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27 jun 2024

O discurso existe, mas é necessário mais prática, diz Kaká Werá sobre políticas públicas para educação indígena

Redação Bett Blog
O discurso existe, mas é necessário mais prática, diz Kaká Werá sobre políticas públicas para educação indígena
Educador reflete sobre o reconhecimento dos povos originários nas últimas décadas e a necessidade de adoção de práticas mais efetivas ligadas à inclusão escolar indígena

A educação indígena no Brasil evoluiu nas últimas décadas, refletindo a valorização e respeito à identidade cultural dos povos originários. Porém, a implementação plena da educação escolar indígena, reconhecida como direito pela Constituição de 1988, ainda enfrenta obstáculos, como a falta de recursos e de materiais pedagógicos adequados, a formação inadequada de professores e a resistência de sistemas educacionais convencionais.

“Há uma necessidade urgente de romper com a ideia de que as culturas ancestrais do Brasil não deixaram um legado em termos de sabedoria e filosofias”, ressaltou o representante dos povos originários, educador e escritor, Kaká Werá, durante a sua participação no Conexão Bett, videocast realizado ao vivo na 29ª edição da Bett Brasil, maior evento de Inovação e Tecnologia para Educação na América Latina.

Assista ao episódio completo:

Werá falou sobre a evolução no país desde os anos 90 em relação ao reconhecimento da cultura e o surgimento de lideranças indígenas que hoje seguem atuando nas mais diversas áreas da sociedade brasileira.

“Sou escritor indígena. Temos 155 escritores indígenas com produção literária no Brasil direcionada para escolas, abordando suas cosmovisões, culturas e valores. Incluindo neste rol, o escritor Ailton Krenak, primeiro indígena eleito a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL) em mais de 120 anos. Outra conquista importante foi a criação do ministério dos Povos Indígenas, com uma liderança feminina indígena a sua frente, a ministra Sonia Guajajara”, destacou ele. O escritor salientou, entretanto, que ainda há muito a avançar em pontos como os direitos que envolvem a permanência dos povos indígenas em seus territórios de origem.

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Já no que diz respeito à educação escolar indígena, Werá destacou que, para atender o número atual de estudantes, é necessária uma quantidade quatro vezes maior de escolas indígenas no país. Segundo o Ministério de Educação e Cultura, o Brasil possui 2.819 escolas indígenas, que atendem cerca de 195 mil estudantes da educação infantil até o ensino médio. Porém, o país concentra um total de 1,7 milhão de indígenas, sendo assim, o número de escolas ainda é pequeno.

Na visão de Werá é preciso uma prática mais efetiva em relação às políticas públicas voltadas para a educação escolar indígena, em um formato mais constante e acelerado. “O meu desejo é que as instituições importantes na área da educação realmente priorizem e vejam a educação indígena como uma questão essencial de inclusão social para a nação brasileira como um todo”.

Ele finalizou destacando que a cultura indígena ancestral tem muito a contribuir, por exemplo, na dimensão ecológica, oferecendo um paradigma diferente da relação do humano com a natureza, questão de extrema relevância no cenário atual de crises climáticas mundiais. “Se não houver natureza, não há comunidade humana”, concluiu Werá.

O estúdio do Conexão Bett foi um espaço preparado para transmitir entrevistas e tomadas ao vivo durante os quatro dias do Bett Brasil 2024. O conteúdo do Conexão Bett está disponível no Youtube e nas principais plataformas de áudio, como Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Amazon Music e Google Podcasts, entre outras, e no portal do Educador21.

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