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Tutores inteligentes: ficção e realidade para o problema de Bloom

Lucia Dellagnelo
Tutores inteligentes: ficção e realidade para o problema de Bloom
Estudo mostra que alunos com tutoria individualizada apresentam níveis de aprendizagem significativamente mais altos


Em seu último livro intitulado “2041”, o chinês Kai-Fu Lee mostra os impactos da Inteligência Artificial (IA) por meio de contos de ficção que retratam a vida de pessoas no ano de 2041. Após cada conto, ele analisa as tecnologias com IA envolvidas nos cenários relatados.

O capítulo 3 é sobre educação e narra a experiência de dois irmãos gêmeos muito diferentes entre si e que frequentam uma escola que disponibiliza um tutor inteligente (bot com IA) personalizado para cada aluno. 

O tutor virtual é criado de acordo com o perfil de cada estudante e tem como função monitorar os níveis de aprendizagem e propor estratégias para o enfrentamento de desafios acadêmicos e até mesmo sociais. No livro, cada tutor virtual recebe nome e características próprias e, orientado por educadores e pais, torna-se parte importante no desenvolvimento de cada um dos irmãos.

Provavelmente, não precisaremos esperar até 2041 para que a ficção vire realidade. Recentemente, a Khan Academy anunciou a criação de seu assistente e tutor dotado de Inteligência Artificial chamado "Khanmigo". Ainda em fase de testes, o Khanmigo será tanto um assistente para professores no planejamento de aulas, como um tutor individual para estudantes.

Este tipo de tecnologia traz respostas para um problema da educação que parecia, até agora, impossível de ser resolvido em larga escala: a tutoria individualizada. O psicólogo Benjamin Bloom publicou, em 1984, um estudo que ficou conhecido entre pesquisadores como o “problema de 2 sigma”. 

O estudo mostra que alunos com tutoria individualizada apresentam níveis de aprendizagem significativamente mais altos (+2 desvios padrão) do que aqueles ensinados em uma sala de aula com um professor e 30 alunos. O problema seria a demanda por profissionais e o alto custo para realizar as tutorias em larga escala. A tutoria costuma ser um privilégio que poucos estudantes podem acessar.

Já na década de 80, Bloom imaginava que a tecnologia poderia fornecer respostas a esse problema. Mas ele ficaria surpreso com os avanços recentes da Inteligência Artificial, que tornou possível a criação de robôs (bots), capazes de identificar e propor estratégias de aprendizagem de forma personalizada para cada estudante. Ao fazer isso, podem atuar como assistentes virtuais para professores, auxiliando-os a criar experiências de aprendizagens que integrem momentos individuais e coletivos e atendam às necessidades de todos os seus alunos.

A Inteligência Artificial certamente possibilitará outras soluções importantes para garantir qualidade e equidade na educação. Mas a possibilidade de disponibilizar um tutor inteligente, que complemente e potencialize a ação dos professores, é sem dúvida uma contribuição extraordinária. Nosso compromisso deve ser garantir que estudantes tenham acesso à tecnologia para transformar tutoria individualizada de privilégio em direito de aprendizagem.

Sobre a autora:


*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

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