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04 set 2023

O futuro da escola

Sandra Andrade Scapin
O futuro da escola
Em tempos de tantas mudanças, qual será o papel da escola?

Vivemos tempos de muitas mudanças, numa ação coletiva em busca de novos caminhos e novos processos. A educação contemporânea enfrenta grandes desafios, precisamos favorecer uma educação mais humanitária, que respeite a diversidade nas suas mais variadas formas de manifestação, que favoreça a inclusão de todos, garanta a conexão dos avanços tecnológicos com as habilidades humanas, sociais e ambientais , incorpore tecnologias com práticas pedagógicas integradoras e desenvolvimento de soft skills, que favoreça o maior reconhecimento das individualidades e aprimore as oportunidades de um ensino híbrido de efetiva qualidade.

Neste novo contexto, a escola deve promover o desenvolvimento de um aluno protagonista e de um professor mediador que desenvolva processos que assegurem a adoção de metodologias ativas e colaborativas. Fundamental também será o desenvolvimento da autorregulação da aprendizagem de alunos e professores como um propósito que favoreça o desenvolvimento de um processo de aprendizagem contínua a partir do desenvolvimento de um mindset de crescimento. Não podemos ainda desconsiderar a necessidade do uso de estratégias focadas no desenvolvimento da cultura digital, do pensamento crítico, da curiosidade e da criatividade, além do desenvolvimento da capacidade de adaptabilidade e abertura ao novo.

Precisamos desenvolver na escola e para a vida uma nova geração hábil no desenvolvimento da criatividade e inovação e, para isso, precisamos incentivar o pensamento divergente, o uso de novos recursos didáticos e tecnológicos, favorecer atividades que permitam a resolução de problemas e habilidades de pesquisa. É preciso favorecer o desenvolvimento das soft skills e da gestão de tempo de modo a promover o desenvolvimento do foco e o estabelecimento de prioridades a serem alcançadas.

Fundamental ainda que os espaços da escola favoreçam o desenvolvimento da escuta ativa sem pré-julgamentos e da comunicação transparente e empática, onde seja possível desenvolver a frequência no uso de feedbacks contínuos e construtivos que contribuam para o crescimento pessoal e profissional. É indispensável ainda o desenvolvimento de uma escola que favoreça o trabalho em equipe e a construção de líderes que tenham habilidades de comunicação, gestão de projetos e pessoas.

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Além de tudo isso, não podemos nos esquecer de uma reflexão de Seymour Paper que diz que “a única habilidade competitiva de longo prazo é a capacidade de aprender.” Por isso, a escola e os educadores devem fomentar habilidades que levem à aprendizagem ao longo da vida de modo que os únicos espaços de aprendizagem não sejam apenas os ambientes formais. É preciso desenvolver o olhar do aluno para a autogestão da sua aprendizagem levando-o a perceber que a aprendizagem pode se dar em diferentes espaços e contextos e nas mais variadas interrelações pessoais.

Precisamos de uma escola, como diz António Novoa, em que os currículos apresentem boa curadoria pelos professores e sejam continuamente enriquecidos pelo olhar do contexto e, para isso, o papel do professor é fundamental, pois deve ter um olhar atualizado, atento e enriquecido pelas mais diferentes fontes de conhecimento. Na composição deste currículo, não podemos nos esquecer que a Agenda 2030 deve ser uma referência que propõe o desenvolvimento de sociedades sustentáveis onde sejam desenvolvidas práticas e reflexões focadas na paz, nas alterações climáticas, no respeito a toda forma de diversidade e na cultura digital. Tudo isso deve ser desenvolvido numa escola onde sejam oferecidas igualdade de oportunidades para que todos aprendam, reflitam, debatam e desenvolvam a autonomia, o pensamento criativo, a criatividade e o protagonismo.

Neste contexto, não podemos nos esquecer da Inteligência Artificial que veio para acelerar processos que também podem contribuir muito com a sociedade do conhecimento. Ela já está exigindo de nós, educadores, o desenvolvimento da capacidade de fazer perguntas mais críticas e reflexivas, além de nos exigir o desenvolvimento do pensamento crítico.

No entanto, precisamos estar atentos, pois a IA, como vem sendo usada na escola, veio para “responder perguntas”, para gerar informações, mas não necessariamente veio com o compromisso de manifestar ética, análise de contexto e percepção das emoções. Isso posto, compete a nós, humanos, o olhar criterioso, crítico e reflexivo sobre as produções geradas e lembrar ainda que a melhor alternativa para o momento é favorecer o equilíbrio entre o uso de recursos digitais e analógicos de modo ainda a favorecer a autonomia do ser humano.


Não nos cabe supervalorizar ou não a IA, nos cabe usá-la como recurso que pode otimizar o tempo para que nos dediquemos a outras frentes mais reflexivas, nos cabe ainda usá-la como mais uma fonte de pesquisa, mas ainda nos cabe perceber que somos os responsáveis por desenvolver o olhar e a conduta ética focada em princípios e valores.

Para além do olhar para os recursos, é preciso olhar para os espaços de aprendizagem que devem ser os mais variados e devem ir além dos muros da escola. Nestes mais diversos espaços devemos propiciar o desenvolvimento do conhecimento acadêmico e socioemocional, numa relação dialógica e colaborativa onde prevaleça a oportunidade das trocas de experiências, o enriquecimento dos conhecimentos, a proposição de ações assertivas para a resolução de problemas reais e a criação de redes de apoio em hard e soft skills.

Enfim, o desafio é grande! Precisamos ser promotores deste olhar para a mudança para preparar nossos alunos para este mundo em constante transformação. Como nós e nossas escolas estamos nos preparando para isso?

Sobre a autora:


*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.

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