio.
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