Uso de celulares em sala de aula é tema do Bett Meeting, um ‘esquenta’ para a Bett Brasil 2024
Falta só um mês para o maior evento de Inovação e Tecnologia para Educação na América Latina. Para aliviar a ansiedade de reunir a comunidade educacional na 29ª edição da Bett Brasil, o Bett Meeting | Fórum de Gestores debateu nesta quarta-feira (20) o tema: “Gerenciando relações humanas na educação na era tecnológica: conectividade no ambiente escolar”, com o intuito de abordar uma pauta que deve gerar muitas conversas e reflexões durante o evento: o uso de celulares e outros dispositivos móveis nas escolas, proibir ou não? O encontro online contou com a participação de líderes e gestores da educação básica pública e privada do país.
“É tudo, menos uma palestra formal. O Bett Meeting tem como característica ser um bate-papo com a ideia de trazer um conteúdo relevante e trazer relações baseados nele. Essa iniciativa é também um ‘esquenta’ para a Bett Brasil, com o propósito de que esse diálogo continue lá”, disse a diretora de Conteúdo da Bett Brasil, Adriana Martinelli, ao abrir a conversa online com todos os participantes via zoom.
Para ancorar o assunto, o Bett Meeting contou com as participações da advogada Alessandra Borelli, especializada em direito digital, e o doutor em psicologia e especialista em cultura digital, Rodrigo Nejm. Alessandra ponderou que vivemos uma realidade atual paradoxal, em que a tecnologia continua a avançar, sem retroceder, e ao mesmo tempo, do ponto de vista da saúde mental estamos sensibilizados e ‘perdendo a mão’ no uso da tecnologia.
“Se antes do período pandêmico a gente tinha conseguido evoluir no direcionamento dos recursos tecnológicos para um uso mais producente, mais consciente, mais saudável, hoje retrocedemos em tudo o que havíamos avançado, portanto existe essa grande preocupação com a nossa saúde mental. Por outro lado, as novas tecnologias, quando bem utilizadas, são excelentes facilitadores, inclusive do ponto de vista educacional”, disse Alessandra.
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A advogada explicou que, para que a tecnologia seja utilizada de forma ética, legal, produtiva, segura, saudável e consciente, algumas medidas precisam ser tomadas para além dos parâmetros jurídicos. O uso de recursos tecnológicos na proposta pedagógica precisa estabelecer um alinhamento de estratégia para que seja utilizado da melhor forma possível. “Quem acredita que precisamos de uma lei para estabelecer as regras do jogo vai esperar sentado, porque nenhuma lei é capaz de mudar comportamentos”, afirmou Alessandra.
Ela disse ainda que precisamos definir regras claras para o uso de celulares atreladas a medidas disciplinares que sejam efetivamente aplicadas quando e sempre que necessárias e que estabeleçam a percepção de engajamento das escolas. “Isso exige um trabalho contínuo de conscientização, com um desenvolvimento a quatro mãos incentivado pela escuta ativa dos alunos para que eles também participem desse processo”, reforçou a especialista em Direito Digital.
Rodrigo aproveitou a ocasião para falar sobre a intencionalidade do uso e as diferentes formas de apropriação dos dispositivos digitais. “Quando a gente faz o recorte do estudante usando tecnologias digitais dentro da escola, a intencionalidade pedagógica tem que ser o maior critério de avaliação para toda e qualquer estratégia usada de apropriação da tecnologia. Porém, é um estudante que vive muitas horas também fora da escola, hiperconectado”, comentou o psicólogo.
Ele exemplificou a ideia com o conceito de noção de resiliência, que é usado na psicologia baseado no princípio da física sobre a capacidade de um material recuperar a sua forma depois de ser submetido a um grande impacto.
“Qual é a resiliência digital que a gente pode desenvolver nos nossos estudantes para que eles tenham o discernimento que uma situação de risco pode gerar um dano, porém nem todo o risco necessariamente causa um dano, a depender da destreza diante da situação para manejá-la? Da mesma forma, como gestores na educação, a percepção de que nem toda a oportunidade na tecnologia digital vai se transformar em benefício. Depende também da habilidade como indivíduo, profissional, instituição, de fazer com que o uso intencional da tecnologia dentro da sala de aula possa ser uma oportunidade transformada em benefícios no processo de aprendizagem para amplificar a consciência cidadã do estudante, e assim por diante”, disse Nejm.
Ao finalizar o encontro, Adriana ainda comentou: “Não tem uma receita pronta. Nosso papel é analisar e buscar soluções que sejam mais ou menos adequadas. Como é explicado por Silvio Meira - em palestra no ano passado na Bett Brasil - vivemos hoje questões complexas, que já não podem mais ser respondidas por sim ou não, certo ou errado”.
O debate será estendido e aprofundado na Bett Brasil, que vai acontecer de 23 a 26 de abril, no Expo Center Norte, em São Paulo. Para falar sobre sobre uso de tecnologias nas escolas, já estão confirmados a presidente-executiva do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, o secretário de Educação da Prefeitura do Rio de Janeiro, Renan Ferreirinha, o diretor de tecnologia educacional do Colégio Bandeirantes, Emerson Bento Pereira, e a especialista em Direito Digital, Alessandra Borelli, entre outros nomes. Confira a programação completa aqui.
Para se inscrever na Bett Brasil, acesse aqui. A visitação é gratuita.
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