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12 abr 2024

Educação do Século XXI entra na era da Inteligência Artificial Generativa e dos LLMs

Redação Bett Blog
Educação do Século XXI entra na era da Inteligência Artificial Generativa e dos LLMs
“Pela primeira vez estamos preparando os alunos para um futuro que não podemos prever. O que está por vir é cada vez mais incerto, obscuro e rápido”, diz Maysa Brum, professora do Centro Universitário Unigran Capital

Das escolas da Grécia, iniciadas por diferentes filósofos, passando pela Educação 1.0, pré-industrial, a Educação 2.0, para favorecer o crescimento da indústria, foram necessários séculos, transformações e muita evolução no ato, na forma e nos processos de ensino-aprendizagem. Talvez, hoje, as tecnologias educacionais, digitais ou analógicas, representem a catapulta para uma longa jornada da educação que está por vir ainda no Século XXI.

A introdução da Inteligência Artificial Generativa (IAgen) e dos grandes modelos de linguagem (LLMs, na sigla em inglês), na sociedade e, indiscutivelmente, nas escolas, talvez seja bem representada no tempo e espaço como uma espécie de monolito, uma estrutura imponente preta, retangular e fosca que fornece uma conexão entre o passado e o futuro, como bem representada a ideia no conto de ficção científica de Arthur Clarke.

A Inteligência Artificial (IA), por si, remete a inúmeras possibilidades e utilizações. A IA começou formalmente a ser desenvolvida no século XX, e ganhou amplitude com John McCarthy, em 1956, durante uma conferência nos Estados Unidos, como uma disciplina de pesquisa.

Hoje, o que temos mais próximo e ao alcance de estudantes e educadores são ferramentas como os LLMs, que se enquadram em um sub-guarda-chuva da Inteligência Artificial, que é a IA de alto risco ou IA generativa (IAgen) – leia-se aqui também ChatGPT – mas não só ele.

Embora a IAgen e a popularidade rapidamente alcançada pelo ChatGPT já sejam exploradas nas escolas, agora, o que se questiona é o que podemos esperar da evolução da IA para 2024, sua função dentro das escolas, das instituições de ensino e em sala de aula. Essas ferramentas já auxiliam, na prática, educadores e estudantes no Brasil?

Para a professora do Centro Universitário Unigran Capital (Campo Grande, MS), mestre em Educação com pesquisa em Educação a Distância e doutora em Educação com pesquisa em cultura digital, redes sociais e formação de professores, Maysa Brum, pela primeira vez estamos preparando os alunos para um futuro que não podemos prever. “O que está por vir é cada vez mais incerto, obscuro e rápido. Apesar disso, é um fenômeno irreversível. Compreender o que é IA, seu impacto, suas possibilidades e ameaças que proporciona para a Educação, é urgente. E aumentar a nossa inteligência humana para saber lidar com o incerto é ainda mais urgente”.

Maysa, que na Bett Brasil 2024 vai debater o tema “Post, Like, Comment, Follow - Porque a cultura digital está em todos os lugares menos na escola”, explica ainda que há inúmeras ferramentas de IA usadas na Educação tanto para desenvolvimento de plataformas quanto para a implementação de soluções educacionais, como tutoria inteligente para personalizar a experiência de aprendizado do aluno.

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Na prática, diz ela, o que vemos já há bastante tempo são os sistemas de tutorias inteligentes que oferecem feedbacks personalizados aos alunos, personalização do ensino para determinado aluno ou turma, assistente virtual para responder perguntas simples e oferecer soluções instantâneas, avaliação automatizada, realidade virtual e aumentada.

“Sou uma entusiasta do uso das tecnologias digitais na Educação, principalmente em se tratando de atendimento personalizado que IA pode oferecer para cada aluno com foco no ritmo e dificuldade de cada um. Este é, senão o principal, um dos principais pontos positivos da IA, além de tantas outras possibilidades”.

Para a professora do Centro Universitário Unigran Capital, a IAgen está alcançando um nível de superinteligência assustadoramente rápido e, quanto maior o nível de inteligência, maior o potencial para a construção e “destruição”. “Preocupações com privacidade e desafios éticos relacionados ao uso de dados dos estudantes são as principais barreiras que encontramos na Educação”.

Professor colaborador do CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife) e professor da Joy Street, uma empresa de tecnologias educacionais lúdicas, da qual é co-fundador no Porto Digital - Recife, Luciano Meira diz que a IA, a IAgen, LLMs e outras tecnologias se encaminham como ferramentas para a tomada de decisão baseadas em dados. “A minha expectativa é a utilização baseada em dados científicos para a tomada de decisão, por um lado, pelos estudantes, e, por outro, por gestores escolares”.

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Meira explica que a AI é importante para construir conhecimentos capazes de auxiliar a gestão na detecção de dados sobre evasão escolar, prospecção, desempenho dos estudantes e análise da documentação de matrículas dos estudantes, por exemplo. Mas para os estudantes, um sistema de interação com Chatbots para a aprendizagem, e o ChatGPT para apresentar sinopses, comparações entre autores, entre outras funções. “Na sala de aula, o mais comum é o uso dos grandes modelos linguísticos, o uso do look GPT para fazer resumos, para produção de imagens, e uma infinidade de outros recursos”.

Meira ressalta que dificilmente já existam mensurações com dados precisos sobre as IAs, IAgens e LLMs no campo da Educação. No entanto, reconhece que grandes redes de ensino estejam à frente, até porque têm times dedicados e focados em IA para a construção de tecnologias para as mais diferentes utilidades.

Embora o uso de tecnologias, digitais ou não, tenham um conjunto de vantagens, a maior preocupação de Meira é quanto às desvantagens. “Elas estão especialmente relacionadas à falta de conexão a partir de um projeto pedagógico, que reflete um propósito educacional transformador. É preciso avaliar, a partir da proposta pedagógica, porque não há transformação em sala de aula se apenas colocarmos um computador e não oferecer algo mais, não repensar como criar um ambiente de aprendizagem”.

Big Techs na sala de aula

O monolito do tempo e espaço pode trazer surpresas. Na década de 1950, Alan Turing, considerado o pai da inteligência artificial, sugeria que as máquinas poderiam fazer o mesmo que os humanos, ou seja, usar as informações disponíveis para resolver problemas e tomar decisões.

Não por acaso as chamadas Big Techs já entraram em campo. A Microsoft, por exemplo, já disponibiliza um kit de ferramentas para sala de aula com IA, com recursos criativos que combinam histórias narrativas envolventes com informações instrucionais para criar uma experiência de aprendizagem imersiva e eficaz para educadores e alunos de 13 a 15 anos. E, ainda, um “Treinador de Leitura”, destinado a envolver os alunos e para melhorar a fluência da leitura com histórias da plataforma AI e prática personalizada. Os alunos criam histórias exclusivas geradas por IA que são moderadas quanto à qualidade do conteúdo, segurança e adequação à idade.

A evolução de design nos PCs na Microsoft com IA é a adição do botão Copilot ao teclado do computador. É a primeira mudança significativa no teclado em 30 anos – a última grande mudança foi a adição do botão do Windows para acessar programas e controles de software.

Também a Intel e seus parceiros colocam os primeiros recursos nos PCs com IA, ao incluir IA generativa no dispositivo para produção de imagens, vídeos e apresentações. Os PCs com IA também podem oferecer tradução em tempo real de linguagem de sinais e fala para remover barreiras à comunicação.

A Apple, por sua vez, tem trabalhado em seus próprios modelos de linguagem grandes — a tecnologia que alimenta produtos de IA generativa, como o ChatGPT da OpenAI (Microsoft).

Já o Google anunciou recentemente durante a Bett UK, maior feira de tecnologia educacional do mundo realizada em janeiro, em Londres, uma série de lançamentos voltados para a área de educação. O objetivo é a integração de inteligência artificial (IA) na sala de aula, com o lançamento de 15 novos Chromebooks e mais de 30 recursos do Google for Education.

No Brasil, as experiências são diversificadas. Uma delas está na Bett Brasil 2024, por meio do LETRUS - Centro de Autoria e Cultura. A empresa iniciou com o uso da IA para reconhecimentos de padrões textuais e ampliou sua utilização para calcular e colocar notas nos textos dissertativos com algoritmos de IA e fazer comentários com base no padrão dos textos. Hoje, a IA auxilia os professores ao propor feedbacks, sugestões e críticas sobre os textos, tendo ainda como função a devolutiva para os alunos.

“Usamos as ferramentas disponíveis em sala de aula, como o Google tradutor, uma IA potente que apresenta cada vez mais línguas. Com isso, podemos ampliar o repertório dos nossos alunos, com línguas como o Yorubá (èdè Yorùbá), o Guarani, Quéchua (Quíchua), que estão disponíveis em qualquer celular”, explica Luís Junqueira, fundador da Letrus.

Para Junqueira, a incorporação dessas inovações pode ampliar as percepções dos estudantes, porque há espaço e tempo para isso. Especificamente com o ChatGPT, para a capacidade de interpretação e análise de textos, imagens e geração de imagens e vídeos.

No contexto educacional com a AI, Junqueira evidencia que o sistema educacional não é orientado nem sensível para evidências, porque ainda é muito conservador na educação com as tecnologias. “Na Educação, as mudanças são lentas. Por anos, séculos, temos um sistema que permanece quase o mesmo e refuta as novidades que surgem”.

O fundador da Letrus acredita que, sobretudo com a IA, há espaço para avançar, com a utilização de milhões de artigos científicos que podem ser pesquisados e apurados com a ajuda da IA, com a avaliação de respostas dos estudantes, para o ensino da linguagem de sinais. “Enfim, as tecnologias, a Inteligência Artificial Generativa nos dão uma infinidade de possibilidades”.

Reportagem publicada originalmente na Revista Escola Particular.

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