A importância de controlar o tempo de uso de tela para crianças e adolescentes
No mundo atual, as telas tornaram-se uma presença constante na vida de crianças e adolescentes. Smartphones, tablets, computadores, televisões... enfim, a tecnologia digital tem ocupado um tempo significativo da vida de crianças, adolescentes e adultos. Os recursos tecnológicos tomaram espaço na educação, no entretenimento e até mesmo na comunicação. No entanto, é crucial entender e abordar a importância de controlar o tempo de uso de tela para crianças e adolescentes, visando o bem-estar físico, mental e emocional.
Quais os impactos que o uso excessivo de telas tem causado?
O uso excessivo de telas pode estar interferindo no desenvolvimento cognitivo das crianças, pois está limitando o tempo disponível para a exploração do mundo real e o aprendizado através da interação direta com o ambiente e com outras pessoas. Além disso, a dependência excessiva de telas pode prejudicar a capacidade das crianças de desenvolver habilidades sociais essenciais, como a empatia e a comunicação interpessoal.
Passar longas horas na frente de telas está associado ao sedentarismo, o que pode levar a uma série de problemas de saúde, como obesidade, problemas posturais e distúrbios do sono. O uso excessivo tem comprometido o interesse pela prática de atividades físicas, a exploração do ambiente ao ar livre e gerado um estilo de vida menos ativo.
Outro impacto é o comprometimento da saúde mental de crianças e adolescentes. O conteúdo inadequado, como jogos violentos ou conteúdo perturbador na internet, pode aumentar os níveis de ansiedade e agressão. Além disso, o isolamento social causado pelo uso excessivo de dispositivos pode contribuir para problemas, como a depressão e o isolamento.
No âmbito acadêmico, o tempo gasto em frente às telas muitas vezes substitui o tempo que poderia ser usado para o estudo, graças à maior distração que as telas provocam. Isso pode prejudicar o desempenho acadêmico das crianças e adolescentes, impactando negativamente nas suas aprendizagens.
Exposição a telas eletrônicas
Frente a estes malefícios que o uso exagerado de telas pode causar, temos que estar atentos às recomendações da Associação Brasileira de Pediatria, segundo a qual, até os 2 anos, a criança não deve ser exposta a nenhum tempo de tela; entre 2 e 5 anos crianças devem ter um limite de uma hora por dia de exposição a telas, com foco em conteúdo educativo e de qualidade; dos 6 aos 10 anos, exposição máxima de duas horas e dos 11 aos 18 anos, três horas.
A Associação enfatiza ainda a importância de escolher cuidadosamente o conteúdo que as crianças consomem nas telas. Isso significa priorizar programas, aplicativos e jogos educativos que sejam adequados à idade e promovam o aprendizado. Além disso, é indispensável que os pais e responsáveis estejam envolvidos e assistam aos programas com as crianças para discutir o que estão vendo e ajudar a interpretar as informações.
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Ação da família é fundamental desde cedo
É preciso que as famílias assumam o compromisso de controlar o tempo de uso de tela desde cedo a fim de ajudar a estabelecer hábitos saudáveis que podem perdurar por toda a vida. É preciso ensinar as crianças a equilibrarem o tempo de tela com outras atividades, como a leitura, o exercício e o tempo em família, para promover um estilo de vida equilibrado e saudável.
Quando o tempo de uso de tela é controlado, as famílias têm a oportunidade de passar mais tempo juntas, fortalecendo os laços familiares e promovendo a comunicação face a face. Isso é essencial para o desenvolvimento emocional das crianças e adolescentes para os desafios futuros da convivência social. É responsabilidade dos pais, cuidadores e educadores orientar e supervisionar o uso de telas, garantindo que elas sejam uma ferramenta positiva e enriquecedora na vida das crianças e adolescentes, em vez de uma distração prejudicial.
Importante também evitar telas antes de dormir. A exposição a telas antes da hora de dormir pode prejudicar o sono das crianças e adolescentes e, portanto, as famílias devem evitar o uso de dispositivos eletrônicos pelo menos uma hora antes de ir para a cama. Os pais e cuidadores também devem servir como modelos de comportamento saudável em relação ao uso de telas. Limitar o próprio tempo de tela e envolver-se em atividades offline é fundamental para incentivar os filhos a fazerem o mesmo.
E como a escola também pode contribuir com este processo?
A escola desempenha um papel importante no controle e na orientação do uso de telas por parte das crianças e adolescentes. Aqui estão algumas maneiras pelas quais as escolas podem ajudar nesse sentido:
- Educação sobre uso responsável de tecnologia: escolas podem integrar programas de educação digital que ensinem os alunos sobre o uso responsável e seguro da tecnologia. Isso inclui a conscientização sobre questões como segurança online, cyberbullying e a importância de equilibrar o tempo de tela com outras atividades.
- Políticas escolares: escolas podem estabelecer políticas claras relacionadas ao uso de dispositivos eletrônicos em sala de aula. Isso pode incluir restrições ao uso de smartphones durante as aulas, a menos que seja para fins educacionais, e a definição de regras sobre o uso de computadores e tablets para fins acadêmicos.
- Recursos educativos online: instituições podem fornecer aos alunos acesso a recursos educativos online de qualidade mesclados com o uso de estratégias de ensino ativas que garantam o desenvolvimento de habilidades cognitivas importantes para o desenvolvimento integral dos alunos. Isso não apenas incentiva o uso construtivo da tecnologia, mas também pode ser uma maneira eficaz de complementar o ensino tradicional.
- Envolver os pais: escolas podem promover a comunicação com os pais sobre o uso de telas em casa. Realizar workshops ou reuniões para discutir estratégias para o uso saudável da tecnologia em família pode ser benéfico.
- Atenção à saúde mental: escolas podem oferecer serviços de aconselhamento ou orientação para lidar com problemas relacionados ao uso excessivo de telas, como vício em jogos eletrônicos ou cyberbullying. Além disso, os educadores podem estar atentos aos sinais de problemas de saúde mental que possam surgir devido ao uso inadequado de tecnologia e fazer os devidos encaminhamentos, além de desenvolver projetos de prevenção com apoio dos setores de psicologia escolar.
- Promover atividades extracurriculares offline: escolas devem oferecer uma variedade de atividades extracurriculares que incentivem os alunos a se envolverem em atividades offline, como esportes, clubes, artes e projetos comunitários. Isso proporciona alternativas saudáveis ao tempo de tela.
- Monitoramento e comunicação contínua: escolas podem trabalhar em parceria com os pais para monitorar o tempo de tela e o conteúdo acessado em casa. Manter linhas abertas de comunicação permite que os educadores e os pais estejam cientes de qualquer problema e trabalhem juntos para resolvê-lo.
- Avaliação de impacto: escolas podem realizar pesquisas ou estudos para avaliar o impacto do uso de telas na aprendizagem e no bem-estar dos alunos. Isso pode ajudar a adaptar as políticas e práticas escolares conforme necessário.
Em resumo, as famílias e as escolas desempenham um papel fundamental no desenvolvimento saudável das crianças e adolescentes em um mundo cada vez mais digital. Ao promover o uso responsável da tecnologia, estabelecer limites em casa e políticas claras na escola e oferecer apoio educacional e emocional, as famílias e as escolas podem ajudar a controlar o tempo de uso de telas e garantir que os alunos estejam preparados para enfrentar os desafios e oportunidades do mundo digital de maneira equilibrada e saudável.
Sobre a autora:
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Sandra Andrade Scapin
Pedagoga e especialista em docência do Ensino Superior pela PUC-SP
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.
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