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Como a neurociência pode apoiar a inclusão nas escolas é tema de painel no Fórum de Gestores

Redação Bett Blog
Como a neurociência pode apoiar a inclusão nas escolas é tema de painel no Fórum de Gestores
Especialistas abordaram o potencial das ferramentas de neurociência para ampliar a inclusão em instituições de ensino

A cada dia a ciência em geral − e a neurociência em particular −, trazem novos conhecimentos aplicáveis à educação. Contudo, ainda existe grande desconhecimento dos profissionais da área sobre ferramentas consolidadas há décadas e que seriam de enorme valia para promover a inclusão nas escolas.

O alerta foi dado pela presidente da Turma do Jiló, Carolina Videira, organização que é um ecossistema de ações inclusivas, no painel “Explorando o potencial da neurociência para promover a inclusão”, que aconteceu no Fórum de Gestores, durante a 29ª edição da Bett Brasil, em abril. O painel foi mediado pela diretora pedagógica no município de Tarumã-SP, Juliana Tonelo.

“Até hoje poucos professores conhecem a principal ferramenta desenvolvida ainda nos anos 80 e utilizada até hoje, que é a DUA (Desenho Universal de Aprendizagem). Ela fornece múltiplas formas de representação de conteúdo, ação, expressão e engajamento dos alunos. Um currículo e uma aula baseada em DUA, na verdade, atende todo mundo, e não apenas alunos com necessidades especiais. Quando a gente é capaz de ensinar ao diferente, todos os alunos se beneficiam”, enfatizou Carolina.

Para a especialista, fazer apenas o básico com uma ferramenta consolidada e reconhecida, já representaria um grande avanço na inclusão apoiada em neurociência. Outro ponto destacado por ela diz respeito à necessidade de focar nas habilidades dos alunos com necessidades especiais. “Carregamos crenças e “neuro mitos” de que essa criança não está preparada, que não aprende, o que não é verdade. O direito à educação não é um favor e não pode ser um privilégio”, concluiu.

Carolina-Fórum-Gestores-Bett-Brasil

Juliana iniciou sua fala desfazendo o que considera uma grande confusão – a diferença entre educação inclusiva e especial. “A educação inclusiva diz respeito a toda a comunidade escolar. Na perspectiva da neurociência, a diversidade somos todos nós, os oito bilhões de habitantes do planeta. Cada um é diferente do outro e enfrentará alguma dificuldade motora ou cognitiva em algum momento da vida. Se não desenvolvermos um ambiente de inclusão, podemos não ter espaço para nós mesmos no futuro”. Ela afirmou que é na educação especial, e não na inclusiva, que se inserem as necessidades de AHSD, TEA e TDH, entre outras.

A neurocientista e psiquiatra Telma Pantano discorreu sobre como o cérebro aprende, suas capacidades e limitações, bem como sobre a capacidade de concentração e atenção de crianças e adultos.

O máximo de tempo que o cérebro de um adulto consegue manter o foco de atenção é de 12 a 14 minutos. Em uma criança esse tempo não passa de quatro a cinco minutos. Por esse motivo, quando se pensa na inclusão, com base no processamento cerebral, é preciso refinar estratégias de atenção para atender necessidades em ansiosos, TDH, TEA e outros, nos quais esse tempo de atenção é ainda menor.

Telma-Pantano-Fórum-Gestores-Bett

Segundo a neurocientista, existem motivações internas e externas para o aprendizado. Tanto crianças como adolescentes e adultos, especiais ou não, precisam de riqueza sensorial. E nenhuma escola consegue manter a motivação externa por muito tempo.

“O ponto básico das neurociências é que não há uma regra ou modelo de aprendizagem. Quem dá a funcionalidade do cérebro é a interação do indivíduo com o ambiente. Não é o ensino que vai dar essa motivação, mas sim o significado que o ambiente da escola representa para a criança. É o vínculo dela com esse ambiente que vai motivá-la a aprender”, explicou.

Por isso, ela defende que é preciso ensinar os alunos a pensar com uma riqueza sensorial a ponto de dar um significado à experiência do aprendizado. Segundo Telma, o cérebro de quem tem alguma necessidade especial não enxerga a disfunção.

“O cérebro de todos tem limitações. Só quando elas são mais acentuadas é que consideramos uma pessoa com necessidades especiais. O cérebro de cada um trabalha em sua potencialidade máxima, de acordo com a estimulação que recebe. Quanto mais estímulos, mais ele se desenvolve”, explicou Telma, que coordena a equipe multidisciplinar do hospital dia Infantil do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

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