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Quando a educação encontra a inovação

por Leo Gmeiner
Quando a educação encontra a inovação
Vamos falar de inovação educacional nos mais diferentes aspectos, passando pelo pedagógico, claro, mas também pela gestão e por operações

Quando pensamos em inovação na Educação, imediatamente, pensamos na sala de aula. Apesar de estar lá a grande demanda e o grande desejo de ver melhorias, nem sempre é na classe que a inovação acontece.

Neste artigo, vamos falar de inovação educacional nos mais diferentes aspectos, passando pelo pedagógico, claro, mas também pela gestão e por operações, por exemplo. Ao final, espero que esse conteúdo sirva de visão para a instituição em que atua ou para levar para a escola em que suas crianças estudam.

Nos últimos anos, alguns países têm se destacado nesse tema, como a Finlândia, que proporciona ambiente menos formal e colaborativo, com individualização do ensino; Singapura, que adota muita tecnologia e focou na formação de professores para entregar uma Educação melhor aos seus alunos; Nova Zelândia, que tem foco na aprendizagem centrada no aluno e na incorporação da cultura Maori no currículo escolar; e os Estados Unidos, que usam, há tempos, a aprendizagem baseada em projetos, ao lado da personalização do aprendizado e da tecnologia para sala de aula, para citar alguns.

Vale dizer que inovação não necessariamente usa tecnologia, mas é qualquer melhoria em produtos, serviços e processos que se faça. E é o que acontece na Alpha School, em Austin, que foi fundada pela MacKenzie Price há 10 anos.

Lá, a educação — dependendo da faixa etária dos estudantes — é por projetos que envolvem as diversas disciplinas, mas o que me chamou mesmo a atenção é que eles têm apenas duas horas de aula por dia. Isso mesmo! Duas horas para obter o mesmo conhecimento do período letivo integral, sem nenhum prejuízo nos resultados.

Ao contrário, no tempo restante, além do desenvolvimento dos projetos, os estudantes têm a chance de lapidar suas competências socioemocionais, melhorando as chances de terem mais sucesso no mercado de trabalho e na vida pessoal. Aqui no Brasil, a Lumiar segue a mesma linha, gerando interesse de outros atores no modelo também.

Em Pequim, o The Future School Program vai num caminho semelhante, no que diz respeito aos projetos. Desde 2011, Challenge-Based Learning (CBL) foi adotado e o formato de aula tradicional, com palestras de um professor, deixou de existir, dando lugar ao ensino e aprendizagem individuais, fazendo ótimo uso do poder da tecnologia para viabilizar isso.

E já que estamos falando de tecnologia, temos visto algumas coisas interessantes e outras verdadeiramente impactantes acontecerem.

Há cerca de 10 anos, realidade aumentada estava arranhando a superfície da inovação nas escolas; um pouco depois, a realidade virtual bateu na porta, seguida da realidade mista, que combina ambas e que vimos com mais clareza com o lançamento do Apple Vision Pro

Mas, apesar do potencial de melhorar a aprendizagem, em especial unidas à personalização do ensino, os custos ainda inviabilizam a adoção em escala desses tecnologias.

Quem já usa esses ambientes imersivos, no entanto, aprecia a possibilidade de, por exemplo, aprender sobre uma determinada cultura por meio de viagens pedagógicas virtuais ou ver, em três dimensões, a molécula da água flutuando eu frente aos seus olhos. Por outro lado, quem produz essas tecnologias acredita que deixa de ser interessante, pra alcançar o impacto que merece nos próximos dois anos.

Inteligência Artificial aplicada à educação

Ao falar em impacto na educação, impossível não pensar em Inteligência Artificial e em todas suas aplicações em sala de aula. Na verdade, ela potencializa abordagens que já encontraram seu espaço, como a gamificação, que estimula os estudantes - como faz o Duolingo - e, bem aplicada, pode até dizer como eles se sentem emocionalmente - como faz a brasileira U4Hero.

Ou, ainda, dá novo impulso à tão desejada personalização do ensino - que tem o poder de melhorar o desempenho de cada estudante, ao entender como cada um aprende, como faz a também brasileira Blox, por exemplo. Mas não é “só isso” que a IA faz. Ela é capaz de muito mais, mas tem de ser usada de forma bem estratégica, pra não correr o risco de reduzirmos o pensamento crítico dos nossos jovens.

Algumas aplicações possíveis são, por exemplo, analisar objetivos e características de estudantes adultos de idiomas e usar a IA para ajudar os professores a traçarem as melhores estratégias pro desenvolvimento integral e mais rápido dessas pessoas, como tem feito, de forma ainda experimental, a Wort Idiomas.

Ou ajudar educadores a traçarem planos de aula muitas vezes individualizados, a partir da compreensão da experiência de colegas e dos melhores resultados, que tem sido feito no próprio ChatGPT. Ou, ainda, como faz a hispano-italiana Learn with Leo, para tutorar, em praticamente qualquer idioma, os estudantes em suas tarefas e seus estudos.

Mas, um uso prático em sala de aula que me encanta muito é quando professores, na contramão do pensamento regular, ao invés de banirem o ChatGPT da sua sala de aula, abraçaram a inovação, um ano atrás (o que é quase a eternidade pra Inteligência Artificial), e passaram a analisar como os alunos pediam as informações à IA e, principalmente, como verificavam a veracidade e acurácia desse conteúdo. Isso pra citar somente algumas iniciativas. Tem muito mais por aí e muito, muito mais por vir.

E só pra não terminar com a óbvia IA, a análise de dados é mais uma tendência crucial que pode permitir, entre outras coisas, entender, como nunca havia sido possível, o jeito de cada um aprender, as dificuldades peculiares, entender padrões e dar escala à educação de qualidade e efetiva - junto com a computação em nuvem - pra que ela alcance até quem está onde não estamos acostumados a olhar.

Sobre o autor:


*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

Artigo publicado originalmente na Fast Company

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