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"Temos que ensinar o aluno a ser um pensador e a colaborar", diz Cláudia Costin

Redação Bett Blog
Durante painel na 29ª edição da Bett Brasil, especialistas debateram sobres quais são os caminhos para termos uma educação com mais equidade e qualidade

A 29ª edição da Bett Brasil, maior evento de Inovação e Tecnologia para a Educação da América Latina, promoveu o painel “Perspectivas da Educação: como alcançar equidade com qualidade?”, que contou com a participação de Cláudia Costin, presidente do Instituto Singularidades; Maria Helena Guimarães, titular da Cátedra IAS-IEA/USP e membro do Conselho Científico da Abave; e Raquel Souza, coordenadora de pesquisa e avaliação do Instituto Unibanco.

A mesa redonda, moderada pelo professor Mozart Neves, tratou da problemática do cenário da educação do Brasil, mas sob a ótica da igualdade e qualidade do processo ensino-aprendizagem.

“O Brasil é um jardim de desigualdades. Se olharmos os aspectos socioeconômico, racial e da gestão, temos, muitas vezes, dois municípios muito próximos, mas com PIB três vezes entre um e outro. Porém, o de menor PIB pode ter melhor desempenho escolar. Então, temos várias dificuldades para enfrentar quando pensamos a questão da equidade”, ressaltou Mozart.

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Já Maria Helena evidenciou que o olhar individualizado para os alunos é essencial, bem como a criação de um planejamento bem elaborado. Para ela, a desigualdade no Brasil já era muito grande antes da pandemia, mas se aprofundou e, para que qualquer política alcance maior qualidade e equidade, é preciso um bom diagnóstico dessas desigualdades e desenvolver estratégias de ensino aprendizagem para a melhoria da qualidade, com formação a partir da base nacional.

“Não tem como falar de desigualdade, equidade, melhoria da educação sem pensar na aprendizagem dos alunos. Mas para pensar na aprendizagem, precisamos, obviamente, não só de um bom currículo e professores bem-formados, como ter boas estratégias e instrumentos de avaliação, tanto formativa como somativa, assim como avaliação externa, da aprendizagem e para aprendizagem”, reforçou.

Desigualdade imperativa

Maria Helena apresentou números que refletem a desigualdade educacional, especialmente, para as pessoas em maior vulnerabilidade, conforme dados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), no comparativo entre os anos de 2018 e 2022, nos quais os alunos mais pobres não melhoraram e permaneceram no mesmo patamar de uma educação sem qualidade.

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“Temos uma situação tremendamente desigual hoje. No último Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), tivemos resultados muito ruins, com 30% dos estudantes, ao final do ensino médio, apresentando resultados adequados em leitura e Língua Portuguesa e, apenas, 5% em Matemática. No ano passado, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) verificou que 56% dos estudantes do segundo ano não tinham letramento mínimo, não sabendo ler, escrever e nem identificar as letras. Outra avaliação da alfabetização, do Pirls, mostrou que apenas 13% dos alunos brasileiros do quarto ano são alfabetizados”, indicou Maria Helena.

Solução para a conquistar a equidade

Maria Helena disse que é preciso considerar a enorme desigualdade que existe no Brasil, levando em conta a diferença entre os estados e municípios, as diferentes condições, a diferença de recursos, as dificuldades e vulnerabilidades de cada local.

Cláudia Costin destacou o ODS 4, da Agenda 2030 da ONU (Organização das Nações Unidas), que trata, especificamente, sobre a Educação, como a solução para a resolução desta questão. 

“Para falar sobre o futuro da educação, sobre os cenários de ensino, não posso deixar de mencionar o ODS 4, que estabelece onde temos que chegar em 2030. O Brasil e mais 193 países decidiram que construiremos uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos. Algo difícil, afinal, a educação de qualidade e escolas de bom nível envolvem, inclusive, aqueles que nasceram em meio à vulnerabilidade. Temos que assegurar não apenas o acesso à educação primária e secundária, mas de forma igualitária e de qualidade. Isso quer dizer, dar mais para quem tem menos. Colocar os melhores diretores e os melhores professores nas escolas mais vulneráveis, que é exatamente o oposto que a gente faz no concurso público. Os professores escolhem quais escolas desejam ir e os últimos da terceira chamada completam o quadro”, enfatizou.

 Claudia-Costin-Colaborar

E sobre a qualidade do ensino, a executiva do Instituto Singularidades menciona que a relação está em prover resultados de aprendizagem relevantes e efetivos. Outro ponto importante, segundo Cláudia, trata sobre a primeira infância, inclusive, educação pré-escolar, para que os alunos estejam prontos para a educação privada, que, segundo ela, faz parte das etapas que irão preparar a transição dos alunos para a fase subsequente do ensino.

“Os dados mostram que não estamos resolvendo as questões básicas em educação com a rapidez necessária. A revolução digital vem substituindo postos de trabalho em uma velocidade sem precedentes na história. Toda a revolução industrial criou postos de trabalho e esta vai demandar competências muito mais complexas, porque os robôs não são capazes de ter pensamento crítico, o que nós, seres humanos, temos. E é isso que precisamos desenvolver por meio da educação, o que vai demandar uma formação de professores completamente diferente do que a gente possui. Vamos ter que ensinar o aluno a ser um pensador e a colaborar”, acrescentou Cláudia.

Raquel finalizou mostrando que o caminho para a equidade educacional passa das barreiras dos livros, envolvendo diversas outras competências, condições e, até mesmo, sentimentos dos alunos.

“A definição da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) para equidade diz que todas as escolas e sistemas educacionais devem ser capazes de promover e proporcionar oportunidades educacionais. Portanto, esse sistema e essas escolas devem ter a capacidade de garantir que os estudantes alcancem níveis semelhantes de bem-estar social, emocional, em áreas como satisfação à vida, autoconfiança e integração social durante a sua trajetória educacional. Temos uma dimensão que é da aprendizagem cognitiva e das competências, mas tem outra, que é a do aluno estar em um ambiente em que seja respeitado, acolhido, bem-tratado, potencializado em todas as suas capacidades de sentir, viver e experimentar. Isso quer dizer que esse sistema acolhe as diferenças”, encerrou.

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