Cuidado e acolhimento da pessoa com autismo
Falar sobre o autismo está ganhando corpo e, dia a dia, estamos vivenciando o alavancar dos números, a preocupação das famílias, o despertar da sociedade e, sobretudo, o espanto da escola.
A escola se espantou com o volume de alunos autistas que agora adentram portões escolares. Se de um lado há muito a se comemorar pela chegada dos autistas nas escolas, por outro há de se preocupar com o elevado índice de professores que se recusam a trabalham com eles, usando sempre o mesmo argumento: eu não estou preparado para trabalhar com isso.
Nós, educadores, precisamos fazer uma reflexão: um dia estaremos, de fato, preparados para trabalhar com deficiências? A pergunta é a principal a ser feita porque é dela que depende o processo de inclusão nas escolas.
Nenhum educador irá compor saberes capazes de lidar com o manejo diário das deficiências. Fica impossível entrar no mundo do autista se a condição é entender tudo. Mas o autismo é só um dos casos para a escola lidar. Ainda há outros, como os de altas habilidades, os surdos, cegos e os outros 45 milhões de brasileiros que possuem alguma deficiência. Não tem e não teremos jamais condições de lidar com isso justamente porque a deficiência exige olhares múltiplos: dos médicos, dos terapeutas, dos religiosos, dos educadores, das famílias e do mundo do trabalho.
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É aqui que reside o erro. Estamos olhando sozinhos, nós, escola, para inclusão e isso não está e não funcionará jamais. A escola é só parte do processo de inclusão. As outras organizações sociais também precisam participar da vida inclusiva. Aqui devemos pensar se as outras instituições não estão participando porque não querem ou se a escola tomou para si essa questão e nada de espaço sobrou aos demais.
Se não trabalharmos essa divisão, essa partilha o processo de inclusão corre risco definitivo de desaparecer. Educadores falham também. Mas falhamos sozinhos. Sem a família, sem a saúde, sem a assistência social, sem as demais possibilidades sociais. A inclusão depende de vozes e essas estão por aí. Essas precisam chegar até as escolas.
É preciso que se aprenda o que podemos fazer para melhorar o nosso olhar compassivo, nosso senso de misericórdia e nosso julgamento que só nos permite olhar para o certo, o perfeito e o irretocável – todos que não podemos ser, inclusive nós, os típicos. Crianças e jovens atípicos precisam ser visto onde estão. Precisam ser ouvidos de onde falam, e esse empoderamento é o início de uma inclusão que clama por acontecer. Pensemos juntos nisso.
Sobre o autor:
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Geraldo Peçanha de Almeida
Pedagogo, psicanalista, mestre em Teoria Literária e doutor em Crítica Literária
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.
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