A transformação de que a gente precisa
Tanto se fala da escola que não muda desde o fordismo, que até aquela crítica, com a imagem de uma escola de cem anos atrás e a foto de uma escola contemporânea com o mesmo jeitão, já está ganhando o mesmo ar antiquado que a própria constatação.
Outra colocação tão usada que já ficou sem graça de ouvir é que a pandemia e o isolamento permitiram que pessoas e instituições de ensino adotassem tecnologia com menos resistência e mais rapidez.
E não é que eu discorde disso. Na verdade, vejo isso também, mas o que ainda me deixa com a pulga atrás da orelha é que, apesar dessas constatações, as mudanças ainda são tímidas em grande parte do setor educacional. E essa pulga persistente incomoda porque nunca tivemos um cenário tão favorável para adoção de tecnologia para dentro e para fora da sala de aula.
Além da clara mudança de mentalidade, imposta pela necessidade, temos um sem-fim de oportunidades de ter tecnologia nos quatro cantos da escola, mas isso não necessariamente acontece.
Para se ter uma ideia, no mais recente mapeamento anual que fizemos no Comitê de Educação da Associação Brasileira de Startups (Abstartups), foram relacionadas mais de 700 startups com foco em resolver problemas das instituições de ensino, as chamadas edtechs. E globalmente falando, de acordo com a HolonIQ, temos startups relacionadas em 50 diferentes categorias.
Com esse cenário em mente, não é surpreendente que o uso de tecnologia não esteja nas salas de aula, nas secretarias, nas cantinas e nos portões das escolas?
Certamente é, mas talvez o que falte para o segmento de edtechs é justamente ensinar a quem sempre nos ensinou o que são as tais startups, o que a tecnologia pode fazer pelos alunos, professores, gestores, famílias e comunidade escolar. Mas, sobretudo, na minha visão, o que ainda falta é trazer gestores e educadores para perto dos processos de ideação que as edtechs sabem fazer muito bem e cada vez mais criar soluções para os problemas que mais afligem as escolas.
Com essa atitude, que logicamente exige vontade e disposição de ambos os lados, acredito que a distância entre necessidades e soluções diminuiria sensivelmente e, com isso acontecendo, começaremos a estar do mesmo lado. O lado da Educação.
E diminuir esse abismo que separa a educação do ecossistema de inovação é justamente o que a Bett Brasil busca deliberadamente fazer ao reunir um Conselho Consultivo que olha para verticais como educação formal básica e superior, educação profissional e corporativa e, ao mesmo tempo, para a horizontalidade das soluções das edtechs, que podem ajudar a solucionar esses grandes problemas de cada uma das verticais.
Sobre o autor:
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Leo Gmeiner
Cofundador e CBO da School Guardian
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*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.
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- Inovação