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21 ago 2023

Como ajudar nossas crianças e adolescentes a crescerem emocionalmente?

Sandra Andrade Scapin
Como ajudar nossas crianças e adolescentes a crescerem emocionalmente?
O papel do adulto é fundamental para o desenvolvimento socioemocional na família e na escola

Nunca foi tão importante refletir sobre o desenvolvimento socioemocional como nos tempos atuais!

Temos vivido tempos de tensões constantes nos diferentes grupos sociais, muita intolerância à diversidade e polarização de ideias. Estamos continuamente preocupados com a nossa imagem pessoal e a influência das redes sociais na nossa vida, não temos possibilitado situações concretas de desenvolvimento da autonomia, mas ao contrário temos visto famílias superprotetoras, com modelos de adultos nem sempre tão significativos.

E, ainda, não podemos nos esquecer que crianças estão muito vulneráveis na tomada de decisões assertivas porque o córtex pré-frontal é a última parte do cérebro a se desenvolver, o que só ocorre por volta dos 25 anos.

Diante deste quadro é urgente que as escolas e famílias invistam no desenvolvimento socioemocional das crianças e adolescentes para que elas aprendam a lidar com os desafios do cotidiano, estabeleçam relações interpessoais mais assertivas e maduras, adquiram melhor desempenho acadêmico e preparem-se para a vida adulta bem-sucedida.

Para isso, precisamos começar com o desenvolvimento dos cinco eixos fundamentais da inteligência emocional. Vejamos o primeiro! É preciso desenvolver a Autoconsciência, o Autoconhecimento, isto é, reconhecer quais são minhas potências e facilidades, quais são minhas dificuldades e fraquezas, como transformá-las em potências, quais são meus desejos.

A partir desta reflexão pessoal, podemos favorecer o desenvolvimento de maior qualidade de vida e bem-estar de nossas crianças e adolescentes para que se aceitem como são. Para isso, é muito importante que o adulto ofereça reforços positivos a comportamentos assertivos, que reconheça o valor e esforço de seus filhos e alunos nas pequenas ações e que sejam modelos de coerência e constância em ações baseadas em valores e princípios.

socioemocional

Um segundo eixo é o Autocontrole, que implica em favorecer habilidades para ajudar a saber como lidar com conflitos e opiniões diversas, como expressar sentimentos e emoções. Para isso, o adulto deve ajudar a desenvolver o reconhecimento das emoções e sentimentos, ajudar a nomeá-los e ajudar a criança e adolescente a, além de verbalizá-los, saber expressá-los de maneira adequada de modo a manifestar respeito e empatia.

O terceiro eixo é a Consciência Social, que deve nos permitir reconhecer e respeitar o outro na sua individualidade dentro dos espaços coletivos, respeitar as diferenças. Para isso, é preciso exercitar a tolerância, a argumentação para a defesa de diferentes pontos de vista.

Um quarto eixo é a Gestão de Relacionamento, que implica o exercício da empatia, da cooperação e da responsabilidade coletiva. Para este desenvolvimento, nós adultos precisamos incentivar o olhar para as características do outro, para o reconhecimento da liberdade pessoal até que se respeite a liberdade do outro e devemos ainda promover a reflexão de que temos compromissos coletivos para o bem comum.

E por último, mas não menos importante, é preciso que desenvolvamos a Habilidade Apaziguadora, isto é, a cultura de paz, do respeito, da tolerância e da flexibilidade. Podemos, para isso despertar o olhar de nossas crianças e adolescentes para pessoas que na atualidade lutam por este ideal.

Para o desenvolvimento destes eixos não podemos nos esquecer de que precisamos cuidar de questões corriqueiras do cotidiano que muito contribuirão para o desenvolvimento integral de nossas crianças e adolescentes. É preciso lembrar que este processo é uma atitude de constância nas ações da nossa rotina e, por isso, no nosso dia a dia precisamos cuidar para que incorporemos ações realmente adequadas.

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Vejamos alguns exemplos que podem ajudar o adulto neste propósito ao perceber algo a ser melhorado: para lidar com a instabilidade emocional, a irritação, as oscilações de humor tão características da adolescência, por exemplo, são muito importantes que o adulto traga reflexões sobre a diferença entre o mundo real e o mundo virtual exposto nas redes sociais.

É preciso despertar o desenvolvimento da resiliência, isto é, da aceitação do Não, do erro, do fracasso como oportunidades de crescimento pessoal e, para isso, jogos em equipe e jogos de tabuleiro podem ajudar muito a desenvolver habilidades de esperar a vez, respeitar a vitória do outro e tolerar a própria derrota, além de desenvolver a argumentação e a troca de ideias.

Para ativar novos interesses, é muito importante que ofereçamos sempre novos desafios e que oportunizemos mudanças de rotina para que, por exemplo, crianças e jovens não fiquem presos à rotina do uso do celular, mas sejam incentivados a viver experiências variadas; outra sugestão é criar espaços de conversa no cotidiano para que adultos e crianças, troquem ideias, assumam compromissos diversos e combinem juntos atividades de lazer que os motivem.

Além disso, é importante que nós adultos pensemos em como contribuir com uma disciplina positiva, pautada na atenção, no respeito e na empatia de modo a focar nossas ações no desenvolvimento de soluções e não sanções. Para isso, é preciso fazer uso de uma comunicação não-violenta que gere habilidades para uma vida bem-sucedida diante dos conflitos, por exemplo.

Neste processo, o erro e a falha devem ser vistos como possibilidade permitida e vistos como oportunidades de crescimento e superação. Neste processo, incentivamos habilidades de ouvir e ser ouvidos, de julgar as próprias ações e sentimentos.


Neste processo, em que desenvolvemos maior qualidade nas relações, será permitido: escolhas limitadas, adequadas e aceitáveis; será possível também definir funções nos diferentes momentos e que sejam rotativas entre filhos e ou alunos; será possível agir mais do que falamos a partir de contratos pré-estabelecidos; vamos poder ainda desafiar positivamente nossos filhos/ alunos; dizer não com respeito; criar horas de lazer conjuntas e estabelecer limite para o uso de telas (0 a 6 anos - 1/2 hora diária; 6 a 13  anos - 1h diária; a partir de 13 anos - 2h diárias, segundo a Associação Brasileira e Americana de Pediatria) e definir a parada de uso de redes  uma hora e meia antes de dormir.

Mas sabemos que nada disso é um processo fácil, especialmente quando alguns hábitos já estão arraigados e então será preciso pensar sobre como trabalhar com as negativas para as crianças e adolescentes?

Para começar, pais e professores devem dizer não - sem discussão num tom de voz tranquilo e até com um sorriso respeitoso e não irônico; além disso, é preciso que se estabeleçam condições - “Se você arrumar a cama antes de ir para a escola, na volta terá 1/2 hora para descansar ou brincar antes da tarefa e sempre terminar com um questionamento – “Não, porque nesta festa tem bebida e você só tem 12 anos. Você tem algum argumento?”.

Pais e professores devem trabalhar o desenvolvimento de limites como oportunidade de crescimento para uma vida mais estável e, para isso, também não podem se esquecer que precisam olhar para si para, também, desenvolver o seu autoconhecimento e autocuidado para estarem inteiros nesta relação tão importante de formação de nossos filhos e alunos. Cada um de nós, adultos, precisamos exercer nossa autoridade de educadores, pois isso fará toda a diferença na formação integral de nossas crianças e adolescentes no decorrer das diferentes fases da vida!

Sobre a autora:


*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

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