Brasil atinge 10 milhões de estudantes no ensino superior e vê a EaD ultrapassar cursos presenciais pela primeira vez
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O Brasil atingiu uma marca histórica na educação: mais de 10 milhões de estudantes matriculados no ensino superior em 2024, segundo dados do Censo da Educação Superior, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
O levantamento mostra que o crescimento foi impulsionado, sobretudo, pela expansão da educação a distância (EaD), que pela primeira vez superou o número de matrículas nos cursos presenciais. “Estamos com 10 milhões de estudantes, e essa é uma marca a comemorar. Uma parcela importante dessa população teve acesso à educação superior por meio de novas tecnologias”, destacou o presidente do Inep, Manuel Palacios.
De acordo com o Censo, 50,7% das matrículas em graduação no país são de cursos a distância, o que representa um aumento de 5,6% entre 2023 e 2024. Em uma década, o avanço da EaD foi ainda mais expressivo: crescimento de 286,7% entre 2014 e 2024. A modalidade tem sido fundamental para ampliar o acesso de estudantes de diferentes regiões, especialmente aqueles que vivem em cidades menores ou com menos oferta presencial.
O levantamento também revela as preferências dos brasileiros na escolha dos cursos. A Pedagogia continua liderando o ranking nacional, com 887.695 matrículas em 2024, sendo 733.253 na modalidade a distância. O número reforça o papel estratégico do curso na formação de professores e na ampliação da oferta de ensino para futuros educadores em todo o país.
Regulação e qualidade da EaD
O crescimento acelerado da EaD trouxe, junto com os avanços, uma preocupação central para o setor: como garantir a qualidade das formações ofertadas? Diante desse cenário, o Ministério da Educação (MEC) anunciou, em maio deste ano, a Nova Política de Educação a Distância, com regras mais rigorosas para as instituições de ensino.
Entre as principais medidas, está a proibição da oferta de cursos totalmente online. A partir das novas diretrizes, nenhuma graduação poderá ser 100% a distância, exigindo que ao menos 20% da carga horária seja cumprida presencialmente — seja em atividades realizadas nas sedes das instituições ou em polos externos, com professores e alunos reunidos fisicamente, ou ainda em aulas síncronas mediadas por tecnologia, como transmissões ao vivo.
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Além disso, as graduações em Medicina, Direito, Odontologia, Enfermagem e Psicologia deverão permanecer exclusivamente presenciais, em razão da natureza prática e técnica das formações. O objetivo é equilibrar a ampliação do acesso com o compromisso de assegurar padrões mínimos de qualidade e infraestrutura para o ensino.
Avaliação e novas políticas para o ensino superior
Durante a divulgação do Censo, Manuel Palacios destacou que 2025 será um ano decisivo para a regulação e avaliação da educação superior brasileira. O Inep realizará pela primeira vez dois exames nacionais voltados à aferição da qualidade da formação profissional: o Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed) e a Prova Nacional Docente (PND), voltada à formação de professores.
“Essas iniciativas, junto com o Censo da Educação Superior, compõem um arcabouço fundamental para a regulação e a avaliação da educação superior no Brasil”, afirmou Palacios. O presidente do Inep adiantou ainda que, a partir de 2026, o sistema de avaliação será aprimorado, com análises anuais das condições de oferta de todos os cursos e verificação de polos presenciais, inicialmente por meio de amostragem.
Fonte: Ministério da Educação e G1.
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