Quatro tendências para o setor de educação em 2025
As transformações sociais e avanços tecnológicos continuam redesenhando o cenário educacional para 2025, trazendo desafios e oportunidades para professores, estudantes e gestores.
O Bett Blog destaca quatro tendências que estão moldando a educação. São temáticas que destacam o impacto da inteligência artificial, a crescente preocupação com a saúde mental e a integração da sustentabilidade à aprendizagem.
Estas tendências apontam caminhos para uma educação com foco na inovação, inclusão e no desenvolvimento integral dos alunos.
Os quatro tópicos estarão presentes na 30ª edição da Bett Brasil, em painéis de debate, palestras e workshops que compõem a programação de conteúdo do evento.
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Inteligência Artificial
A integração da Inteligência Artificial (IA) à educação transformará o modelo de interação sobre informações e conhecimentos entre estudantes e professores. Ferramentas de IA permitem a personalização do ensino, adaptando conteúdos às necessidades individuais dos estudantes e auxiliando educadores na elaboração de estratégias pedagógicas mais eficazes.
Contudo, ainda há uma compreensão limitada de todo o seu potencial, o que é refletido em desafios que precisam ser endereçados, como o enviesamento de algoritmos e a reorganização de espaços de aprendizagem. O equilíbrio entre o uso de IA e o desenvolvimento de habilidades humanas é uma necessidade essencial para que os alunos possam absorver o que há de melhor da tecnologia.
Em artigo para o portal Poder 360, o professor de ciência da computação e tecnologia de aprendizagem na USP, Seiji Isotani, que também é integrante do Conselho Consultivo da Bett Brasil, e a diretora-presidente da Fundação Telefônica Vivo, Lia Glaz, apontam que “ainda estamos distantes de conseguir que realmente a digitalização e a IA sejam integradas ao processo educacional de um jeito irreversível”.
E continuam: “Mas não podemos esperar que seja uma mudança sequencial. O Brasil não tem esse tempo. Enquanto resolvemos as questões estruturantes para ganhar em escala, é preciso criar microssistemas que permeiam o nosso país com boas experiências para rompermos essa bolha. Talvez esse seja o caminho possível”.
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Saúde mental e competências socioemocionais
A valorização da saúde mental nas escolas tornou-se uma prioridade e tem profunda relevância com estabelecer ambientes escolares acolhedores e seguros para o desenvolvimento saudável de alunos, professores, gestores e outros profissionais ligados à comunidade escolar.
Entre as questões que demandam mais atenção estão a relação família-escola, a prática de bullying presencial e online, a ansiedade individual e coletiva, o medo de não conseguir acompanhar os acontecimentos (FOMO). E ainda, os impactos das redes sociais e do excesso de exposição digital.
De acordo com levantamento de 2024 da Folha de S.Paulo, com base nos dados da Rede de Apoio Psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS), entre 2013 e 2023, o ano de 2023 registrou a maior incidência de atendimentos por sintomas de ansiedade e depressão nas faixas etárias de 10 a 14 anos e 15 a 19 anos. As taxas chegaram a 125,8 e 93,1 pacientes a cada 100 mil para ansiedade e depressão, respectivamente, entre adolescentes de 10 a 14 anos.
Para os jovens de 15 a 19 anos, os números foram ainda mais elevados, com 157 atendimentos para ansiedade e 130,4 para depressão a cada 100 mil. Esses dados contrastam fortemente com os de 2013, quando as taxas de ansiedade para a faixa de 10 a 14 anos eram de apenas 9,7 por 100 mil, e as de depressão, 11,4 por 100 mil.
Em artigo para a Revista Educação, a gerente de pesquisa do Laboratório de Ciências para Educação (eduLab21) do Instituto Ayrton Senna, Ana Crispim, destacou iniciativas que podem apoiar a promoção da saúde mental em conjunto com o desenvolvimento socioemocional nas escolas. “Incluem-se aqui estratégias como os mapeamentos socioemocionais, identificação de recursos disponíveis nos territórios (por exemplo, Centros de Atenção Psicossocial, os Caps), protocolos claros de encaminhamento, espaços de escuta ativa e ações de conscientização voltadas para a família e a comunidade escolar”.
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Formação docente de qualidade
É crucial para o sistema educacional de qualquer país assegurar que os docentes tenham acesso a uma formação de qualidade. No Brasil, a profissão enfrenta problemáticas significativas como a desvalorização da prática, a defasagem na formação inicial, a baixa remuneração e a falta de capacitações continuadas ao longo da carreira.
Entre os professores do ensino fundamental II (do 5º ao 9º ano) no Brasil, 41% não são formados na disciplina que lecionam aos alunos. No ensino médio, a situação também é crítica: 32% dos docentes não estão trabalhando com o assunto no qual se aprofundaram na universidade, segundo o Anuário da Educação Básica, documento produzido pela ONG Todos pela Educação.
Segundo Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos, as explicações para esse problema envolvem: as falhas estruturais na formação docente, como o número significativo de vagas não preenchidas nas faculdades (pela falta de interesse dos candidatos) e a evasão durante os cursos de licenciatura. Também o alto índice de professores formados que não chegam a atuar em sala de aula, por causa da baixa atratividade da carreira.
Neste contexto, o Ministério da Educação (MEC) anunciou no começo deste ano o programa Mais Professores, que reúne um conjunto de ações pensadas para a valorização da carreira dos docentes no Brasil. Entre as iniciativas está o Pé-de-Meia Licenciaturas que oferece um benefício mensal de R$ 1.050 para os estudantes que ingressarem em cursos de licenciatura pelo Sisu, Prouni ou Fies Social. O objetivo é aumentar a atratividade dos cursos de formação inicial docente para estudantes com bom desempenho no Enem e apoiá-los até a conclusão do curso.
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Crise climática
No relatório “Lacuna de Emissões”, a Organização das Nações Unidas (ONU) prevê aquecimento global 3°C acima dos níveis pré-industriais até 2100, caso as políticas climáticas em vigor continuem do jeito que estão atualmente. “Estamos caminhando em uma corda bamba planetária”, afirmou o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. “Ou os líderes fecham a lacuna de emissões, ou mergulharemos no desastre climático”, disse ele.
A emergência do clima que vivenciamos deve ser enfrentada de forma coletiva pela sociedade. Um dos pilares essenciais desse enfrentamento é a inserção da educação climática nas escolas, como competência que deve ser incorporada para a formação de uma geração mais consciente e preparada para lidar com a realidade da crise climática.
A partir de 2025, as escolas brasileiras deverão passar a trabalhar em sala de aula os temas mudanças do clima e proteção da biodiversidade. A diretriz é estabelecida pela Lei 14.926, sancionada pela Presidência da República. A nova lei modifica a Política Nacional de Educação Ambiental, acrescentando o estudo desses assuntos entre os objetivos da educação ambiental nacional.
Pelo texto, as escolas deverão estimular estudantes a participar de ações de prevenção e diminuição das mudanças climáticas. O objetivo da inclusão dos novos temas na lei é garantir que os projetos pedagógicos, na educação básica e no ensino superior, contem com atividades relacionadas aos riscos e emergências socioambientais e a outros aspectos relacionados à questão ambiental e climática.
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