Bett UK

22-24 Jan 2025

Bett Brasil

28/Abr a 01/Mai 2025

Bett Asia

1-2 Out 2025

Bett Blog

04 fev 2025

Inteligência relacional no ambiente de trabalho

por Sandra Andrade Scapin
Inteligência relacional no ambiente de trabalho
Será que estamos construindo ambientes de trabalho sustentável? Como temos contribuído para o desenvolvimento de um ambiente saudável?

Ano começando e, com ele, o estabelecimento de novas relações ou mesmo a reedição de antigas relações interpessoais. E nada melhor do que pensarmos em como cada um de nós, na escola, pode contribuir com a criação de um ambiente sustentável. onde prevaleçam relações saudáveis.

Para começar, vamos pensar: o que podemos considerar como um ambiente sustentável? Pare um pouquinho e pense!

Ambiente de trabalho sustentável é aquele que favorece o desenvolvimento de habilidades pessoais e coletivas e as valoriza. É aquele que motiva, gera pertencimento e favorece uma cultura de qualidade, tanto no aspecto operacional quanto no aspecto mental. É também aquele que favorece que nosso “fazer” deixe legado e, ainda, é aquele que promove uma cultura institucional de “lifelong learning”, isto é, aprendizagem contínua.

Esse é o melhor dos cenários, não é? Mas nem sempre é assim, e é preciso rever rotas individuais e coletivas para construirmos um ambiente assim! E isto por quê? Porque os conflitos existem… e a negatividade também!

Conflitos existem em diferentes contextos porque somos pessoas diferentes, umas das outras, com diferentes objetivos e interesses. Por isso, os conflitos são naturais em ambientes onde há conexões interpessoais e precisam ser vistos também como oportunidades de crescimento.

Já a negatividade tóxica também pode ser uma característica de ambientes corporativos e se caracteriza, segundo estudos da Universidade de Stanford, por reclamações crônicas que geram efeitos fisiológicos e, pela repetição, fazem com que o cérebro passe por reconfiguração neural que pode reforçar pensamentos negativos e gerar uma espécie de “contaminação do ambiente”.

Partindo destes aspectos e considerando que os conflitos devem ser vistos como oportunidades de crescimento, para lidarmos com eles, é preciso:

  • 1 - Ter disposição para estabelecer conexão entre os pares
  • 2 - Agir com gentileza e firmeza
  • 3 - Demonstrar afeto
  • 4 - Estabelecer uma comunicação olho no olho
  • 5 - Utilizar uma linguagem corporal assertiva e coerente com a linguagem verbal
  • 6 - Fazer uso de um tom de voz respeitoso
  • 7 - Validar sentimentos dos pares
  • 8 - Desenvolver uma escuta ativa

Tudo isso contribui com o desenvolvimento da Inteligência Intrapessoal e Interpessoal, por meio do desenvolvimento de habilidades para construir e manter relacionamentos satisfatórios consigo e com o outro, respeitando as diferenças. Neste contexto, é importante refletirmos sobre como, a partir destas práticas, podemos gerenciar os conflitos?

Leia também:

Inicialmente, é preciso reconhecer os sentimentos e emoções que cada conflito desperta. Depois, é fundamental demonstrar comprometimento com objetivos pessoais e institucionais para que, a partir deles, possamos pensar em alternativas para a administração dos conflitos.

Em seguida, é essencial demonstrar justiça e imparcialidade em relação aos envolvidos na situação. É válido também valorizar as pessoas para contribuir com sua reflexão e empoderamento. E tudo isso se faz por meio de uma comunicação aberta e transparente!

A partir daí, contribuiremos com o desenvolvimento dos cinco eixos da Inteligência Emocional: autoconsciência, autocontrole, consciência social, gestão de relacionamento e a habilidade apaziguadora.

Para que possamos contribuir com este desenvolvimento emocional no ambiente de trabalho, é preciso ainda considerar o desenvolvimento de alguns passos, tanto no âmbito individual como no coletivo. Vejamos:

1º passo: autoconhecimento

É preciso ter uma vida equilibrada consigo mesmo para estar bem com o outro. É fundamental olhar para dentro, reconhecer potências e fraquezas, o que está ou não bem, passar pelo desconforto de reconhecer limitações e gerar um processo de reparação para a mudança.

Além disso, é imprescindível permitir-se o autocuidado e autodisciplina. Reflita: como tenho me autocuidado? Faço pausas reparadoras? Crio espaços para o lazer e o descanso? Permito-me fazer escolhas de atividades que me desestressam? Reconheço minhas conquistas ou será que prefiro pensar, como nos diz o psiquiatra Arthur Guerra: “Muitas pessoas parecem viver sempre em busca de algo mais, simplesmente não conseguem se satisfazer com o que têm, e a cada meta alcançada, estipulam novos objetivos, mais distantes. Com isso, vão deixando a felicidade para depois enquanto sabotam a si mesmas?”

Temos cuidado do nível do nosso estresse ou temos nos permitido alimentar um estresse crônico, recorrente e permanente, que pode nos levar ao Burnout?

2º passo: consciência coletiva, relacional

Você se permite conhecer e ser conhecido pelas pessoas com as quais se relaciona? Será que nos lembramos de que Instagram e as imagens que ele passa não representam o mundo real!? Você já se perguntou como conciliar suas vontades com o que o mundo espera de nós?

Você se identifica com o propósito institucional de modo que isso não se torne um fardo para você e seu trabalho represente o seu propósito pessoal alinhado ao institucional?

3º passo: exercício do respeito à liberdade pessoal e do outro

Você já refletiu sobre o que é liberdade? Como agir com liberdade, sem invadir o espaço do outro? Como manter o respeito pelas pessoas mesmo diante de situações de conflito?

Como você tem se sentido? Frustrado, culpado, desvalorizado em decorrência de relações tóxicas ou apreciado, capaz, amado a partir das relações saudáveis que você tem construído no ambiente de trabalho? Como você tem agido para combater as relações tóxicas?

4º passo: clareza da imagem construída no coletivo

Nossa imagem chega muito antes do que falamos ou defendemos. Ela se revela no nosso modo de vestir, de falar...Você já pensou o que quer passar com sua imagem?

O que você atrai? Como quer ser lembrado? Quais marcas quer deixar? Quais ações suas inspiram seu entorno?

5º passo: segurança em relação a quem sou

Você reconhece seus sentimentos e necessidades? O que te realiza? Como você busca sentir-se seguro?

Como você demonstra coragem para transformar sua prática, reconhece suas dificuldades e enfrenta novos desafios? O que você tem feito para criar hábitos saudáveis? Como você tem demonstrado confiança para fazer seus próprios planos e traçar propósitos tangíveis?

6º passo: sabedoria nas relações

Como usamos a sabedoria a nosso favor? Como tomamos decisões assertivas? Como usamos o nosso potencial a serviço do crescimento pessoal e coletivo? Coloco os meus talentos a serviço do coletivo? Como dou o meu melhor?

7º passo: empatia

Empatia é tratar o outro como o outro precisa ser tratado, respeitando suas necessidades e sentimentos. É entender o sentimento do outro. Consigo me colocar no lugar do outro? Reconheço as potências e limitações do outro nas minhas relações profissionais? Reconheço que as interações tornam o corpo e o cérebro mais saudáveis e que a qualidade nas relações é mais importante que quantidade de encontros? Tenho uma atitude de escuta ativa?

A empatia no trabalho proporciona o desenvolvimento de opiniões mais fluidas, porque uma equipe de pessoas empáticas compartilha informações e opiniões de maneira mais natural e concisa, pois a constante busca para encontrar um “denominador comum” para novas ações e cenários exige isso.  

Favorece ainda o alcance de melhores resultados, porque eles são alcançados em conjunto e unem a equipe e, além disso, o ambiente passa a ser mais produtivo.

Empatia no ambiente profissional favorece a melhor gestão da equipe, potencializa o desenvolvimento de lideranças e melhora significativamente o desempenho do time como um todo, a partir de uma comunicação transparente e de feedbacks assertivos e verdadeiros.

Uma relação de trabalho pautada nestas características e reflexões acima contribuem com a saúde mental do time, porque relações saudáveis e colaborativas estão ligadas ao bem-estar, à qualidade de vida, ao equilíbrio interno que leva ao desenvolvimento de habilidades e interesses, à melhor gestão dos sentimentos e das emoções regulando-os diante das adversidades.

Diante de todas estas considerações, quais atitude o gestor deve favorecer para promover a saúde mental da equipe e oportunizar o desenvolvimento da inteligência relacional do grupo?

  • Esteja aberto para ouvir e ajudar;
  • Saiba se comunicar, considere o outro, pratique a “escutatória”, como dizia Rubem Alves, sem dar seus exemplos;
  • Respeite a opinião alheia;
  • Saiba reconhecer e interpretar as emoções do outro;
  • Assuma uma postura colaborativa, pergunte como pode ajudar;
  • Compreenda o perfil do outro e encontre a melhor alternativa para ajudá-lo;
  • Tente engajar outros interlocutores em ações coletivas de ajuda;
  • Sugira estratégias que ajudem o outro a desestressar;
  • Colete evidências: clima da sala dos professores, perfil de saúde da equipe, relacionamento com pais e alunos e, a partir deles, trace um plano de ação para ajudar o grupo.

Enfim, a construção de um ambiente saudável na escola é um processo contínuo. Ele parte do olhar e perfil individual e culmina com o desenvolvimento de ações coletivas inspiradas por uma liderança receptiva, que atua inspirando e agindo de modo que, assim, possa ajudar na modelagem de comportamentos que sejam positivos para a saúde mental da equipe.

Pensem nisso: eu estou me autoavaliando e ajudando meu grupo a crescer neste aspecto?

Que 2025 seja marcado por relações positivas, saudáveis e felizes!

Sobre a autora:


*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

Compartilhe nas redes sociais:


 

Categories

  • Gestão Educacional
Voltar ao Bett Blog
Loading