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Matemática desde cedo: o desafio de alfabetizar em números já na primeira infância

Redação Bett Blog
Matemática desde cedo: o desafio de alfabetizar em números já na primeira infância
Foto: Bett Brasil
Katia Smole, diretora executiva do Instituto Reúna, alerta para a urgência de iniciar o ensino de matemática ainda na educação infantil e fortalecer a formação docente para mudar o cenário preocupante do país

A defasagem na aprendizagem de matemática é uma preocupação crescente entre educadores e gestores públicos no Brasil. O último TIMSS (Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências) revelou que 51% das crianças brasileiras do 4º ano do ensino fundamental (idades entre 9 e 10 anos) não dominam habilidades básicas, como tabuada ou operações simples com números de três algarismos.

O dado escancara um problema que, segundo a diretora executiva do Instituto Reúna e conselheira da Bett Brasil, Katia Smole, tem raízes profundas nas políticas educacionais e na forma como o país entende o ensino de matemática desde os primeiros anos escolares.

“Esse resultado infelizmente vem se mostrando recorrente. Nós demoramos muito para começar a ensinar matemática às crianças”, afirma Katia, em entrevista ao Conexão Bett. Ela explica que, tradicionalmente, as políticas educacionais no Brasil concentram esforços na alfabetização em língua, deixando a alfabetização matemática em segundo plano.

A especialista lembra que a aprendizagem matemática é um processo cumulativo, que precisa ser construído de forma gradual desde cedo. “Estamos falando de crianças pequenas, que não têm medo da matemática. O medo vem depois. Então, precisamos aproveitar essa fase em que aprender é natural”, explica.

Ela defende o uso de brincadeiras, jogos e literatura infantil como estratégias eficazes para introduzir conceitos matemáticos de forma leve e integrada à alfabetização linguística.

“A BNCC já prevê o desenvolvimento de habilidades matemáticas desde a educação infantil. Garantir que isso seja feito de forma lúdica e articulada é essencial para que as crianças aprendam o que é certo na idade certa. Caso contrário, elas acumulam déficits, e é impossível recuperar tudo de uma vez nos anos seguintes”, afirma.

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Prioridades

Katia destaca três prioridades para melhorar o quadro nacional: formar bem os professores, garantir o ensino matemático a partir dos quatro anos e promover a recomposição das aprendizagens.

“Hoje, temos alunos no sétimo ano do ensino fundamental que estavam no segundo ano em 2020. A pandemia agravou lacunas que já existiam. O país precisa olhar para a recomposição de forma urgente, especialmente em matemática, porque a defasagem é generalizada”, alerta.

A formação docente, segundo ela, deve estar conectada à realidade das escolas. “Não pode ser uma formação distante. O aluno que está na escola é muito real. Não adianta estudar todas as teorias do mundo e chegar à sala sem saber o que fazer”, afirma.

Katia Smole no Conexão Bett

Katia Smole destacou as prioridades para melhora do ensino de matemática no país. Foto: Bett Brasil.

Katia defende que o professor precisa dominar o conteúdo que ensina, compreender quem são os alunos e saber como avaliar o processo de aprendizagem. “Ninguém ensina o que não sabe. Por isso, é essencial equilibrar a formação conceitual e a pedagógica”.

Entretanto, a responsabilidade não deve recair apenas sobre os professores. “Eles estão na linha de frente e fazem muita diferença, mas não podem carregar sozinhos esse peso. Gestores, coordenadores e diretores precisam oferecer condições de trabalho, apoio e coerência pedagógica para que o professor consiga ensinar aquilo que se espera que as crianças aprendam”, pontua.

Como exemplo de boas práticas, Katia cita experiências desenvolvidas na Índia, país que tem obtido resultados positivos. “Eles realizam a formação continuada articulada com o material didático usado em sala. Isso ajuda o professor a entender o encadeamento dos conceitos e a planejar melhor suas aulas”, relata.

Ela destaca também o modelo de formação entre pares, no qual professores aprendem com outros professores que desenvolvem boas práticas dentro da própria rede. “Isso é muitíssimo relevante. Quando há coerência pedagógica e colaboração, o professor ganha segurança e os alunos aprendem mais”.

Além do Youtube, o Conexão Bett também está disponível nas principais plataformas de áudio, como SpotifyDeezerApple PodcastsAmazon Music e Google Podcasts, entre outras e no portal do Educador21.

O programa de entrevistas é mais um espaço de diálogo da Bett Brasil com diversos especialistas, que trazem um ângulo diferente dos assuntos mais relevantes e atuais do setor educacional. Ative as notificações na sua plataforma favorita para ser avisado sempre que tiver novo episódio.

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