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Educação integral prepara profissionais com novas habilidades para o futuro

Redação Bett Blog
Educação integral prepara profissionais com novas habilidades para o futuro
Especialistas comentam o impacto da formação integral de estudantes no mercado de trabalho e como as plataformas digitais podem apoiar a prática pedagógica ao integrar experiências presenciais e online

O mercado de trabalho é dinâmico e está em constante mutação. Segundo o relatório anual ‘The Future of Jobs 2023,’ divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, dos 673 milhões de postos de trabalho analisados pela pesquisa, a estimativa é de que 83 milhões sejam eliminados, enquanto outros 69 milhões devem ser criados até 2027. Esse é um dado que deve impactar profissionais já inseridos no mercado de trabalho ou que estão em vias de ingressar. Ou seja, para as crianças e adolescentes que apenas imaginam o seu futuro profissional, este certamente será diferente quando se tornar presente.

Neste contexto, uma educação mais abrangente, com a formação integral dos alunos, fundamentada em proporcionar o desenvolvimento do sujeito em todas as suas dimensões - intelectual, física, emocional, social e cultural - é uma tendência que tem o potencial de preparar os estudantes para os diversos desafios impostos no ‘mundo real’ e, principalmente, deixá-los aptos ao mercado de trabalho que está em evolução permanente.

“O fortalecimento da Educação Integral pode preparar os estudantes para um mercado de trabalho que valoriza habilidades além do conhecimento técnico, como colaboração, criatividade e resolução de problemas. O novo profissional será mais versátil e apto a enfrentar desafios diversificados e essa é também a expectativa de uma educação de qualidade, que visa o desenvolvimento do indivíduo como um todo”, afirma a diretora da Tríade Educacional, Lilian Bacich.

Já para a diretora executiva do Instituto ISA, Alessandra Debone, a Educação Integral desempenha um papel crucial, porque propicia o desenvolvimento da capacidade do profissional de se adaptar autonomamente a essas mudanças.

“O desenvolvimento pleno do sujeito permite uma capacidade de percepção mais ampla e adaptável diante do cenário em constante evolução. Se por um lado temos a Educação Integral, por outro temos o conceito de aprendizagem para toda a vida, hoje conhecido como lifelong learning, uma abordagem que pressupõe que a vontade de aprender deve ser intrínseca ao indivíduo, que assume a responsabilidade por sua própria vida e pelo seu aprendizado contínuo. Para isso, é importante proporcionar um ambiente e as oportunidades que permitam ao cidadão ter acesso ao conhecimento e desenvolver habilidades e atitudes em relação ao próprio aprendizado. Assim, o profissional do futuro, será aquele capaz de se adaptar, aprender continuamente e enfrentar desafios de forma inovadora”, diz a diretora executiva do Instituto ISA.

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Iniciada em 1961, a concepção de Educação Integral consolidou-se no Brasil na primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, na qual já se destacava a importância do desenvolvimento integral do sujeito e, atualmente, com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que conta com uma seção específica de compromisso com a Educação Integral. Entretanto, a efetiva adoção desta concepção ainda é um desafio pela complexidade da temática.

“Ao analisar a perspectiva prática de implementar a Educação Integral em âmbito nacional é possível identificar uma evolução significativa. A prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), por exemplo, evidencia essa mudança ao focar na avaliação de competências e na formação de cidadãos críticos e conscientes. Contudo, os desafios enfrentados na recente tentativa de implementação do Novo Ensino Médio destacam a necessidade de aprimorar a preparação prática dos professores e gestores em abordar esse conceito, além da criação de uma estrutura escolar centrada no estudante, que permita a experimentação e o aprendizado com elementos conectados ao seu tempo, como o acesso a tecnologias digitais”, explica Alessandra.

O desafio de efetividade da Educação Integral no país também é reconhecido pela diretora da Tríade Educacional. “A adoção no Brasil ainda é desigual, mas há avanços. Existe a necessidade de uma maior compreensão dos educadores e das instituições sobre o potencial da educação integral e, mais ainda, sobre como implementar. Modificar os formatos de uma educação tradicional para uma educação com foco no desenvolvimento integral envolve estudo e formação docente”, diz Lilian.

Educação híbrida no desenvolvimento integral dos estudantes

Os novos conceitos e formatos para educação, como a formação integral, estão ligados também à evolução da tecnologia. As plataformas digitais são ferramentas com potencial de enriquecer a aprendizagem ao integrar as experiências presenciais e online. “Como defensora da educação híbrida, ressalto a importância de integrar de forma estratégica as modalidades presencial e online, enfatizando a personalização da aprendizagem, a flexibilidade e o uso efetivo das tecnologias para potencializar a Educação Integral. É claro que também é essencial a formação continuada de professores para otimizar essa abordagem híbrida”, destaca a diretora da Tríade Educacional.

Na visão da business owner da Plataforma AZ de Aprendizagem, Natalia Messina, as plataformas digitais facilitam atividades que incentivam a colaboração, comunicação e empatia. Ela destaca o aprendizado baseado em projetos como uma abordagem especialmente eficaz. “Essa metodologia possibilita o trabalho conjunto de alunos, promovendo a colaboração, a comunicação eficaz e o desenvolvimento de habilidades sociais. Vale ressaltar que o êxito dessas iniciativas está intrinsecamente ligado aos professores e à equipe pedagógica, pois eles desempenham um papel central no direcionamento e na orientação dos alunos ao longo desse processo”, diz Natalia.

Na visão de Alessandra, os professores atualmente desempenham uma gama diversificada de atividades, desde o planejamento das aulas até a avaliação dos estudantes, que, quando realizadas 100% manualmente pelo professor, tornam os processos demorados e suscetíveis a erros. Ela acredita que o uso de plataformas digitais é uma solução eficaz para acelerar ou substituir parte desses processos, permitindo redirecionar estratégias em sala de aula diariamente, sem a necessidade de perder tempo com correções ou repasse de conteúdo.

“Além disso, as plataformas proporcionam a análise ágil de dados, possibilitando ajustes contínuos nas estratégias pedagógicas, garantindo que o ensino seja adaptado às necessidades específicas de cada estudante, identificando pontos de dificuldade e criando grupos de acordo com os desafios encontrados”, afirma a diretora executiva do Instituto ISA, que complementa: “As pesquisas indicam que o vínculo entre professor e estudante é um dos fatores mais cruciais no processo de aprendizado. Ao liberar os educadores de tarefas mais mecânicas, as plataformas digitais permitem uma atenção mais dedicada às necessidades individuais dos alunos, promovendo uma abordagem mais holística e integral na educação”.

Educação socioemocional

A educação socioemocional é uma das dimensões essenciais quando o assunto é promover uma educação integral. O fortalecimento das habilidades socioemocionais dos estudantes pode ditar a formação de indivíduos que são capazes de lidar melhor com as próprias emoções e incentivar a empatia, o pensamento crítico, a colaboração e os relacionamentos interpessoais mais harmoniosos. 

“Cada vez mais vemos que as habilidades socioemocionais ganham um papel crucial no desenvolvimento e na preparação dos indivíduos para o mundo. Com a evolução meteórica de tecnologias e ferramentas de inteligência artificial e robótica, mais do que nunca a educação socioemocional passa a ser a ‘coluna vertebral’ na formação dos alunos”, afirma o CEO da Academia Soul, Fernando Gabas.

A gerente pedagógica de conteúdo do LIV e psicóloga clínica, Renata Ishida, avalia que o ambiente escolar é um local ideal para que as competências e habilidades emocionais de crianças e adolescentes sejam desenvolvidas, uma vez que reproduz muitas das divergências e diversidade que o mundo possui - em um recorte bastante restrito -, com a vantagem de ser acompanhado por profissionais que contam com o conhecimento para conduzir as relações e exercitar a reflexão.

“Na escola, o aluno vive situações e desafios em um espaço diverso, com pessoas para além do seu círculo familiar. Por isso, é um lugar interessante e seguro para exercitar sua autonomia e desenvolver-se em todos os aspectos. A escola, além de transmitir informação, tem como papel fundamental ajudar a criança e adolescente a construir ferramentas para conseguir usar essas informações da maneira mais saudável para si e para o mundo”, diz Renata.

Outro ponto importante argumentado pelos especialistas é a influência positiva que a educação socioemocional proporciona no desempenho acadêmico dos estudantes. “Trabalhar as emoções pode nos deixar mais seguros para os momentos de tensão, como as provas, por exemplo. É comum vermos adolescentes terem o famoso "branco" durante uma avaliação porque estão nervosos. Então, a possibilidade de trabalhar emocionalmente as nossas questões também nos permite um desempenho acadêmico mais interessante”, comenta Renata.

Ela também avalia que outras habilidades socioemocionais muito importantes são a organização, a persistência e a perseverança. “Não tem a ver só com insistir, mas, com poder perceber o que está errado e voltar atrás. Ou, ainda, parar para entender seus limites e procurar ajuda. É um processo contínuo e interligado. A disciplina também está relacionada com essa questão da perseverança e nos estudos, isso é fundamental”, destaca a gerente pedagógica de conteúdo do LIV.

Gabas salienta que existem diversas pesquisas que comprovam que a correta implementação de programas de educação socioemocional está relacionada a melhores resultados acadêmicos, maior taxa de graduação, melhor comportamento em sala de aula e maior motivação para os estudos e aprendizados. Ele afirma que entre as razões que corroboram esse fato estão: a melhora da concentração, foco e atenção; o aprimoramento dos relacionamentos interpessoais; a redução de estresse e ansiedade e a colaboração com trabalho em equipe.

Reportagem publicada originalmente na Revista Escola Particular.

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