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12 mar 2025

Educação climática: como preparar as novas gerações para enfrentar a crise ambiental

Redação Bett Blog
Educação climática: como preparar as novas gerações para enfrentar a crise ambiental
Foto: Bett Brasil
Em entrevista ao Conexão Bett, o diretor do Movimento Escolas pelo Clima, Edson Grandisoli, fala sobre os impactos das mudanças climáticas extremas na educação e o papel das escolas na formação de cidadãos conscientes

As condições climáticas extremas deixaram de ser uma previsão futura e se tornaram parte do presente. Para o diretor da Reconectta e do Movimento Escolas pelo Clima, Edson Grandisoli, os avanços da ciência nos últimos anos deixam claro que as mudanças climáticas estão em curso e resultam diretamente das atividades humanas.

"A ciência climática evoluiu muito nos últimos cinco, dez anos. O que antes não era certeza ou não tinha dados suficientes para embasar discussões, hoje está amplamente comprovado. Já sabemos, com mais de 99,9% de certeza, que a mudança climática está acontecendo e que ela está diretamente relacionada com as ações humanas", afirmou Grandisoli.

O especialista alertou que o aquecimento da superfície do planeta, da atmosfera e dos oceanos tem provocado eventos climáticos extremos com maior frequência e intensidade. "Infelizmente, essa é a nossa nova realidade e precisamos enfrentá-la, com uma visão positiva e voltada para soluções, apesar dos desafios", acrescentou Grandisoli, durante sua participação no episódio ‘Como a crise climática afeta a educação?’, do Conexão Bett.

Assista ao episódio completo:


Educação climática: um caminho para a ação

Diante desse cenário, a educação climática surge como um instrumento essencial para a formação de cidadãos engajados na mitigação dos impactos ambientais. No entanto, Grandisoli ressalta que o conceito ainda está em desenvolvimento no Brasil.

"A educação climática, ou educação ambiental climática, como estamos começando a chamar por aqui no país, ainda é algo novo em termos de definição, metodologias e diretrizes. Mas é fundamental que tenha alguns pilares bem definidos", explicou.

Entre esses pilares, ele destacou a importância de trabalhar com base na ciência climática, entender a realidade local e promover ações concretas dentro das escolas. "Não basta apenas conhecer os dados, é preciso olhar para nosso território, nossa comunidade, e entender como podemos agir. Existem muitos caminhos, desde a criação de hortas, a utilização de energia limpa até o cálculo da pegada de carbono da escola", exemplificou.

Grandisoli também enfatizou a relevância do histórico da educação ambiental no Brasil e na América Latina, no qual o tema vem sendo trabalhado há décadas. "Temos uma tradição de 50, 60 anos de educação ambiental, com leis e políticas nacionais. Por isso, ainda utilizamos ambos os termos: educação climática e educação ambiental climática. O primeiro documento com diretrizes para essa temática, por exemplo, leva esse nome para valorizar nossa trajetória", destacou.

Desafios para implementação nas escolas

Apesar da urgência do tema, levar a educação climática para as escolas ainda enfrenta desafios. O primeiro deles, segundo Grandisoli, é garantir formação de qualidade para os professores.

"Precisamos oferecer capacitação para que os educadores se sintam preparados para abordar essa questão. Além disso, é essencial que a educação climática não seja tratada como um tema isolado, mas que esteja presente em diferentes componentes do currículo", argumentou.

Ele ressaltou que, por ser um tema complexo, o ensino sobre mudanças climáticas não pode se limitar às disciplinas de Biologia, Geografia e Ciências. "O assunto deve percorrer diferentes áreas do conhecimento e envolver também os professores polivalentes da educação infantil e do ensino fundamental I. Eles têm um papel importante na sensibilização dos estudantes e na construção de soluções", afirmou.

Grandisoli afirmou que, mais do que um debate acadêmico, a educação climática precisa resultar em ação. "Nosso objetivo é que professores e alunos desenvolvam iniciativas concretas em suas escolas e comunidades. Precisamos transformar conhecimento em atitude e preparar as novas gerações para enfrentar os desafios climáticos que já estão entre nós".

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Impacto emocional das mudanças climáticas

Além das consequências ambientais, a crise climática tem gerado um impacto emocional significativo, especialmente entre os jovens. O aumento da ansiedade climática, ou ecoansiedade, tem sido uma preocupação crescente.

"A forma como a mudança climática vem sendo comunicada, tanto na mídia quanto pelos cientistas, é realista, porque traz dados concretos. Mas, ao mesmo tempo, acaba sendo catastrófica. Fala-se do derretimento da calota polar, da elevação do nível do mar, dos furacões e das ondas de calor, como a que vivemos no Brasil. Tudo isso é realidade, mas as pessoas também precisam saber que já existem soluções", ressaltou Grandisoli.

No entanto, a implementação dessas soluções ainda enfrenta barreiras estruturais e políticas. "Se já existem soluções, por que ainda estamos nessa situação? Porque a adesão e a implementação dessas soluções dependem de um movimento muito grande da sociedade e dos tomadores de decisão. Hoje, a crise climática é muito mais um problema político e diplomático. Nós, como cidadãos, precisamos nos mobilizar e pressionar os grandes líderes para que adotem essas medidas", enfatizou.

Segundo Grandisoli, o caminho para a mudança envolve uma transformação cultural global. "Estamos falando de abandonar o petróleo, repensar o consumo e lidar com nossos resíduos de maneira mais responsável. Isso não é pequeno, mas precisa acontecer", disse.

E, para isso, ele reforça um pensamento do escritor Ariano Suassuna: "Temos que ser realistas e esperançosos. O problema é global e amplamente reconhecido pela ciência, e grande parte da humanidade, mas as soluções já existem. Precisamos cobrar sua implementação e fazer a nossa parte enquanto cidadãos no lugar onde estamos", conclui.

Na Bett Brasil 2025, Grandisoli é um dos palestrantes convidados para participar do painel “Do local ao global: educação e ESG como estratégias para um mundo sustentável”. Ele estará junto da professora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP), Thaís Brianezi, para abordar o papel da educação na formação de cidadãos conscientes e na implementação de estratégias sustentáveis nas escolas e organizações.

Além do Youtube, o Conexão Bett também está disponível nas principais plataformas de áudio, como SpotifyDeezerApple PodcastsAmazon Music e Google Podcasts, entre outras e no portal do Educador21.

O programa de entrevistas é mais um espaço de diálogo da Bett Brasil com diversos especialistas, que trazem um ângulo diferente dos assuntos mais relevantes e atuais do setor educacional. Ative as notificações na sua plataforma favorita para ser avisado sempre que tiver novo episódio.

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