Como os professores podem desenvolver o pensamento criativo?
“Pensar fora da caixa" é uma expressão popular muito utilizada para encorajar novas abordagens a problemas antigos de maneiras inovadoras e criativas, fugindo dos padrões e soluções convencionais. Esse mesmo significado pode ser aplicado ao pensamento criativo, uma habilidade que está emergindo no setor de educação, sendo considerada essencial para o desenvolvimento integral dos estudantes.
Ao incentivar a exploração e a resolução de problemas de maneira original, as instituições de ensino transformam suas abordagens pedagógicas, promovendo ambientes que valorizam a curiosidade e a liberdade de expressão.
Recentemente, um exemplo prático de pensamento criativo na sala de aula viralizou nas redes sociais. O vídeo mostra o professor Iran Pontes, em uma escola no Recife (PE), entregando a nota da prova em forma de “raspadinha”, isto é, os alunos precisaram remover uma camada de tinta para descobrir a pontuação.
"Todo professor precisa de repertório. É essencial ter um conjunto de ideias e soluções para recorrer em situações específicas que exijam criatividade e inovação", diz Pontes. Ele destaca que a ideia das "raspadinhas" não é nova e provavelmente já era utilizada por professores nos anos 90, embora naquela época, sem a internet e as redes sociais, essas práticas não ‘viralizassem’ como hoje.
Pontes compartilha que sua inspiração veio de muitas pesquisas nas quais encontrou professores usando atividades como raspadinhas, carimbos, adesivos e memes nas notas. “Pensei: por que não trazer algo lúdico para os meus alunos, que adoram atividades desse tipo? A ludicidade é fundamental para o desenvolvimento cognitivo dos estudantes", explica.@iranpontesm Entreguei as notas dos alunos como uma raspadinha. #escola ♬ FEEL THE GROOVE - Queens Road, Fabian Graetz
Ele observa que, embora a ideia pareça simples, há um processo cognitivo complexo envolvido. "O meu objetivo era engajar os alunos de forma mais intensa em um momento de atenção. Independentemente da disciplina - seja matemática, história, artes ou educação física - a ludicidade atrai a atenção dos alunos e cria um ambiente de engajamento total", aponta o educador.
Pontes compartilhou a experiência de ver toda a turma engajada durante a atividade lúdica. "Os alunos se envolveram 100%, sorriram, gritaram, se animaram e já estão pedindo para fazer de novo. Mas é preciso inovar constantemente, trazer um novo olhar e ressignificar as práticas, senão perde a graça", observa.
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Ele reconhece que muitos professores têm pouco tempo disponível para desenvolver práticas assim, mas ressalta a importância de encontrar estratégias para engajar os alunos. "Se conseguir encontrar um tempo para trazer ludicidade em forma de raspadinha de nota, ótimo! Mas, o professor que passa um vídeo, faz uma dinâmica, ou até apresenta um podcast de cinco minutos em sala de aula, também merece reconhecimento. Essas práticas lúdicas, ativas e criativas tornam o aprendizado mais prazeroso para os alunos", destaca Pontes.
O educador menciona ainda os "três F’s da aprendizagem" propostos pelo professor Luciano Meira. "Um desses F’s é o 'Fã', que envolve diversão e ludicidade. Seja com raspadinhas, feiras literárias, maquetes ou experimentos químicos, precisamos trazer cada vez mais essas práticas para nossos alunos", acrescenta Pontes.
5 dicas para desenvolver as práticas ativas
O professor Iran Pontes é designer especializado em comunicação digital, licenciado em artes e mestre em design. Abaixo, ele listou cinco dicas direcionadas para os professores que pretendem inserir o pensamento criativo em suas práticas na sala de aula, mas ainda não sabem como começar.
1 - Pesquise na internet práticas ativas dentro da disciplina em que atua para ampliar o seu repertório. Vale assistir a vídeos no TikTok, Instagram ou YouTube de outros professores que já estão fazendo algo interessante.
2 - Converse com os seus gestores escolares sobre a possibilidade de trazer novas formações continuadas focadas em práticas ativas de aprendizagem, com conteúdos de cases reais que vão acrescentar no repertório dos docentes da escola.
3 - Faça cursos sobre metodologias ativas. Existem cursos online e presenciais, desde formações curtas, que podem ser opções que se adequam melhor ao seu ritmo ou até pós-graduações específicas em metodologias ativas.
4 - Troque experiências com colegas de escola, em especial observando aqueles que já estão realizando práticas inovadoras. Peça dicas, compartilhe ideias e participe de eventos como a Bett Brasil, onde é possível conhecer novas tecnologias, conteúdos e ferramentas de práticas ativas oferecidas por empresas e sistemas de ensino.
5 - Aprenda com o ChatGPT. O uso de ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT, no planejamento de aulas pode ser um grande aliado, assim como outras IA’s Generativas, como o Gemini, do Google, ou o Copilot, da Microsoft. Essas ferramentas oferecem insights interessantes, porém é essencial aplicar o pensamento crítico. Não se trata apenas de copiar e colar, é preciso avaliar e integrar essas ideias com sua própria experiência.
Quer saber mais sobre esse assunto? O professor Iran Pontes participou do Conexão Bett, programa de entrevistas da Bett Brasil, e explica mais sobre práticas ativas em sala de aula. Assista ao episódio completo abaixo ou nas principais plataformas de áudio, como como Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts, entre outras e no portal do Educador21.
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