A importância em potencializar o cérebro na escola
O professor precisa estar preparado para conhecer seu aluno, pois cada sujeito evolui intelectualmente de maneira diferente. E esse “conhecer” seria através da neurociência. A aprendizagem é uma modificação biológica na comunicação entre os neurônios, formando uma rede de interligações que podem ser evocadas e retomadas com relativa facilidade e rapidez.
Entender a neurociência e suas interfaces é saborear novas construções epistemológicas, que só o humano possui, pois as estruturas cerebrais cognitivas, emocionais, afetivas e motoras são sistêmicas e integradas por circuitos neurais, que, quando estimulados, despertam inteligências e aprendizagens, favorecendo o desenvolvimento nos aspectos biológicos, psicológicos, sociais, emocionais, afetivos e motores.
Todas as áreas cerebrais estão envolvidas no processo de aprendizagem, inclusive a emoção. A aprendizagem resulta no crescimento ou nas alterações das células quando o axônio de uma célula recebe um potencial de longa duração com estimulações fortes.
À medida que uma célula recebe estes estímulos fortes, estes vão sendo repassados de uma célula para outra. E existe uma organização bioquímica envolvida por substâncias naturais denominadas de neurotransmissores que promovem a fixação das informações dentro dos neurônios.
Perfis dos estudantes do ponto de vista neurocientífico
Pode-se dizer que existem estudantes sensorialmente mais estimulados, com características mais evidentes dos tipos:
- Cinestésico: usa o corpo como ferramenta de aprendizagem;
- Lógico e matemático: demonstra mais habilidades com os números;
- Musical: desenvolve-se melhor cantarolando ou fazendo rimas para aprender;
- Leitor: apresenta melhor capacidade de aprender através da leitura;
- Interpessoal: aprecia estudar em grupo e tem facilidade em lidar com as incertezas das situações do cotidiano;
- Intrapessoal: estudante mais introspectivo e geralmente prefere estudar sozinho;
- Naturalista: estudante que se reconhece como parte integrante da natureza e do meio ambiente.
Estas características se complementam. Um estudante pode apresentar mais de um perfil conjugado.
Como diferenciar uma dificuldade de aprendizagem de um transtorno de aprendizagem
Dificuldade de aprendizagem é quando a criança apresenta uma determinada limitação temporária numa determinada ação. Assim, mediante a observação e percepção inicial desse sinal ou característica, seguidas de uma intervenção neuropsicopedagógica orientada e mediada neste processo, promove-se um efetivo avanço positivo para as outras próximas etapas.
Além disso, esses sinais apresentam-se de maneira pontual e não constante, podendo, então, logo em seguida ocorrer uma superação no processo da aprendizagem. A dificuldade de aprendizagem apresenta-se, geralmente, sem patologias ou distúrbios biológicos ou mentais.
No entanto, a criança tem a dificuldade em realizar uma dada tarefa, mas, uma vez estimulada qualitativamente e corretamente se supera. A dificuldade de aprendizagem pode surgir nos aspectos físicos, motores, emocionais, pedagógicos e sociais.
Exemplo: num momento, uma criança vivencia o luto pela perda de um ente querido da família ou a separação dos pais; porém, logo supera esse problema, apesar de apresentar algumas dificuldades adaptativas, que, quando mediadas, dão a “volta por cima”, o que podemos denominar de neuroaprendência ou resiliência, a capacidade de se superar.
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No transtorno, o termo já se explica ao lermos na rua cartazes escritos: “Desculpem pelos transtornos, estamos em obras”. O cenário comum é de confusão geral: engarrafamentos, pedestres sem orientações, poeira, falta de comando, melhor dizendo, tudo fora do lugar. Arrumar essa “bagunça” demanda determinação e vontade, tal qual transtornos para assimilar informações.
Os transtornos da aprendizagem são efetivamente de ordem neurobiológica e/ou neuropsicológica, devido a alterações neurais, fisiológicas e/ou estruturais no sistema nervoso central. Estão diretamente relacionados aos problemas de leitura, escrita e à matemática. São um conjunto de sinais e sintomas, que podem ser físico ou biológico, cognitivo e emocional, ligados à leitura e à escrita. São reconhecidos e considerados como uma determinada patologia ou distúrbio apenas na área do cognitivo linguístico, ficando as outras áreas do cérebro preservadas, a princípio.
Atualmente, é muito discutido no âmbito das DSM-V – Dislexia, Discalculia, todas relacionadas à linguagem de símbolos e interpretações gráficas, fonológicas e associativas da linguagem.
Pais e professores se dão conta que seu filho ou filha tem transtorno de aprendizagem apenas quando esses passam a frequentar o universo escolar. É importante destacar que tais características se apresentam logo nas séries iniciais, pois é na escola que essas atividades cognitivas das linguagens são mais evidenciadas e cobradas no âmbito intelectual.
A neuropsicopedagogia vem contribuindo muito para esclarecer estes diferentes olhares, para que sejam realizadas logo avaliações que possam auxiliar imediatamente o diagnóstico médico e terapêutico.
Vale lembrar que o diagnóstico sempre é médico, mesmo que esses sinais sejam avaliados por especialistas envolvidos neste conhecimento.
Cada vez mais as escolas recebem crianças apresentando tais sinais. O importante é saber reconhecer e diferenciar se ela apresenta uma dificuldade de aprendizagem passageira desencadeada por problemas pedagógicos, psicológicos e até mesmo biológicos e ou ambientais, ou se realmente tem o transtorno/distúrbio e que precisa de cuidados especiais educacionais por ter dislexia, discalculia e, agregado a reboque, apresentar déficit de atenção também, muito comum como perfil de sinal característico.
Sobre a autora:
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Marta Relvas
Professora | Doutora e mestre em psicanálise
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Bett Brasil.
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