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22 jul 2025

Desafios e oportunidades da IA na educação

por Guilherme Cintra
Desafios e oportunidades da IA na educação
Foto: Freepik
Como edtechs podem se manter resilientes e oferecer novas chances de transformação

Em um momento em que instituições de ensino buscam por maior eficiência e personalização, também estamos diante de um salto tecnológico, que tem transformado a tecnologia em uma importante aliada. O amadurecimento de aplicativos e modelos de linguagem, como o ChatGPT, nos coloca mais próximos de um ideal antigo na educação: um tutor para cada aluno e um assistente para cada professor. Não se trata mais de um futuro distante – já estamos vendo essas possibilidades ganharem forma.

Ao mesmo tempo, temos uma fase extremamente desafiadora do ponto de vista financeiro. Para construir soluções que batam de frente com as Big Techs é necessário capital. Só como exemplo, a Google lançou gratuitamente para quem tem o Workspace for Education mais de 30 ferramentas baseadas em IA generativa. E, os números não mentem: no auge, em 2021, impulsionado pela pandemia, o setor de EdTechs viu 117 deals totalizando US$ 503 milhões de dólares investidos na América Latina. Ano passado, foram apenas 23 aportes e US$ 35 milhões. E esse ano não está parecendo melhor até aqui (Dados do Report da Distrito “EdTech Report 2025).

Já para quem está na linha de frente da gestão escolar, o desafio é claro: como manter a operação funcionando sem deixar passar as oportunidades de transformação que o momento oferece? Assim, esse texto busca inspirar e gerar reflexões a gestores escolares e de EdTechs para não se perder em meio ao hype e valorizar o que importa.

Do ponto de vista da tecnologia educacional, há quatro fundamentos que seguem imutáveis e que deveriam nortear qualquer estratégia de curto e longo prazo.

  • Usabilidade em primeiro lugar. O erro clássico de muitas edtechs é de construir soluções a partir da própria experiência de quem está a desenvolvendo. Essa visão é, muitas vezes, privilegiada e vem de uma realidade diferente do estudante médio e do professor na ponta. Sem escuta ativa e empatia, nenhuma tecnologia se sustenta. Nesse sentido, um bom produto é aquele que resolve o problema do usuário, não o que reforça convicções pessoais do empreendedor.
     
  • A tecnologia deve simplificar, não complicar. Produtos que demandam esforço extra, inputs complexos e processos manuais só sobrecarregam o usuário que já está no limite. A tecnologia precisa ser aliada do professor e da comunidade escolar, não mais uma camada de dificuldade.
     
  • O diferencial ainda é humano. A tecnologia pode, e deve, assumir tarefas repetitivas, mas o que realmente transforma a jornada de aprendizagem são as interações humanas de qualidade. Um bom uso da Inteligência Artificial é aquele que libera tempo para que educadores atuem onde são insubstituíveis, para além da questão pedagógica: na escuta, no acolhimento, na mediação de conflitos e na construção de vínculos.
     
  • Os objetivos da educação permanecem os mesmos. Independentemente da tecnologia, a educação sempre terá como foco formar alunos capazes de pensar criticamente, colaborar, resolver problemas e se adaptar ao mundo em constante transformação, desenvolvendo habilidades, competências e valores que os preparem para a vida em sociedade.

A partir desses pilares, é possível olhar para algumas oportunidades concretas que a IA já está trazendo para o setor de educação, como a criação personalizada de conteúdo. Nunca foi tão viável produzir materiais adaptáveis a diferentes níveis de aprendizagem e contextos, com custos menores e produções mais ágeis.

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Outra oportunidade importante é o ensino de idiomas e escrita com feedback em tempo real. Com a IA, tarefas antes repetitivas e operacionais, que exigiam tutores especializados, agora podem ser facilitadas e escaladas com qualidade. Ferramentas de correção automatizada de textos e fluência estão ganhando tração e democratizando o acesso a habilidades linguísticas.

Não podemos deixar de falar das avaliações. A IA permite ciclos avaliativos mais curtos e precisos. O professor não precisa ter habilidades de programação para usar os dados a seu favor e basta acessar as ferramentas para que as respostas e as análises sejam entregues de forma mais simples.

Além das avaliações, podem ser parcialmente delegados a um assistente virtual: planos de aula, listas de exercícios e atendimento a dúvidas básicas dos alunos. Com isso, o professor ganha tempo para o que realmente importa: ensinar com propósito.

Em termos de tutoria personalizada em escala, temos exemplos como o da Khan Academy. A organização já testa tutores baseados em IA que ensinam por meio de perguntas para estimular o raciocínio dos alunos. A busca é por escalar um acompanhamento individualizado e responsivo, sendo a ferramenta um apoio ao professor. Estados como São Paulo, Paraná e Ceará são exemplos de locais que já utilizam essa tecnologia.

A verdade é que o setor educacional como um todo vem sendo impactado cada vez mais pela tecnologia. Quem conseguir integrar essas ferramentas com inteligência e responsabilidade terá uma chance de entregar o que o Brasil sempre buscou: ensino personalizado, acessível e em escala.

A IA não vai substituir professores, coordenadores ou gestores. Máquinas e pessoas têm naturezas distintas. Enquanto a IA reconhece padrões e processa dados em escala, os humanos são insubstituíveis em compreensão, criatividade e julgamento ético. O segredo está na combinação: a tecnologia deve potencializar nosso trabalho, não competir com ele.

Com tantas mudanças, é preciso resiliência por parte das edtechs, já que a sobrevivência, no médio e longo prazo, exige experimentação estratégica e novas tecnologias que surgem o tempo todo. É hora de reservar, ainda que uma pequena parte do tempo e do orçamento, para testar, aprender e se adaptar a esse novo tempo que já chegou.

Sobre o autor:


*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

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