Os 3 pilares para a educação infantil em 2025
Estamos prestes a iniciar as aulas em 2025. Há muitos desafios. O mundo tem se apresentado confuso e as crianças estão em meio a tudo isso. Porém, a escola não pode parar. A escola precisa acompanhar as questões do seu tempo. A escola pensa e faz pensar. A escola pode e deve trazer o diálogo das questões contemporâneas para as crianças.
Em meio a tantos temas importantes, criei um tripé com os temas que considero imprescindíveis para o trabalho pedagógico neste ano. São eles: conhecimento de vida prática, competências relacionais e habilidades humanas e consumo consciente.
Conhecimento de vida prática
No Japão, por exemplo, não há transporte escolar, porque até mesmo as crianças vão andando para a escola. Não há lanche ou merenda, porque as crianças levam marmita com a comida de casa. A faxina, incluindo banheiro, é feita por crianças. Cada uma limpa a sua escola.
No ensino médio, os meninos precisam entregar peças costuradas como parte da formação para a vida. Não precisamos nos tornar um Japão para entender que as crianças precisam aprender as coisas do mundo e isso inclui saber cortar, guardar, desenhar, filmar, cozinhar, conversar, pedir, agradecer, limpar, entre milhares de outras habilidades necessárias.
A autonomia é liberdade. Inclusive Vigotski afirmava que a atividade realiza a vida. Ou seja, quem nada faz, nada é e nada pode. Saber coisas é cultivar o poder. O poder da liberdade. A educação infantil é um espaço para a construção do protagonismo, que inclui viver com o mínimo da energia do outro. Viver com o mínimo de dependência dos outros em volta. Isso é compaixão, misericórdia e solidariedade – exatamente o que temos em nossos conteúdos de competências socioemocionais da BNCC.
Competências relacionais e habilidades humanas
Está cada dia mais clara a dificuldade de as crianças fazerem e manterem relações. Culpamos os celulares e as telas. Mas, na verdade, falta também a essas crianças o famoso exemplo, aquele que pode ser visto em casa, na rua, na igreja, no supermercado e por aí vai.
As crianças também aprendem pelos exemplos e, sobretudo, através deles. As relações pessoais exigem essa possibilidade de aprender pelo ouvido e pelo olhar. Esse é o maior desafio às crianças dessa geração. As habilidades humanas de interagir, tolerar, questionar, ouvir, aceitar e até mesmo conviver têm se desenhado a cada dia mais como um enorme desafio à escola de educação infantil em 2025.
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Consumo consciente
Não é fácil. Esse é o tema mais desafiador para a escola, porque nós, adultos, também precisamos dele. Wallon chegava a afirmar que todo aprendizado começa na imitação. Sendo assim, como é que nós, adultos, vamos falar de consumo consciente quando nem nós mesmos temos essa consciência?
Outro dia fui a uma rede de fast food com meu filho. Na hora que a comida chegou, eu reparei e me assustei com a quantidade de lixo que nós havíamos feito naquele momento. Na mesa onde estávamos eu e ele tinha: papel, plástico, vidro, metal, alumínio e muito orgânico. Pensei comigo mesmo: tem algo errado. Se todos os seres do planeta produzissem lixo nessa quantidade, o planeta Terra não comportaria o lixo que nós produzimos. Lembrando que o lixo é a consequência do nosso consumo. Quanto mais consumimos, mais produzimos lixo.
É assustador pensar que trocamos, sem necessidade, de muitos dos objetos que nos cercam no dia a dia simplesmente porque o outro “está na moda”. Trocar a roupa, o sapato, os utensílios para acompanhar a moda é uma questão dos adultos que a crianças absorvem e operacionalizam. Precisamos conversar sobre isso, trazer projetos para a educação infantil que falem sobre isso e, sobretudo, precisamos também nos colocar no meio disso tudo para que juntos possamos mudar a realidade.
Lógico que esses temas não são totalizantes, mas será um bom começo dar início por eles.
Sobre o autor:
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Geraldo Peçanha de Almeida
Pedagogo, psicanalista, mestre em Teoria Literária e doutor em Crítica Literária
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.
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