Neurociência e mindfulness: práticas para o equilíbrio das relações interpessoais e o engajamento acadêmico nas escolas
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As descobertas da neurociência têm ganhado espaço na educação, fornecendo subsídios para promover o bem-estar de alunos e professores. Entre as abordagens que se destacam está o mindfulness, uma técnica que, segundo estudos, impacta diretamente a consciência plena de si e o bem-estar mental.
A idealizadora da MindKids, Daniela Degani, destaca que a prática de mindfulness está fundamentada em evidências neurocientíficas que mostram sua influência sobre circuitos cerebrais ligados à atenção, à regulação emocional e à resiliência. "Pesquisas demonstram que a prática regular de mindfulness ativa o córtex pré-frontal, responsável pelo foco e pela autorregulação, ao mesmo tempo que reduz a reatividade da amígdala, relacionada ao estresse e à ansiedade", explica.
De acordo com Daniela, os benefícios se estendem tanto a estudantes quanto a professores. Para os alunos, há melhorias na capacidade de concentração, redução da ansiedade e maior engajamento acadêmico. Já para os docentes, os ganhos incluem menor incidência de burnout, aumento da resiliência emocional e melhoria na relação com os alunos, conforme indicado pelo Mind & Life Institute (2016).
Do lado da gestão escolar, o diretor e mantenedor do Colégio Samarah, Denis Franceschinelli, opina que a escola desempenha um papel fundamental ao identificar sinais de que algo não vai bem e comunicar à família, garantindo o suporte necessário para o bem-estar dos alunos. “O ambiente escolar deve ser um espaço onde o aluno se sinta à vontade para expressar suas emoções, e nós, como gestores, temos a responsabilidade de acolher e encaminhar esse estudante da melhor forma”, afirma ele.
O desafio da restrição das telas e o papel da atenção plena
A recente restrição do uso de celulares no ambiente escolar levantou discussões sobre os impactos emocionais dessa medida. Segundo Daniela, é fundamental que a nova regra seja acompanhada por uma educação digital consciente, que auxilie os alunos a compreenderem o impacto da tecnologia e das redes sociais em suas vidas. "O uso excessivo de telas está diretamente ligado a desafios cognitivos e emocionais. No entanto, a retirada abrupta pode gerar um efeito rebote de hiperconectividade fora do ambiente escolar", alerta.
Para mitigar esses impactos, Daniela sugere medidas como ensinar os estudantes a monitorar seus hábitos digitais, incluir práticas de mindfulness para treinar a atenção e equilibrar o tempo de tela com atividades offline, como leitura e atividades artísticas e físicas.
“No nosso colégio, o uso de dispositivos eletrônicos já era restrito na entrada e saída, sendo permitido aos alunos do Ensino Médio apenas nos intervalos. Com a nova restrição, tenho notado que os estudantes estão mais abertos ao diálogo e interações presenciais, encarando a mudança de forma positiva”, afirma Franceschinelli.
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O que ainda pode ser explorado na educação a partir da neurociência?
A neurociência tem fornecido insights valiosos sobre a aprendizagem, mas sua aplicação na rotina escolar ainda pode ser ampliada. "Sabemos que pausas regulares favorecem o aprendizado e que a emoção tem papel fundamental na consolidação da memória E ainda que o estresse excessivo prejudica o raciocínio e a tomada de decisões", destaca Daniela.
Para o diretor e mantenedor do Colégio Samarah “a neurociência ainda está menos presente na prática educacional do que deveria”. Para ele, apesar das inúmeras pesquisas sobre o tema, a aplicação desses conhecimentos no dia a dia escolar faz diferença no relacionamento entre alunos e professores, na tomada de decisões e no desenvolvimento da calma e paciência dos estudantes, especialmente em situações que exigem atenção e foco.
Por fim, Daniela aponta algumas abordagens promissoras de neurociência que ainda devem ser mais exploradas:
- Pausas intencionais para foco (Técnicas de Mindful Breaks): momentos de atenção plena podem reduzir a sobrecarga mental e melhorar o desempenho acadêmico.
- Criatividade e pensamento crítico: estratégias como escrita reflexiva e narrativas em sala de aula estimulam redes neurais ligadas à criatividade e ao processamento profundo da informação.
- Sono e alimentação: pesquisas apontam que o descanso inadequado e uma dieta desequilibrada afetam diretamente a memória e a concentração dos alunos.
Saúde mental na 30ª edição da Bett Brasil
O diálogo sobre a saúde mental no ambiente escolar é um dos eixos norteadores das atividades de conteúdo da 30ª edição da Bett Brasil, que será realizada de 28 de abril a 1º de maio no Expo Center Norte.
Daniela Degani e o Denis Franceschinelli serão palestrantes do painel “O que a neurociência nos diz sobre Saúde Mental nas escolas: 6 estratégias que você pode colocar em prática amanhã”, no dia 29 de abril, às 14h, no Fórum de Gestores.
Daniela adianta que o painel apresentará seis práticas cientificamente embasadas para tornar o ambiente escolar mais propício ao aprendizado e ao bem-estar. E ainda abordará os impactos da hiperconectividade, trazendo dados científicos e práticas que podem ser aplicadas imediatamente por educadores e gestores escolares.
Para realizar sua inscrição para a Bett Brasil, clique aqui. A visitação é gratuita.
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