Bett UK

22-24 January 2025

Bett Brasil

23-26 April 2024

Bett Asia

2-3 October 2024

Bett Blog

11 abr 2023

Redes de aprendizagem: o desafio da contemporaneidade

Soraya Ferreira de Andrade
Redes de aprendizagem: o desafio da contemporaneidade
Precisamos partir dos conceitos sobre o que é aprender e por qual motivo aprender é importante


Quando pensamos sobre aprendizagem, nos referimos ao conceito de aquisição de conhecimentos, habilidade e atitudes. Esse processo pode acontecer de diferentes maneiras seja pela observação, hábito, estudo ou convivência com os outros e também em diferentes ambientes de aprendizagem, sejam eles a sala de aula, escola, parque, sala de reuniões e biblioteca, entre outros.  

Logo, precisamos partir dos conceitos de o que é aprender e por que aprender é importante. 

Considerando o primeiro questionamento, algumas pesquisas mostram que a motivação é a chave para a aprendizagem e, portanto, partindo desta ideia, para ganharmos expertise, temos que pensar que a aquisição de novas habilidades é extremamente importante para a nossa vida.  Quando estamos aprendendo, nosso cérebro é capaz de aumentar o número e a concentração de sinais químicos entre os neurônios acontecendo alterações nas conexões neuronais. É o que chamamos de “neuroplasticidade”, que é a capacidade do cérebro de aprender e de se reprogramar. Novas sinapses vão acontecendo e mudando a rede de comunicação neuronal e, por consequências, novas aprendizagens surgem.

Partindo para a segunda questão, nosso foco passa a considerar o meio em que vivemos. Aprendemos para nos adaptarmos a um novo mundo de mudanças, a chamada Quarta Revolução Industrial, momento de fusão de tecnologias eliminando fronteiras entre o físico, digital e o biológico. Segundo Klaus Schuab, idealizador deste conceito, “precisamos moldar um futuro que funcione para todos nós, colocando as pessoas em 1º lugar e capacitando-as”. Neste contexto, a aprendizagem torna-se um imperativo frente a uma mudança de paradigma que transforma as relações pessoais e de trabalho. 

Estamos vivendo num mundo em constante transformação. De acordo com o relatório “The Future of Jobs”, de 2020, em cinco anos, serão eliminados 85 milhões de postos de trabalho e serão criados 97 milhões de posições, porém faltará mão de obra qualificada. Hoje, se formos pensar, quais são as novas funções no mercado? Gestor de mídias sociais, especialista em inteligência artificial, cientistas de dados, analista de privacidade, entre outros tantos postos que ainda nem existem. 

Contudo, a essência da aprendizagem não está no desenvolvimento apenas das hard skills, mas, sobretudo, nas soft skills, já que a inteligência emocional e a inovação têm sido as premissas para quaisquer profissões. 

Se formos pensar nas habilidades mais importantes a serem trabalhadas nas instituições frente a um mundo volátil e incerto, precisamos partir do pensamento analítico que é a capacidade de raciocinar de forma assertiva, baseando-se em dados e lógica, passarmos pela inovação que envolve o desenvolvimento de novas ideias para resolver problemas com criatividade e chegar no desenvolvimento de aprendizes ativos que buscam novas estratégias de aprendizagem, transformam, perguntam, resolvem problemas, ensinam outras pessoas, aplicam conhecimentos e isso para todos os âmbitos da vida. 

aprendizagem

Segundo Juan Ignacio Pozo, “precisamos aprender a navegar na onda da transformação do conhecimento”, considerando a existência de novas gerações com novas mentalidades, a geração “perennials”, pessoas movidas pela curiosidade, com cabeça aberta, que nunca param de aprender e recomeçar e veem a vida como rede de conexões e experiências. 

Portanto, estamos diante de uma nova cultura de aprendizagem que envolve ultrapassar os muros da informação e atingir o conhecimento com significado, dialogar com incertezas e entender que a aprendizagem é algo contínuo e que acontece em rede. 

As instituições precisam pensar e se preocupar com o desenvolvimento de pessoas e desenhar ações práticas em sua rotina de trabalho que visem os objetivos mencionados acima. E isto envolve mudança pessoal e institucional trazendo à tona a discussão sobre mindset – padrão de pensamento, predisposição psicológica e maneira como cada um encara a vida, as relações com as pessoas, com os objetivos profissionais, a carreira. 

Aprender implica em desenvolver o mindset de crescimento, tema abordado pela escritora Carol Duek, que está associado à mentalidade de quem está sempre em busca de se desenvolver e vê os desafios e a adversidades como oportunidade de crescimento. Já o mindset fixo é característica de um padrão de pensamento que acredita que é não é capaz de desenvolver habilidades, desistem dos desafios e se mantêm estagnados. 

O desafio da contemporaneidade é ultrapassar as barreiras das hard skills e considerar a importância da lifelong learning, do aprendizado constante. É mudar a concepção de que precisamos ser ensinados, é nos abrirmos para a motivação extrínseca, para a descoberta e o prazer inerentes à aprendizagem. É reconhecer que o aprendizado pode acontecer em diferentes contextos, por meio da curiosidade e da colaboração. 

Quando fazemos uma viagem, trazemos memórias. Aprender é isso: é viver experiências que causam mudanças duradouras, é transferir o conhecimento para diferentes situações, é vivenciar o Ciclo de Kolb, mestre e doutor de Harvard, que nos ensina que a aprendizagem envolve um ciclo que inicia na experiência concreta, passa pela observação reflexiva da vivência, parte para o levantamento de hipóteses e pensamento lógico como contextualização abstrata do problema inicial e chega na experimentação ativa com o planejamento de ações práticas da resolução do problema inicial e tomada de decisões. 

Aprendizagem é conexão, é algo fundamentalmente social e está integrado à vida das comunidades. É um ato de adesão e empoderamento. Precisamos concluir que já vivemos num mundo com pessoas que aprendem ao longo da vida. 

E de que forma fazer isso na prática? Individualmente, é preciso estabelecer metas de vida, ler muito, ser curioso, se atualizar sempre, acompanhar as transformações, desenvolver as soft skills e ter inteligência emocional. Já as instituições precisam pensar no desenvolvimento de avaliações de desempenho com seus funcionários, dar feedbacks “one-on-one”, oportunizar planos de desenvolvimento individual, fazer workshops, entre outras tantas estratégias de crescimento de pessoas. 

Há um pensamento que diz que somos tão passageiros que não somos, estamos. E é essa a premissa: estamos aprendizes ... aprendemos com os erros, com as diferenças, com o belo, com o novo...aprenderemos sempre! 

Sobre a autora:


Gostou? Compartilhe nas redes sociais:


 

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

Categories

  • Estratégias de Aprendizagem
  • Futuro da Educação
Voltar ao Bett Blog
Loading