COP30: preparar as novas gerações é essencial para enfrentar a crise climática
A capital do Pará, Belém, se tornou o centro das atenções mundiais ao sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30. O evento reúne chefes de Estado, especialistas e representantes da sociedade civil para discutir as medidas necessárias a fim de limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5 °C até o final do século.
Essa é a meta mais urgente do Acordo de Paris, firmado em 2015, e considerada decisiva para evitar o agravamento dos impactos ambientais e sociais das mudanças climáticas.
Um alerta de que o planeta está cada vez mais próximo de ultrapassar seus limites veio com a divulgação do relatório Global Tipping Points 2025, em outubro deste ano. Elaborado por 160 cientistas de diversos países, o documento aponta que a Terra pode já ter atingido seu primeiro ponto de não retorno climático: o branqueamento dos recifes de corais provocado pelo aumento da temperatura dos oceanos.
Segundo o estudo, “já com um aquecimento global de 1,4 °C, os recifes de corais de águas quentes estão ultrapassando seu ponto de inflexão térmico e sofrendo uma perda sem precedentes, prejudicando os meios de subsistência de centenas de milhões de pessoas que dependem deles”.
Os pesquisadores também chamam a atenção para outros sistemas em risco, como o derretimento das calotas polares e a combinação entre secas prolongadas e desmatamento na Amazônia.
Educação ambiental nas escolas
Com o país no centro das discussões globais, a COP30 representa mais do que um evento diplomático: é uma oportunidade para o país colocar em pauta a importância da educação ambiental como política pública e prática cotidiana nas escolas. Afinal, a escola é o primeiro ambiente em que crianças e jovens aprendem a observar o mundo, compreender as relações entre sociedade e natureza e pensar em soluções para os problemas que os cercam.
No Brasil, as consequências das mudanças do clima têm provocado interrupções no calendário letivo e afetado a aprendizagem de milhões de estudantes. Enchentes, queimadas e ondas de calor extremo têm forçado alunos e professores a deixarem temporariamente as escolas, muitas vezes sem garantia de continuidade do ensino. E, quando as aulas são transferidas para o formato remoto, a desigualdade digital e a falta de estrutura agravam o problema.
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Um levantamento recente do movimento Todos Pela Educação, divulgado no documento “Educação Resiliente”, mostra que mais de 34% das escolas brasileiras precisaram suspender as aulas em 2023 devido a eventos climáticos extremos. O relatório faz um diagnóstico alarmante sobre a vulnerabilidade das redes de ensino diante da crise ambiental.
Um trágico exemplo foi o impacto do recente tornado que devastou localidades no Paraná, incorrendo em vítimas fatais, incontáveis prejuízos e que forçou a suspensão da realização da prova do ENEM na região.
Segundo o estudo, 77% das escolas não possuem planos de emergência e 90% nunca realizaram simulações de desastres, o que significa que milhões de estudantes e profissionais da educação estão despreparados para enfrentar situações de risco.
Para enfrentar esse cenário, o relatório apresenta 25 recomendações concretas para fortalecer o sistema educacional brasileiro frente à crise ambiental. Entre as principais medidas estão a criação de protocolos nacionais de segurança e continuidade das aulas, a integração da educação climática aos currículos escolares, a capacitação de professores e gestores para resposta a emergências e a revisão dos critérios de financiamento público, de modo que obras e equipamentos voltados à adaptação climática sejam incluídos nas prioridades das redes de ensino.
As propostas, elaboradas a partir de evidências nacionais e internacionais, escutas com redes de ensino e mapeamento de práticas já existentes, têm como objetivo incorporar o conceito de resiliência climática à política educacional brasileira. A realização da COP30 em território brasileiro reforça a urgência desse debate.
Fonte: CNN e Todos pela Educação.
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