Gestores, prontos para o 2º semestre?
Ouvi ou li, numa ocasião, uma ideia de Léo Fraiman, em que ele colocou que “nossa profissão é quase nosso sobrenome” e não é que é isso mesmo! O que fazemos é nossa segunda pele, é o que nos dá uma identidade profissional e que muitas vezes se confunde com nossa identidade pessoal. Você já pensou nisso?
Num mundo em constante mudança em que a autogestão, a capacidade de saber relacionar-se, o espírito empreendedor e a aprendizagem ao longo da vida são características fundamentais, as habilidades socioemocionais tornam-se o grande diferencial de nossa atuação.
Diante de tantos desafios e da necessidade de garantirmos, como gestores(as), que possamos ser uma referência positiva nas relações interpessoais, é fundamental que saibamos desenvolver o autocuidado para que possamos gerir as equipes de maneira eficiente e assertiva. Eu diria até que precisamos empoderar o(a) gestor(a) para além da função que ocupa, mas empondera-lo(a) na sua identidade pessoal e profissional.
E como podemos fazer isso neste início de 2º semestre que é um período que nos exige tanto?
Precisamos sensibilizar o olhar do(a) gestor(a) para que se desperte para um novo olhar para si próprio(a), revendo suas motivações intrínsecas e extrínsecas, seus verdadeiros propósitos, ele(a) deve ainda valorizar o seu processo de formação contínua pois, por muitas vezes, a nossa atuação é muito solitária e precisamos nos reabastecer continuamente, afinal, parafraseando Gilberto Gil, “ ninguém dá o que não tem”, é urgente ainda que estejamos atento(a) para o desenvolvimento das suas habilidades socioemocionais e de uma consciência institucional coletiva.
Ao pensarmos na importância de despertar-se para um novo olhar para si próprio(a), gestores e gestoras devem manter-se atentos a como olham o mundo e as situações, se com otimismo ou pessimismo, como reconhecem suas potências e fraquezas num processo de autoconhecimento, como estão em relação às hard skills (conhecimentos didáticos e específicos, domínio de tecnologia, ampliação da visão de mundo – cultura) e soft skills (competências socioemocionais, relações interpessoais, gestão do tempo).
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Neste contexto ainda, é fundamental refletir sobre a forma de encarar a vida, a realidade do ambiente de trabalho. O ideal é encarar o dia a dia com otimismo de modo que demonstrem persistência, energia, flexibilidade e procurem ressaltar a qualidade do trabalho dos colaboradores, porém sempre com transparência e verdade.
Neste olhar otimista, a gestão encara o erro como ocasional e decorrente de um fator específico, além de promover por meio de feedbacks construtivos, a confiança entre os seus colaboradores. É fundamental então, afastar-se do pessimismo onde tudo seja encarado como problema e não como desafio para o crescimento pessoal e do ambiente. Isso desenvolve a autoconfiança e a confiança da equipe. Ainda neste primeiro aspecto, a motivação intrínseca é uma importante aliada, pois mobiliza o desejo pessoal de avançar, crescer e desenvolver-se a partir de um percurso traçado a partir de objetivos próprios.
O segundo aspecto que ajuda a mobilizar o investimento em si próprio é a formação contínua do(a) gestor(a). O(A) gestor(a) deve ver a aprendizagem como um valor e não só como um dever. A partir deste olhar deve:
- Fixar metas de curto prazo para sua capacitação contínua - o que preciso melhorar e como farei o percurso. Deve ver a dificuldade como fonte de motivação para analisar causas e rever estratégias;
- Não se paralisar pelo medo, avançar acreditando na sua preparação e aproveitar oportunidades variadas para traçar novos caminhos junto com a equipe;
- Comprometer-se com as metas pessoais e institucionais, assumir responsabilidades, ser fiel aos planos e objetivos, acompanhar o trabalho no dia dia para sentir-se seguro para fazer os apontamentos necessários;
- Colocar os talentos individuais a serviço da equipe, reconhecer-se como elemento complementar do processo e ver o sucesso como dependente da construção da consciência coletiva.
Em relação ao terceiro aspecto que diz respeito ao desenvolvimento das competências socioemocionais deve reconhecer que crescemos neste aspecto pela interação, pela reflexão e pela partilha. Assim desenvolvemos a empatia, a resiliência e o respeito. Deve desenvolver uma reflexão contínua sobre suas potencialidades e limitações e buscar formas de superar suas dificuldades para que possa caminhar rumo ao bem-estar pessoal e ao sucesso institucional.
É importante também que o(a) gestor(a) reflita sobre seus momentos de estresse: são pontuais ou crônicos? Todos temos fases em que somos mais exigidos, mas quando a exigência excessiva se torna constante é preciso ligar o alerta para evitar que a fadiga física e emocional se transforme em Burnout. Assim, permita-se momentos de autocuidado (reflexão, lazer, sono e exercício físico).
No que diz respeito ao desenvolvimento da consciência institucional coletiva é preciso alinhar junto à equipe o propósito institucional, torná-lo claro para toda a equipe de modo a garantir que gestão e equipe andem alinhadas rumo ao alcance dos objetivos. Isso muito contribui com o menor desgaste da gestão e das equipes.
Desta forma, garantimos o melhor alinhamento da atuação ao desenvolvimento do PPP e contribuímos com a criação de uma equipe como uma rede de apoio. Propósitos alinhados, comunicação clara e objetiva, monitoramento respeitoso com feedbacks assertivos geram ambientes de trabalho mais saudáveis onde todos crescem pessoal e profissionalmente.
E você, gestor(a), está preparado(a) para esta nova etapa? Permitiu-se parar para fazer um balanço de seu perfil de trabalho, de sua saúde mental?
Sobre a autora:
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Sandra Andrade Scapin
Pedagoga e especialista em docência do Ensino Superior pela PUC-SP
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.
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